quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Ciro Nogueira e Antônio Rueda formavam rede de proteção de Vorcaro e entrarão na mira da PF

Relatório aponta que o dono do Master cultivou influência direta com os dois líderes partidários, que atuaram em pautas de interesse do banco

Ciro Nogueira e Antônio Rueda celebram oficialização da federação União Progressista (Foto: Divulgação/PP)


Os dois principais pilares da articulação política do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do banco Master, eram o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o presidente do União Brasil, Antônio Rueda. Ambos mantinham relações próximas com o empresário e, segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo, atuaram em pautas e decisões que favoreceram diretamente o Master em momentos críticos. Agora, com o avanço das investigações sobre o banco e a prisão de Vorcaro, os dois dirigentes partidários tendem a entrar no foco da Polícia Federal.

Ciro Nogueira era descrito por Vorcaro como um parceiro de “grande amizade”. Já Rueda, cuja legenda controla o Rioprevidência — fundo que investiu R$ 2,6 bilhões no Master —, estreitou laços com o banqueiro em eventos internacionais e manteve interlocução constante em Brasília e no Rio de Janeiro. A teia formada pelos dois se tornou uma espécie de sustentação política que ajudou Vorcaro a avançar em negociações estratégicas.

⊛ Ações diretas de Ciro Nogueira em pautas que favoreciam o Master

A atuação de Ciro Nogueira no Congresso ajudou a abrir caminhos para o Master. Em agosto de 2024, o senador propôs elevar o valor de indenização do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) de R$ 250 mil para R$ 1 milhão, medida que ampliaria a capacidade de captação de bancos médios — entre eles, o Master. O projeto acabou engavetado após forte reação do mercado financeiro.

Na etapa mais sensível das negociações para a venda do Master ao BRB, quando o Banco Central sinalizou possível rejeição à operação, aliados de Ciro também se movimentaram. O deputado Cláudio Cajado (PP-BA) articulou um requerimento para acelerar a tramitação de um projeto que permitiria ao Congresso destituir presidentes e diretores do BC. A ofensiva contou com apoio de diversas siglas, mas foi sufocada novamente pela pressão do mercado.

⊛ Rueda e os vínculos com o Master por meio do Rioprevidência

O relacionamento entre Vorcaro e Antônio Rueda se intensificou em eventos sociais em Nova York e se consolidou no circuito político de Brasília. Segundo a reportagem, enquanto mantinha essa aproximação, o Master recebeu R$ 2,6 bilhões em aportes do Rioprevidência — fundo sob influência do União Brasil, controlado por Rueda. O dirigente partidário nega ter atuado em qualquer operação ligada ao Master.

Ainda assim, a coincidência entre os investimentos e a crescente interlocução entre Rueda e Vorcaro deverá ser um dos elementos de investigação. O objetivo é entender se houve vantagem indevida, influência política ou interferência institucional que colocasse em risco recursos de aposentados e pensionistas do Rio de Janeiro.

⊛ Na mira da PF

Com a prisão de Daniel Vorcaro e o aprofundamento das investigações, Ciro Nogueira e Antônio Rueda, antigos sustentáculos do banqueiro no mundo político, devem se tornar peças-chave nos próximos desdobramentos. A PF deverá apurar se houve interferência indevida, favorecimento institucional ou articulação ilegal em benefício do Master.

O advogado de Vorcaro, Roberto Podval, classificou a prisão como “desnecessária e ilegal”. A assessoria do banqueiro não comentou as revelações.

A tendência, segundo especialistas ouvidos pela imprensa, é que o cerco agora se feche sobre todos os atores que integraram essa rede de influência construída pelo dono do Master ao longo dos últimos anos.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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