segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Carlos Bolsonaro implode direita em SC, ameaça racha na base de governador e vira problema nacional

Disputa interna envolve PL, PP e PSD; tensão cresce após reação de Carol de Toni e alerta de analistas sobre impacto na união bolsonarista em SC

     Carlos Bolsonaro (Foto: Divulgação)

A oficialização da pré-candidatura do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) ao Senado por Santa Catarina, nas eleições de 2026, desencadeou uma disputa interna que ameaça fragmentar a base de apoio do governador Jorginho Mello (PL). As informações foram originalmente divulgadas pelo UOL. O movimento do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro pressiona acordos já estabelecidos entre partidos de direita no estado e coloca em risco a estratégia eleitoral construída pelo Palácio Barriga Verde.

Pelo arranjo firmado entre PL e Progressistas, as duas vagas ao Senado deveriam ser ocupadas pela deputada Carol de Toni (PL) e pelo atual senador Espiridião Amin (PP). A equação, porém, ficou mais complexa com a intenção do prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), de disputar o governo estadual. Um articulador ouvido pela coluna apontou qual seria, nos bastidores, a “saída possível” para destravar o impasse: retirar Carol de Toni da disputa pelo Senado, favorecendo sua reeleição à Câmara; montar uma aliança que abrigasse no Senado Carlos Bolsonaro e João Rodrigues; e deslocar Amin para a vice de Jorginho Mello na chapa governista.

O plano, contudo, está longe de consenso. Carol de Toni, figura de peso no bolsonarismo catarinense, reagiu publicamente à articulação. Nos últimos dias, confrontou Carlos e Eduardo Bolsonaro, mobilizou bases digitais e recebeu vídeos de apoio de prefeitos que defendem sua permanência na disputa pelo Senado. A deputada, segundo aliados, não descarta mudar de partido caso a cúpula do PL tente barrar sua candidatura.

A crise abriu espaço para análises sobre o risco de desagregação do campo de direita no estado. Para o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, o movimento de Carlos Bolsonaro tende a reconfigurar forças locais de maneira brusca. “Isso vai rachar a base do Jorginho Mello, porque ele tinha outros planos para o estado. Vai ter que abrir mão de algum aliado. E quem ficaria de fora da disputa?”, afirma.

Nunes ressalta que um eventual racha pode ter efeitos para além do Senado. Em sua avaliação, a divisão interna tende a favorecer adversários em regiões estratégicas, como a capital. “O racha na direita pode fortalecer a esquerda em Florianópolis, ‘que é significativa’, e, com isso, ‘dificultar bastante a vida dessa turma’”, diz o pesquisador. Ele completa: “É mais complicado do que parece. A entrada do Carlos [na disputa local] parecia, de fora para dentro, mais fácil do que na verdade está se concretizando.”

O cenário ganha ainda mais relevância quando observado sob o prisma do perfil do eleitorado catarinense. A Quaest divide o eleitor em cinco grandes grupos: lulistas, esquerda não lulista, independentes, direita e direita bolsonarista. Em nível nacional, explica Nunes, o bolsonarismo representa cerca de 13% — menor que o conjunto da direita (22%) e do lulismo (18%). Mas Santa Catarina destoa completamente da curva.

“Quando a gente faz essa mesma conta em Santa Catarina, o bolsonarismo é muito maior. É o estado com maior percentual de bolsonaristas no Brasil.” Essa característica, observa, ajuda a explicar a aposta de Carlos Bolsonaro em se lançar senador pelo estado. “É um estado fundamental para a direita. Eles precisam ganhar com 80% contra o Lula. E tem que estar unido; se dividir, é bom para o Lula”, afirma.

Entre cálculos, pressões e ameaças de migração partidária, o tabuleiro eleitoral catarinense entra em ebulição. A poucos meses do início oficial das campanhas, os partidos ainda buscam uma fórmula capaz de acomodar ambições, preservar alianças e evitar que um dos polos mais bolsonaristas do país se torne palco de uma disputa interna capaz de redesenhar o mapa político do estado.

Fonte: Brasil 247 com informações originalmente divulgadas pelo UOL

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