A ministra denunciou a tentativa de violar a soberania nacional após o senador Flávio Bolsonaro pedir intervenção dos EUA no território brasileiro
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, repudiou nesta sexta-feira (24) as articulações feitas pela família Bolsonaro junto a políticos da extrema direita nos Estados Unidos, com o objetivo de possibilitar interferências do governo Donald Trump no Brasil.
A titular da pasta fez o comentário após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) agredir a soberania nacional brasileiro e pedir que a gestão do presidente norte-americano envie forças ao Brasil para combater o tráfico de drogas.
“Primeiro, Eduardo Bolsonaro pediu o tarifaço e as sanções da Magnitsky para atacar o Brasil. Agora é Flávio Bolsonaro que pede a intervenção armada dos EUA em nosso território. Não tem limites a vocação dessa família para trair o Brasil. Felizmente temos o presidente Lula no comando, para defender nossa soberania contra qualquer tipo de intervencionismo”, escreveu Gleisi na rede social X.
Desde que tomou posse, em janeiro, o presidente Donald Trump tem anunciado algumas ofensivas contra países localizados na América do Sul, como parte de uma política unilateralista e que tenta impor a hegemonia dos EUA na economia global em um contexto de relações mais estreitas do país latino-americanos com a China e com o BRICS. A justificativa usada pelo chefe da Casa Branca é o combate ao tráfico de drogas.
Risco de guerra na América do Sul
Os recentes ataques a navios nas regiões do Pacífico e do Caribe próximas à América do Sul integram uma operação promovida pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Mais de 30 pessoas morreram em pouco mais de um mês. Washington anunciou o envio de tropas militares para o Caribe, próximo à América do Sul, sob a justificativa de combater o narcoterrorismo.
Nesta sexta (24), um ataque dos EUA contra um suposto navio com drogas deixou algumas pessoas mortas, informou o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth. O presidente Trump confirmou que as operações militares contra supostos cartéis de drogas entrarão em uma nova fase terrestre.
- Venezuela
O governo norte-americano ofereceu uma recompensa de até US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 270 milhões) por informações que possam resultar na captura do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
O presidente Trump determinou que a CIA e o Pentágono implementassem medidas mais rigorosas contra o governo venezuelano. O presidente venezuelano anunciou que o país ativou integralmente seu plano de defesa diante das “ameaças” dos Estados Unidos.
- Colômbia
No mesmo contexto, o presidente dos Estados Unidos acusou o chefe de Estado colombiano, Gustavo Petro, de envolvimento com o narcotráfico e suspendeu o pagamento de subsídios destinados à Colômbia.
O presidente da Colômbia rejeitou as acusações feitas pelo governo trumpista e anunciou que ingressará com uma ação judicial contra o governo do presidente norte-americano.
- Brasil
No caso do governo brasileiro, a tentativa de interferência já vem acontecendo. O presidente Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA e a suspensão dos vistos de ministros do STF para entrada em território norte-americano.
O motivo mais implícito para as duas medidas é a articulação cada vez mais forte do Brasil com o multilateralismo, o que faz uma frente de resistência à hegemonia norte-americana em amplos aspectos. Um exemplo é a discussão sobre uma moeda única entre países do BRICS e, por consequência, a redução da dependência do dólar em transações internacionais.
A causa mais explícita para as sanções dos EUA contra o Brasil é a investigação do plano golpista contra Jair Bolsonaro (PL). O aliado de Trump foi condenado pelo STF a 27 anos de prisão. As sanções foram oficializadas por meio de decreto assinado em 30 de julho, antes da condenação de Bolsonaro, que ocorreu em 11 de setembro, com pena fixada em 27 anos de prisão.
Além de Jair Bolsonaro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou, em 22 de setembro, uma denúncia contra o deputado Eduardo Bolsonaro. Segundo o órgão, o parlamentar teria mantido contatos com representantes do governo norte-americano com o objetivo de exercer pressão econômica sobre o Brasil em razão das investigações relacionadas à tentativa de golpe atribuída a Jair Bolsonaro.
No caso da Lei Magnitsky, citada por Gleisi, a legislação foi aprovada em 2012 e foi criada originalmente para punir os responsáveis pela morte do advogado russo Sergei Magnitsky, ocorrida em 2009, em uma prisão de Moscou. Em 2016, seu escopo foi ampliado, permitindo que os Estados Unidos aplicassem sanções a pessoas e instituições acusadas de corrupção ou de violações de direitos humanos, mesmo sem a necessidade de decisão judicial prévia.
A Lei Magnitsky vem sendo usada para sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, especificamente. Ele é o relator do inquérito da trama golpista na Corte. As sanções impostas ao ministro determinam o bloqueio de possíveis bens e ativos financeiros que estejam sob jurisdição norte-americana. Bancos dos Estados Unidos devem comunicar ao Office of Foreign Assets Control (OFAC) qualquer identificação desses recursos, e o ministro fica impedido de realizar operações financeiras ou movimentar valores no país.
De acordo com pessoas próximas, Alexandre de Moraes minimizou o impacto da decisão, afirmando que a medida “não altera nada”, uma vez que ele não possui contas, investimentos ou propriedades nos Estados Unidos.
Fonte: Brasil 247
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