sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Boulos toma posse como ministro na quarta-feira

Lula aposta em Guilherme Boulos para fortalecer a articulação política e aproximar o governo de setores populares

       Guilherme Boulos (Foto: Kayo Magalhaes / Câmara)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dará posse a Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. A cerimônia ocorrerá na próxima quarta-feira, 29 de outubro, às 16h, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, em Brasília.

Boulos foi escolhido para ocupar uma função-chave na articulação do governo junto à sociedade civil e às bases políticas. Lula enxerga no novo ministro uma figura essencial para consolidar uma coordenação política de caráter informal, voltada à construção de alianças e à mobilização social até a eleição presidencial de 2026.

O novo ministro atuará em sintonia com Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Institucionais, e Sidônio Palmeira, titular da Secretaria de Comunicação Social. Juntos, formarão o núcleo responsável por impulsionar as agendas de mobilização e diálogo direto com a população.

◎ As três missões dadas por Lula a Boulos

Fontes próximas ao Planalto informam que Boulos recebeu do presidente três tarefas centrais: “colocar o governo na rua”, ampliar o diálogo com os trabalhadores de aplicativos e fortalecer a pauta pelo fim da escala 6x1. A estratégia é aproveitar a trajetória do novo ministro, marcada pela atuação em movimentos sociais e pela capacidade de mobilização, para aproximar o governo de setores populares e sindicais.

No entanto, lideranças de partidos de centro avaliam que a imagem de Boulos como “radical de esquerda” pode gerar resistência em segmentos fora da base histórica do PT.

◎ Primeiros passos no ministério

Nos primeiros dias após a posse, Boulos deverá se reunir com servidores e dirigentes da Secretaria-Geral, incluindo o ex-ministro Márcio Macêdo, que deixa o cargo para se dedicar à candidatura a deputado federal por Sergipe. A transição servirá para definir quais projetos terão continuidade.

A nova equipe será composta por aliados de longa data do ministro — entre eles militantes da Frente Povo Sem Medo e do MTST —, mas também incluirá representantes de outros movimentos, como o MST. O principal desafio será equilibrar as tradicionais disputas entre grupos ligados ao PSOL e setores da esquerda próximos ao PT.

◎ A pauta dos trabalhadores de aplicativos

Um dos temas mais sensíveis sob a responsabilidade de Boulos será a regulamentação do trabalho por aplicativos, ponto de atrito entre o governo e os trabalhadores da categoria. A tentativa anterior de acordo, que chegou a ser articulada em conjunto com o então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi rejeitada pelos entregadores e motoristas, que apontaram risco de perda de renda.

Agora, o novo ministro articula um texto alternativo, que prevê remuneração mínima, seguro obrigatório e transparência nos algoritmos, preservando a flexibilidade do trabalho. A proposta foi elaborada em diálogo com associações de entregadores e já tem apoio de parlamentares de dez partidos, inclusive da centro-direita. No Planalto, há expectativa de que a medida se transforme em uma bandeira eleitoral para 2026, caso avance ainda nesta legislatura.

◎ Mobilização nacional

Outra missão de Boulos será liderar uma mobilização nacional em defesa dos programas federais. Ele percorrerá os estados como uma espécie de “porta-voz itinerante” do governo, reforçando a comunicação direta com a população e apresentando resultados de políticas públicas. A ideia é que atue como uma extensão da figura de Lula, que tem dividido sua agenda entre compromissos internos e viagens internacionais.

◎ Escala 6x1 e bandeira trabalhista

O terceiro eixo de atuação do novo ministro será a pauta trabalhista contra a escala 6x1, regime que obriga o trabalhador a atuar seis dias por semana, com apenas um de folga. A proposta de mudança, impulsionada por movimentos sociais e apoiada por Lula, ganhou força recentemente nas redes e no Congresso.

Uma PEC apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) propõe o fim da escala, mas ainda enfrenta resistência de parte dos parlamentares. Caberá a Boulos ampliar o debate e transformar a iniciativa em uma das principais bandeiras de Lula para 2026.

Fonte: Brasil 247

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