Escândalos e inflação corroem apoio a Milei às vésperas das eleições legislativas na Argentina
A dois dias das eleições legislativas que podem redefinir o equilíbrio de forças no Congresso, o presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta o pior momento de seu governo. Segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (24) pelo instituto AtlasIntel, 55,7% dos argentinos desaprovam sua gestão, enquanto 39,9% a aprovam e 4,4% não souberam responder.
Segundo o Metrópoles, o levantamento indica que a diferença de quase 15 pontos percentuais entre aprovação e rejeição é a maior já registrada pela série histórica da AtlasIntel, reforçando o declínio contínuo da popularidade de Milei desde o início de 2025. A pesquisa AtlasIntel ouviu 6.526 eleitores argentinos entre 15 e 19 de outubro, com margem de erro de um ponto percentual
◎ Insatisfação com a economia e aumento da rejeição
O estudo mostra que 51,8% dos entrevistados classificam o governo como “ruim” ou “muito ruim”, enquanto apenas 24,6% o consideram “bom” ou “excelente”. As causas da insatisfação estão ligadas ao agravamento da crise econômica, ao desemprego e às denúncias de corrupção que atingem o círculo mais próximo do presidente.
Os principais problemas apontados pelos argentinos são corrupção (50,8%), desemprego (33,2%) e inflação (30,8%). Nos últimos meses, escândalos envolvendo assessores e a irmã do presidente, Karina Milei, abalaram a confiança popular. O discurso de “moralização da política”, marca da campanha de Milei, perdeu força diante das acusações e do aumento do custo de vida.
◎ Crise social e descontentamento generalizado
A frustração com a situação do país é evidente: 68% dos entrevistados afirmam que a Argentina vai mal sob a gestão Milei, 70% acreditam que o mercado de trabalho piorou e 51% dizem que as famílias enfrentam dificuldades financeiras.
A percepção negativa se reflete nas ruas e nas redes sociais, onde aumentam as críticas ao pacote de austeridade imposto pelo governo. Economistas apontam que o corte de gastos e a desvalorização do peso contribuíram para aprofundar a crise social.
◎ Eleições decisivas e futuro político incerto
As eleições deste domingo (26/10) serão determinantes para o futuro do governo Milei. Estão em disputa 127 das 254 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 das 72 do Senado. O partido de Milei, atualmente com 37 deputados e seis senadores, tenta ampliar sua base para viabilizar as reformas econômicas propostas.
Mesmo com apoio dos Estados Unidos e de investidores internacionais, o presidente enfrenta forte resistência interna. A oposição o acusa de agravar a desigualdade social e desmantelar políticas públicas. Milei, porém, insiste que o ajuste fiscal é necessário para “reconstruir a Argentina” e estabilizar a economia.
O Banco Central argentino firmou recentemente um acordo cambial de US$ 20 bilhões com o Tesouro norte-americano e negocia nova linha de crédito com bancos privados dos EUA. Ainda assim, especialistas avaliam que o desempenho do governo nas urnas será decisivo para determinar a estabilidade política nos próximos meses.
◎ Disputa acirrada e perspectivas
Pesquisas apontam uma corrida equilibrada entre o partido governista e a coalizão peronista, especialmente na província de Buenos Aires, onde a oposição mantém força histórica. Mesmo que o governo consiga ampliar sua bancada, dificilmente alcançará maioria no Congresso.
Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles
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