terça-feira, 21 de outubro de 2025

PF mira investigação contra Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro

O ex-auxiliar já é réu no inquérito da trama golpista no STF

     Filipe Martins (Foto: Divulgação)

A Polícia Federal (PF) pediu nesta segunda-feira (20) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de uma investigação específica para apurar a suposta entrada de Filipe Martins nos Estados Unidos, em dezembro de 2022, uma semana antes dos atos golpistas de 8 de janeiro. Réu do núcleo 2 da trama golpista e ainda com julgamento a ser definido, ele é ex-assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos de prisão no inquérito.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apontou Martins como um dos responsáveis pela elaboração da minuta de golpe de Estado. A PF pediu a abertura da investigação sobre a viagem de Martins para ter mais esclarecimento sobre a controvérsia envolvendo a suposta viagem de Martins. O Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos divulgar uma nota na qual negou a entrada do réu no dia 30 de dezembro de 2022.

Em agosto de 2024, Martins foi solto por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação da trama golpista. O ex-assessor passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica. A defesa negou que ele entrou nos EUA.

De acordo com o delegado Fábio Shor, o "registro de entrada, ainda que em caráter indiciário, revela a possibilidade de que integrantes da organização criminosa, abusando dolosamente das prerrogativas diplomáticas, tenham se utilizado do procedimento migratório diferenciado relacionado a comitivas de chefes de Estado, no qual não há a presença física dos integrantes da comitiva presidencial perante as autoridades migratórias, com a finalidade de simular uma falsa entrada de Filipe Martins em território norte-americano”. O relato saiu na Agência Brasil.

No início das investigações sobre a trama golpista, a PF apurou que Martins chegou a Orlando, na Flórida, na data referida e utilizou o seu passaporte. “Portanto, todas as informações alcançadas pela apuração tomada pela Pet. 12.100/DF apontam que, no dia 30.12.2022, foi registrada a entrada de Filipe Martins Pereira nos Estados Unidos da América”, completou o delegado.
Trama golpista

O STF já condenou o núcleo 1 da trama golpista, formado por Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus. No momento, a Corte julga outros sete réus do núcleo 4. Os núcleos 2 e 3 ainda serão julgados.

O Núcleo 5 está sem previsão para chegar ao plenário do Supremo. Essa parte da ação envolve o empresário Paulo Figueiredo. O neto do ex-presidente João Figueiredo mora nos EUA e ainda não apresentou defesa no processo.

Brasil x EUA

Ainda que a investigação sobre Martins não tenha terminado, as extremas direita brasileira e norte-americana tem suas conexões, o que chama atenção de investigadores.

Em 2021 aconteceu o ataque ao Capitólio, onde fica o Legislativo norte-americano. Na época, apoiadores de Donald Trump (Partido Republicano), que tentava a reeleição, acusaram o Judiciário de fraudes eleitorais. Partidos e eleitores oposicionistas à legenda republicana denunciaram tentativas de golpe.

O estrategista norte-americano Steve Bannon consolidou notoriedade dentro e fora dos Estados Unidos por sua atuação em defesa do presidente Donald Trump e da direita internacional ao longo dos últimos 15 anos. Entre suas estratégias recorrentes estão a responsabilização do Judiciário por crises de governabilidade e a acusação, sem apresentar provas, de que sistemas eleitorais não oferecem garantias contra fraudes.

Figura marcada por controvérsias, Bannon já declarou admiração por Charles Maurras (1868-1952), pensador francês de orientação antissemita, e por Julius Evola (1898-1974), filósofo associado ao fascismo italiano.

No Brasil, durante o governo de Jair Bolsonaro, houve tentativas de envolver as Forças Armadas na fiscalização da apuração das eleições de 2022. No ano seguinte, o Tribunal Superior Eleitoral declarou o ex-presidente inelegível, após ele ter divulgado informações falsas a embaixadores em Brasília, alegando que o sistema de votação eletrônica não permitia uma contagem confiável.

Com a sequência de reveses judiciais no país, a família Bolsonaro passou a recorrer a aliados nos Estados Unidos para questionar decisões do Supremo Tribunal Federal. Entretanto, em fevereiro de 2025, a Justiça norte-americana rejeitou um pedido de liminar apresentado pela plataforma de vídeos Rumble e pela Trump Media & Technology Group.

As empresas buscavam uma determinação que as desobrigasse de cumprir ordens do ministro Alexandre de Moraes, que incluíam a remoção de perfis de um apoiador de Bolsonaro em suas plataformas digitais.

Fonte: Brasil 247

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