Empresários são suspeitos de desvio de dinheiro de aposentados por meio de associações fraudulentas ligadas ao sistema previdenciário
O líder do governo na CPMI do INSS, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), apresentou nesta terça-feira (21) dois requerimentos solicitando o encaminhamento de representações ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os empresários investigados do grupo conhecido como “Golden Boys”, acusado de desviar cerca de R$ 714 milhões de aposentados e pensionistas por meio das associações Amar Brasil, Master Prev, ANDAPP e AASAP.
O primeiro pedido solicita prisão preventiva e apreensão dos passaportes dos seis principais investigados: Felipe Macedo Gomes, Américo Monte Júnior, Igor Dias Delecrode, Anderson Cordeiro de Vasconcelos, Marco Aurélio Gomes Júnior e Mauro Palombo Concilio.
O requerimento cita indícios de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, além de risco de fuga ao exterior — segundo Pimenta, há indícios de que um dos suspeitos já se encontra nos Estados Unidos.
O segundo requerimento propõe medidas cautelares diversas da prisão, como a retenção dos passaportes e proibição de saída do país, com base nos artigos 282, 312 e 319 do Código de Processo Penal, que preveem restrições em casos de provas de materialidade e risco à instrução criminal.
⊛ Suspeita de ligação política
Na sessão desta segunda-feira (20), o depoente Felipe Macedo Gomes, dirigente da Amar Brasil, foi apontado como um dos principais operadores do grupo. Ele é acusado de chefiar quatro entidades que, entre 2022 e 2025, movimentaram cerca de R$ 700 milhões, sendo R$ 300 milhões apenas pela Amar Brasil, valores provenientes de descontos ilegais em benefícios previdenciários.
Amparado por um habeas corpus, Gomes ficou em silêncio durante a oitiva e recusou-se a assinar o termo de compromisso. Seu advogado, Levy Magno, justificou a decisão afirmando que o cliente estava na condição de investigado e tinha o direito constitucional de não produzir provas contra si.
Pimenta destacou a gravidade dos fatos e afirmou que o grupo teria relações políticas com o bolsonarismo.
“Estamos falando de um grupo que usou o governo Bolsonaro como escudo para assaltar o INSS. Felipe Macedo doou R$ 60 mil à campanha de Onyx Lorenzoni, então ministro da Previdência. Isso não é coincidência, é rede de corrupção”, afirmou.
⊛ Organização criminosa e lavagem de dinheiro
O senador Fabiano Contarato (PT-ES) reforçou que as apurações da comissão confirmam a estrutura típica de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
“Os ‘Golden Boys’ criaram empresas e entidades de fachada para desviar dinheiro público e esconder o destino desses recursos. É um caso clássico de organização criminosa, e o Congresso não vai tolerar impunidade”, disse o senador.
Durante a sessão, parlamentares da base do governo alertaram para o risco de fuga dos investigados. O deputado Rogério Correia (PT-MG) lembrou que alguns dos acusados já tentaram deixar o país nas últimas semanas.
“Esses rapazes enriqueceram com o dinheiro de aposentados e agora tentam fugir da Justiça. Não são vítimas, são golpistas de colarinho branco que transformaram o INSS em balcão de negócios”, afirmou.
O deputado Alencar Santana (PT-SP) defendeu o avanço da apuração e a responsabilização do grupo.
“A cada dia fica mais evidente que estamos diante de uma quadrilha bilionária. É nosso dever impedir que esses criminosos desapareçam com o dinheiro público e escapem da responsabilização penal”, declarou.
Fonte: Brasil 247

