Presidente brasileiro terá série de compromissos em Nova York que destacam pautas opostas às do presidente dos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia nesta segunda-feira (22) uma intensa agenda em Nova York, marcada por temas que contrastam com as posições defendidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o jornal O Globo, Lula participará de encontros sobre a crise humanitária em Gaza, de um evento internacional sobre democracia e, sobretudo, da abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (23).
A expectativa é que o discurso do presidente brasileiro na ONU reforce a defesa da soberania, a crítica às sanções unilaterais e a cobrança por compromissos climáticos, em meio ao período mais delicado das relações entre Brasil e EUA em mais de dois séculos. O encontro poderá colocar Lula e Trump frente a frente: como manda a tradição, o Brasil abre os trabalhos, seguido pelos Estados Unidos.
◎ Discurso cauteloso, mas com recados
Fontes do governo informaram que o discurso de Lula foi preparado para evitar um confronto direto com Trump, embora deva conter mensagens críticas ao uso de tarifas, sanções e pressões políticas como instrumentos de política externa.
A viagem ocorre logo após novas ameaças de retaliação de Washington. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou que a resposta dos EUA à condenação de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF) será conhecida nesta semana. O governo Trump considera o processo uma “caça às bruxas” e chegou a impor sanções contra autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes.
◎ Popularidade e respaldo público
Apesar de enfrentar índices de reprovação de 51% em seu terceiro mandato, Lula tem encontrado respaldo popular diante das medidas adotadas por Trump. Pesquisa Genial/Quaest divulgada na última semana mostrou que 64% dos brasileiros aprovam a defesa da soberania feita pelo Planalto diante da crise com os Estados Unidos.
No discurso, Lula deve enfatizar que o Brasil respeita o multilateralismo e condena ameaças econômicas ou militares como formas de pressão. O presidente também pretende reforçar o convite à comunidade internacional para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).
◎ Gaza, clima e paz
Antes de subir à tribuna da ONU, Lula participa nesta segunda de um debate sobre a criação de dois Estados, Israel e Palestina, iniciativa apoiada por França e Arábia Saudita. O encontro contrasta diretamente com a política de Trump, que tem dado suporte às ofensivas israelenses contra Gaza.
Na Assembleia, Lula também deve reiterar críticas ao genocídio do povo palestino e defender a negociação de um acordo de paz para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia. Outros pontos centrais serão a reforma do Conselho de Segurança da ONU, a luta contra a fome e a pobreza e a transição energética.
◎ Evento em defesa da democracia
Outro momento de destaque na passagem de Lula por Nova York será sua participação, na quarta-feira (24), como co-presidente do evento “Em Defesa da Democracia: Combatendo os Extremismos”, ao lado de líderes como Pedro Sánchez (Espanha), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia) e Luis Lacalle Pou (Uruguai).
Na primeira edição do encontro, realizada no Chile em julho, Lula já havia mandado um recado indireto a Trump: “A democracia está perdendo espaço, não para o socialismo, mas para a extrema direita, com comportamento nazista, fascista, que não respeita a relação civilizada entre os iguais e desiguais”, declarou.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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