Eduardo Cunha e o tenente-coronel Mauro Cid. Fotomontagem: Reprodução/Poder 360 e Lula Marques/Agência BrasiL
Em julho de 2022, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha procurou o tenente-coronel Mauro Cid para que intercedesse junto ao então presidente Jair Bolsonaro. O objetivo era evitar que a Advocacia-Geral da União (AGU) recorresse de uma decisão judicial que havia retirado a inelegibilidade de Cunha, abrindo caminho para sua candidatura nas eleições daquele ano.
Os diálogos entre Cunha e Cid foram extraídos do celular do militar, apreendido pela Polícia Federal em maio de 2023. Parte desse conteúdo, mantido sob sigilo até então, foi acessado com exclusividade pelo UOL. As mensagens foram trocadas pelo aplicativo Whatsapp.
A decisão que motivou a movimentação de Cunha foi proferida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que revogou os efeitos da cassação de seu mandato realizada pela Câmara em 2016. Cunha havia perdido o mandato por mentir à CPI da Petrobras sobre contas no exterior, o que o tornava inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.
Na conversa, Cunha pediu que Cid transmitisse um recado a Bolsonaro. Ele queria que o presidente impedisse qualquer ação da AGU contra a decisão que o beneficiou judicialmente. O temor era de que um recurso pudesse anular a sentença e barrar sua candidatura.
Nos registros do celular, o militar responde que entendera o pedido, mas não volta a tocar no tema nas mensagens seguintes. Também não há indicação de que Bolsonaro tenha respondido ou tomado providências. No fim, a AGU não apresentou recurso no processo.
Embora a AGU tenha se mantido inerte, o Ministério Público Federal recorreu da decisão. Ainda assim, o entendimento do TRF-1 foi mantido, e Cunha teve seu direito de disputar as eleições de 2022 preservado. Naquele ano, o ex-deputado concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo, mas obteve apenas 5.044 votos e não foi eleito. A movimentação política nos bastidores não resultou em retorno ao Congresso.
Procurado pelo UOL, Eduardo Cunha disse desconhecer o diálogo citado na reportagem. O conteúdo reforça as articulações políticas nos bastidores do governo Bolsonaro e revela o acesso que alguns atores políticos tinham ao núcleo do poder.
Veja as mensagens trocadas:

Fonte: DCM
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