Governador de São Paulo será ouvido pelo STF como testemunha do ex-presidente, investigado por articular trama golpista para impedir a posse de Lula
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), prestará depoimento nesta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF) como testemunha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), investigado por tentativa de golpe de Estado. A informação foi divulgada pelo Valor Econômico nesta segunda-feira (26). Bolsonaro é apontado como figura central no “núcleo crucial” da articulação golpista e, diante do avanço das investigações, cresce a possibilidade de que seja preso nos próximos meses.
Tarcísio, ex-ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, foi arrolado pela defesa do ex-presidente e será ouvido na próxima sexta-feira (30). O depoimento ocorrerá no âmbito do inquérito que apura o planejamento de uma ruptura institucional após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022. As oitivas vêm sendo conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes e são realizadas por videoconferência, com participação da Procuradoria-Geral da República (PGR) e das defesas dos investigados.
Além de Tarcísio, também devem ser ouvidos na sexta-feira os ex-ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Eduardo Pazuello (Saúde) e Gilson Machado (Turismo), todos indicados por Bolsonaro como testemunhas. O ex-presidente também solicitou o depoimento de Giuseppe Janino, ex-diretor de tecnologia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável pelas urnas eletrônicas.
Outras testemunhas relevantes devem ser ouvidas nesta semana, como o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, o ex-advogado-geral da União Bruno Bianco e o ex-chefe da Controladoria-Geral da União Wagner Rosário, todos indicados pela defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. Torres é o réu que arrolou o maior número de testemunhas e também pediu o depoimento do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e dos senadores Espiridião Amin (PP-SC) e Eduardo Girão (Novo-CE).
Entre os militares chamados a depor está o general Carlos José Russo Assumpção Penteado, ex-número dois do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que será ouvido nesta segunda-feira como testemunha do general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI. Penteado foi demitido após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Na semana passada, os ex-comandantes das Forças Armadas Freire Gomes (Exército) e Baptista Júnior (Aeronáutica) prestaram depoimentos com reações distintas. Enquanto Freire tentou suavizar declarações anteriores, Baptista confirmou que Bolsonaro tentou colocar em prática um plano para impedir a posse de Lula. O atual comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, também foi ouvido, como testemunha do almirante Almir Garnier, acusado de disponibilizar tropas para apoiar a tentativa de golpe.
Em outro momento tenso das oitivas, o ministro Alexandre de Moraes ameaçou prender o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo por desacato, após este alegar censura ao ser cobrado a responder de forma objetiva se Garnier teria condições de mobilizar tropas navais para um golpe.
As oitivas continuam sob a condução direta de Moraes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também participa ativamente dos interrogatórios, tendo adotado postura mais incisiva após críticas recebidas nos primeiros dias da audiência. As apurações indicam que o cerco jurídico contra Bolsonaro se estreita e que o avanço das investigações pode levá-lo à prisão por tentativa de ruptura institucional.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Valor Econômico
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