sexta-feira, 23 de maio de 2025

Paranaenses criam absorvente orgânico e hipoalergênico

Iniciativa sustentável aposta em alternativas naturais para a saúde íntima feminina e o meio ambiente

       Erika Tomihama (Foto: Divulgação)

Beatriz Bevilaqua, 247 - Erika Tomihama não nasceu sonhando em ser empreendedora. Após 20 anos de carreira no mercado corporativo - 15 deles em grandes empresas - a curitibana, hoje com 37 anos, encontrou no incômodo uma oportunidade de inovação. Ao lado da sócia e amiga Luri, fundou a Amai, marca paranaense que desenvolve absorventes orgânicos, sustentáveis e hipoalergênicos, voltados especialmente para mulheres com sensibilidades e alergias recorrentes.

A ideação do negócio foi tema do episódio desta semana do programa Empreender Brasil, uma parceria da TV 247 com o Sebrae Nacional, que valoriza trajetórias reais e corajosas de quem decide mudar de vida e empreender com propósito.

“Eu sou uma pessoa muito curiosa. E foi essa curiosidade que me levou a questionar por que as coisas são do jeito que são. Eu queria entender o que podia ser feito para melhorar o mundo à minha volta”, relata Erika.

A inquietação se transformou em ação no segundo semestre de 2019. Em uma conversa despretensiosa num café em São Paulo, Erika e Luri decidiram que era hora de fazer algo juntas - algo com impacto socioambiental positivo.

◎ Um tabu silencioso: alergia ao absorvente

A ideia do produto surgiu de uma queixa cotidiana e muitas vezes silenciada: alergia ao uso de absorventes descartáveis. A sócia Luri relatou uma coceira intensa, que associou inicialmente ao uso do coletor menstrual. Ao voltar aos absorventes tradicionais, as reações alérgicas retornaram com força. O assunto, apesar de íntimo, acendeu um alerta.

Erika, que convive com dermatite atópica desde bebê, foi investigar a composição dos produtos disponíveis no mercado. “Descobrimos que muitos absorventes, apesar de exibirem algodão na embalagem, não usam algodão verdadeiro. Em vez disso, são compostos por plásticos, fragrâncias e derivados químicos agressivos à pele.”

As duas perceberam que a dor da Luri era, na verdade, a dor de muitas mulheres. Para confirmar isso, criaram campanhas patrocinadas no Instagram e no Facebook, com perguntas simples como: “Você tem alergia a absorventes?”. O retorno foi surpreendente: 21% das entrevistadas relataram reações alérgicas aos produtos menstruais que utilizavam.

Sem formação na área da saúde ou engenharia de materiais, Erika e Luri começaram literalmente do zero. Erika, formada em Administração, e Luri, com experiência no mercado corporativo, lançaram mão de pesquisas em inglês na internet para entender os componentes e estruturas de um absorvente - do top sheet (camada superior) ao back sheet (base impermeável), passando pelas colas, embalagens e tipos de materiais usados.

No Brasil, onde três grandes empresas dominam cerca de 80% do mercado de absorventes, foi difícil encontrar fornecedores ou especialistas dispostos a colaborar. A dupla, então, recorreu ao LinkedIn para encontrar ex-funcionários da indústria e fornecedores de maquinário. “Uma máquina industrial de absorventes custa milhões de dólares. Claro que não era uma opção para a gente”, conta Erika.

A solução foi desenvolver pequenos lotes de teste em parceria com fábricas terceirizadas, e buscar fornecedores de matérias-primas naturais. O resultado foi um absorvente feito com algodão orgânico, bioplástico biodegradável e sem fragrâncias artificiais, uma opção muito mais saudável para o corpo e menos agressiva ao meio ambiente.

◎ Empreender na prática: desafios e planejamento

Apesar do entusiasmo, a transição foi feita com cautela. Erika e Luri permaneceram em seus empregos enquanto validavam a ideia, por meio de pesquisas e protótipos. Só depois de confirmar o interesse do público e a viabilidade do produto, decidiram investir recursos próprios no negócio. “Para empreender é preciso ter planejamento. Não romantizamos. Fizemos testes antes de aplicar um valor maior”, afirma Erika.

A proposta da Amai vai além do cuidado íntimo. Em um momento em que o debate sobre sustentabilidade se torna urgente, a marca convida as mulheres a refletirem sobre os produtos que consomem e descartam e os impactos disso para o planeta.

“Estamos falando de um item de uso mensal, durante décadas da vida de uma mulher. São toneladas de lixo gerado que não se decompõem. Nosso produto, além de mais gentil com o corpo, é mais responsável com o meio ambiente”, explica.

Hoje, a Amai ainda está em fase de crescimento, mas o engajamento do público e o interesse de consumidoras com histórico de alergias vêm comprovando que há espaço para inovação nesse segmento. “Empreender, para nós, foi uma resposta prática a um incômodo real. Começou com uma coceira e virou um projeto de vida. É sobre escuta, cuidado, e vontade de fazer diferente”, conclui Erika

Assista ao episódio completo do Empreender Brasil no canal da TV 247, com apoio do Sebrae Nacional, e conheça outras histórias inspiradoras de mulheres que estão transformando o mercado e propondo soluções para um mundo mais justo e sustentável.

Para mais informações sobre a empresa, acesse: https://www.amaiwoman.com.br/

Assista a entrevista na íntegra aqui:

Fonte: Brasil 247

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