terça-feira, 20 de maio de 2025

Gleisi: "Bolsonaro era capaz de tudo para não entregar o governo a Lula"

"São chocantes as revelações dos interrogatórios no STF", postou a ministra

Gleisi Hoffmann (Foto: Lula Marques/ABr)

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou nesta terça-feira (20), por meio das redes sociais, que o Ministério da Justiça e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram instrumentalizados para favorecer a tentativa de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Segundo Gleisi, órgãos do Estado foram utilizados para dificultar o acesso de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às urnas no segundo turno da eleição presidencial.

“Depoimentos das testemunhas confirmam que houve direcionamento de bloqueios de ônibus e vans para impedir que eleitores de Lula chegassem aos locais de votação no segundo turno de 2022. O Ministério da Justiça e a Polícia Rodoviária Federal foram usados de forma absurda para corromper e fraudar a vontade do povo. São chocantes as revelações dos interrogatórios no STF. Bolsonaro era mesmo capaz de tudo para não entregar o governo a Lula”, escreveu Gleisi em sua conta no X (antigo Twitter).

A postagem tem como base o depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-coordenador de inteligência da PRF, Adiel Pereira Alcântara, que admitiu a realização de ações de “policiamento direcionado” voltadas a barrar eleitores petistas. A oitiva foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, no âmbito da ação penal contra Bolsonaro e outros sete acusados do chamado Núcleo 1 da tentativa de golpe.

Em seu depoimento, Adiel relatou que a PRF foi orientada por diretores do órgão a realizar blitzes específicas contra ônibus em regiões onde Lula era favorito. “Estavam criando uma polícia de governo, e não de Estado”, declarou. O ex-coordenador também observou que grande parte dos agentes não concordava com o envolvimento político da corporação com Bolsonaro. “Grande parte do efetivo não via com bons olhos esse vínculo com a imagem do ex-presidente. Ele participava de motociatas com motocicletas da PRF e postava mensagens das apreensões da PRF”, afirmou.

Outro depoimento que corrobora a denúncia foi prestado pelo agente de inteligência Clebson Ferreira de Paula Vieira, que atuava no Ministério da Justiça sob o comando do então ministro Anderson Torres. Vieira contou que produziu relatórios de inteligência que embasaram as operações da PRF, a pedido de Marília Alencar, então secretária de Inteligência do ministério.

Ao STF, Clebson relatou ter ficado “apavorado” ao perceber o uso indevido de sua pesquisa. “À época, eu fiquei apavorado porque uma habilidade técnica foi utilizada para uma tomada de decisão ilegal”. Ele também confirmou que operações foram executadas em cidades sem relevância de fluxo de trânsito. “O que aconteceu no segundo turno, eu sabia que ia acontecer. Por raciocínio, não por provas”, afirmou.

Ao todo, entre os dias 19 de maio e 2 de junho, o STF ouvirá 82 testemunhas indicadas pela Procuradoria-Geral da República e pelas defesas dos acusados. Após essa fase, será a vez dos interrogatórios dos réus, incluindo Jair Bolsonaro, em data ainda a ser definida.

Todos respondem por uma série de crimes graves: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado. A expectativa é de que o julgamento ocorra ainda neste ano.

 

Fonte: Brasil 247

Nenhum comentário:

Postar um comentário