
Na véspera do julgamento da ação penal sobre a trama golpista, que acontece nesta terça-feira (2), Jair Bolsonaro (PL) passou o dia em casa, em prisão domiciliar, dividido entre orações, momentos em família e articulações políticas, conforme informações do Globo.
Logo cedo, Bolsonaro se reuniu em oração com Michelle Bolsonaro. O momento contou com a presença da senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF), que revelou recentemente um diagnóstico de câncer.
“Fui como amiga, como pastora. Ele queria muito me ver por causa do câncer, está preocupado comigo”, disse Damares. Segundo ela, o ex-presidente tem seguido cuidados básicos, como beber bastante água, tomar isotônicos e manter uma alimentação regrada.
A senadora entrou discretamente no condomínio, abaixada no carro para evitar olhares curiosos, e aproveitou o encontro para reforçar o discurso de perseguição política contra Bolsonaro — uma das principais narrativas de sua base desde a prisão domiciliar.

No horário do almoço, Michelle preparou o tradicional arroz com feijão, prato que se tornou rotina no período de reclusão. “O cheiro estava tão bom que deu vontade de ficar”, relatou um interlocutor. Bolsonaro fez a refeição apenas com a esposa e, em seguida, dedicou-se a assistir a programas esportivos, hábito que mantém desde antes de chegar ao Planalto.
À tarde, o ex-capitão voltou a tratar de política. Recebeu o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para conversar sobre a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, prioridade de Bolsonaro nesta semana.
Ele autorizou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a assumir a linha de frente nas negociações no Congresso. Lira prometeu levar o tema ao sucessor, Hugo Motta (Republicanos-PB), após já ter sinalizado entendimentos com a oposição.
Com o fim das reuniões, o clima doméstico voltou a predominar. Michelle conduziu novas orações, enquanto Bolsonaro se recolheu em expectativa pelo julgamento. Entre rezas, refeições simples e discussões de bastidores, aliados repetiam a frase que o ex-mandatário tem usado como lema nas últimas semanas: “Deus está no comando”.
O julgamento será conduzido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), presidida pelo ministro Cristiano Zanin, com relatoria de Alexandre de Moraes. As sessões estão previstas para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. Bolsonaro, no entanto, não comparecerá presencialmente ao STF no primeiro dia do julgamento.
Apoiadores de Jair Bolsonaro fazem corrente de oração na entreda de condomínio do ex-presidente — Foto: Brenno Carvalho / O Globo
Fonte: DCM