Ex-presidente enfrenta crise pessoal e encontra-se politicamente fraco enquanto aguarda decisão no Supremo que pode condená-lo à prisão
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vive um dos momentos mais delicados desde que foi preso, em 4 de agosto, acusado de liderar uma trama golpista em 2022. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, nas 24 horas que antecederam o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), ele recebeu as visitas da senadora Damares Alves (Republicanos-PB) e do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
A presença dos dois aliados, autorizada de forma excepcional pelo ministro Alexandre de Moraes, reforça a situação de fragilidade do ex-inquilino do Planalto. Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar, está pessoalmente debilitado e enfrenta isolamento político em meio ao racha do bolsonarismo.
Damares Alves, ex-ministra, passou cerca de duas horas em visita a Bolsonaro. Ela relatou que encontrou o ex-presidente abalado: “Ele está soluçando muito, acho que não é viável [a ida dele ao julgamento].
Arthur Lira, por sua vez, foi recebido por aproximadamente uma hora. O encontro simbolizou a retomada de laços entre os dois, que foram aliados durante o governo Bolsonaro, mas se afastaram após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A defesa recomendou que ele não acompanhasse presencialmente a abertura do julgamento no STF, prevista para esta terça-feira (2).
● Isolamento político e disputa por herança eleitoral
Além das limitações de saúde, Bolsonaro enfrenta desgaste dentro de seu próprio grupo político. Nem todos os aliados conseguiram visitá-lo nas datas permitidas pelo Supremo, o que provocou acusações de abandono e falta de lealdade. Até seus filhos expuseram publicamente fraturas no núcleo bolsonarista.
No centro do conflito está o espólio eleitoral do ex-presidente. Apesar da inelegibilidade, Bolsonaro insiste que manteria a candidatura ao Palácio do Planalto. Paralelamente, nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ganharam projeção como alternativa, mas evitam assumir esse papel para não parecerem insensíveis em um momento crítico.
● Expectativas para o julgamento
Processado por tramar um golpe de estado, Bolsonaro dá como certa a sua condenação. A aposta de seus aliados é que a Primeira Turma do STF não imponha a pena máxima, permitindo à defesa negociar uma redução de danos na dosimetria da pena.
Ainda assim, muitos bolsonaristas enxergam na aprovação de uma anistia no Congresso a única chance de reversão significativa do cenário. Contudo, a divisão entre parlamentares torna essa possibilidade incerta.
O julgamento de Jair Bolsonaro no STF pode redefinir o tabuleiro da direita brasileira para as eleições de 2026. Caso seja condenado, seu peso eleitoral tende a se transformar em capital político herdado por aliados próximos, com destaque para Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como nome natural da sucessão.
No entanto, a indefinição sobre quem herdará o espólio do bolsonarismo acirra disputas internas e pode fragmentar a base conservadora. Governadores e parlamentares já se movimentam para ocupar esse espaço, ao mesmo tempo em que a oposição ao governo Lula busca uma liderança consolidada.
Em resumo, a condenação de Bolsonaro pode acelerar a reorganização da direita.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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