terça-feira, 9 de setembro de 2025

Moraes compara Ramagem a um “delinquente do PCC”

Ministro afirma que ex-diretor da Abin atuou para desacreditar urnas eletrônicas em favor de Jair Bolsonaro

      Alexandre Ramagem (Foto: Fellipe Sampaio/STF)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez duras críticas a Alexandre Ramagem durante o julgamento da ação que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados acusados de conspirar contra a democracia. Moraes comparou Ramagem a um “delinquente do PCC” ao comentar mensagens que mostram a atuação do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o sistema eleitoral.

Uma das comunicações obtidas pela investigação indicou que Ramagem teria dito a Bolsonaro que a urna eletrônica “já se encontra em total descrédito perante a população”. Moraes foi incisivo: “Isso não é uma mensagem de um delinquente do PCC para outro. Isso é uma mensagem do diretor da Abin para o então presidente da República”, afirmou durante a sessão.

☆ Documentos e suspeitas de conspiração

O ministro também destacou que a organização criminosa já falava em ataques ao sistema de inicialização das urnas, com o objetivo de produzir boletins adulterados e sustentar a permanência no poder. “A organização criminosa já dizia que conseguiram atacar o sistema de inicialização da urna para gerar um boletim de urna diferente do original, iniciar os atos executórios para se manter no poder, independentemente de qualquer coisa, e para afastar o controle judicial previsto constitucionalmente”, disse Moraes.

Ramagem, em sua defesa, alegou que as anotações encontradas em documentos eram pessoais, comparando-as a um diário. Moraes refutou: “Dizer que as anotações feitas no documento eram particulares, uma espécie de ‘meu querido diário’, não é razoável”. Segundo ele, os registros eram direcionados a Bolsonaro e faziam parte de uma estratégia articulada.

☆ Ligações com Bolsonaro e a minuta do golpe

Entre as provas, está o documento denominado “presidente TSE”, que reunia tópicos contra o sistema eletrônico de votação e acusações de fraude à Justiça Eleitoral. Moraes ressaltou que os pontos eram “idênticos ao que foi dito na live por Jair Bolsonaro”. O próprio Ramagem confirmou a autoria do documento, mas tentou minimizar o conteúdo.

☆ Julgamento em andamento

O julgamento envolve Bolsonaro e outros sete acusados de liderar a conspiração golpista conhecida como “Punhal Verde e Amarelo”, que previa inclusive sequestros e assassinatos de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o próprio Moraes.

Também está em análise a chamada “minuta do golpe”, documento que estabelecia a decretação de estado de defesa e de sítio como forma de impedir a posse do presidente eleito. Além disso, o grupo responde por participação nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando os prédios dos Três Poderes foram invadidos e depredados em Brasília.

Entre os réus estão Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto e Mauro Cid, este último delator no processo. O parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), assinado pelo procurador-geral Paulo Gonet, pede a condenação de todos os acusados, com penas que podem ultrapassar 30 anos de prisão.

O julgamento segue na Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Flávio Dino.

Fonte: Brasil 247

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