Deputada do PT critica governador de São Paulo por articulação em favor da anistia a golpistas
Em uma entrevista marcada por fortes críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a deputada federal Natália Bonavides (PT) afirmou que ele "rasgou todo seu disfarce de mocinho" ao se aliar a forças que, segundo ela, tentam desestabilizar a democracia no Brasil. No Boa Noite 247, Bonavides apontou que Tarcísio, ao apoiar a articulação para a anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 2022, revelou sua verdadeira posição política, distanciando-se da imagem de moderado que havia tentado construir.
A deputada, que tem se mostrado uma das vozes mais críticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e aos aliados de extrema-direita, criticou duramente a falta de comprometimento do governador paulista com os princípios democráticos. Para Bonavides, a postura de Tarcísio de Freitas se revela como uma verdadeira "traição à pátria", uma vez que ele se coloca ao lado de pessoas e projetos que buscam enfraquecer as instituições e desrespeitar o Estado de Direito.
"Ao apoiar uma anistia para quem cometeu crimes contra a democracia, Tarcísio não só rasgou seu disfarce de ‘mocinho’, mas também se aliou àqueles que colocaram em risco o futuro do país", afirmou a deputada, referindo-se ao debate atual sobre a possível concessão de anistia aos responsáveis pelos ataques de 2022. Para ela, a tentativa de absolver os golpistas seria um erro estratégico, pois poderia abrir precedentes perigosos para futuras tentativas de desestabilização política.
O tema da anistia foi um dos pontos centrais de sua fala. Bonavides ressaltou que a ideia de "pacificação" através da anistia é uma falácia que pode gerar consequências devastadoras para a estabilidade política do Brasil. “Impunidade não traz pacificação", declarou, citando uma importante observação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em relação à concessão de anistias que favoreçam os responsáveis por crimes antidemocráticos.
A deputada alertou também para o contexto mais amplo da articulação política envolvendo figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro e membros do seu círculo, que continuam a trabalhar pela criação de um ambiente favorável à impunidade. Bonavides criticou fortemente a influência externa, fazendo referência à relação dos Bolsonaros com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e como essas conexões internacionais estão sendo utilizadas para pressionar decisões internas. “O que vemos é um movimento para submeter a soberania nacional aos interesses de outros países”, afirmou Bonavides, destacando o envolvimento de Tarcísio nesse processo.
Outro ponto abordado por Bonavides foi a dinâmica no Congresso Nacional, que, segundo ela, está sendo sequestrada por pautas de interesse da direita. Embora o Senado mostre resistência à ideia da anistia, a Câmara dos Deputados tem mostrado um clima mais favorável à discussão, o que preocupa a deputada. Ela fez um alerta: mesmo sendo um tema amplamente rejeitado pela população, a pressão política e o desejo de se alavancar politicamente nas próximas eleições podem ser suficientes para garantir a aprovação de uma anistia em favor dos envolvidos nos atos de 2022.
A parlamentar ainda destacou a importância da mobilização popular para pressionar os legisladores a respeitarem a Constituição e não permitirem que a história se repita. "O engajamento da sociedade é fundamental para que a democracia seja preservada", frisou. Bonavides também enfatizou que a luta não deve ser vista apenas no campo institucional, mas também deve ser travada nas ruas, por meio de protestos e atos públicos que mostrem a força do movimento democrático.
Em relação a sua própria trajetória política, Bonavides afirmou que, apesar de alguns rumores sobre sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte, sua prioridade continua sendo fortalecer sua atuação no Congresso. Ela deixou claro que não pretende disputar o cargo de governadora, já que o Partido dos Trabalhadores (PT) já tem um candidato competitivo no estado, o secretário da Fazenda, Cadu, que, segundo ela, está mais preparado para fazer frente aos desafios do governo estadual.
Por fim, Bonavides reafirmou sua posição de que a democracia no Brasil está em constante ameaça. A deputada afirmou que a eleição de 2026 será crucial e que, mais do que nunca, é necessário garantir que os direitos do povo brasileiro sejam preservados contra as investidas da extrema-direita. "Se não entrarmos no debate sobre a anistia e não denunciarmos suas intenções, corremos o risco de perder nossa democracia", concluiu.
O contexto político brasileiro continua sendo de tensão, com a polarização crescente e o debate sobre a anistia ganhando força. A atuação de figuras como Tarcísio de Freitas e a articulação da direita são vistas como um risco real para a continuidade das conquistas democráticas no país, e a mobilização popular será decisiva para definir os rumos da nação. Assista:
Fonte: Brasil 247