terça-feira, 9 de setembro de 2025

"O Brasil quase voltou a uma ditadura", afirma Alexandre de Moraes ao julgar Bolsonaro

'Brasil quase voltou a uma ditadura porque uma organização criminosa liderada por Bolsonaro não sabe perder eleições', afirmou o ministro

Brasília (DF) 09/09/2025 - O ministro relator Alexandre de Moraes durante sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que retoma o julgamento dos réus do Núcleo 1 da trama golpista (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez nesta terça-feira (9) uma das declarações mais contundentes desde o início do julgamento que analisa a tentativa de golpe de Estado liderada por Jair Bolsonaro (PL). Segundo o relator, o país esteve à beira de retornar a um regime ditatorial em razão da atuação da organização criminosa estruturada e chefiada pelo ex-presidente.

“Estamos esquecendo aos poucos que o Brasil quase volta a uma ditadura que durou 20 anos porque uma organização criminosa constituída por um grupo político não sabe perder eleições. Porque uma organização criminosa liderada por Jair Bolsonaro não sabe que é um princípio democrático e republicano a alternância de poder”, afirmou Moraes.

★ Atentado em Brasília e coordenação golpista

Em sua manifestação, Moraes lembrou o episódio da bomba encontrada no aeroporto de Brasília em 24 de dezembro de 2022, planejada por apoiadores de Bolsonaro. Para ele, o ato não pode ser visto de forma isolada, mas como parte de uma sequência organizada de ataques contra a democracia.

“Essa bomba não explodiu por pouco. Acarretaria na morte de centenas de pessoas”, destacou. O ministro relacionou o atentado com os acampamentos ilegais em frente a quartéis militares, onde alimentos e recursos eram fornecidos para sustentar manifestantes que pressionavam pelo não reconhecimento do resultado eleitoral.

Moraes afirmou que esses grupos foram posteriormente mobilizados para os atos de 8 de janeiro de 2023, quando os prédios dos Três Poderes foram invadidos e depredados em Brasília.

★ "Punhal Verde-Amarelo" e "Copa 2022"

O relator ressaltou que o golpe não foi uma ação improvisada, mas fruto de um planejamento detalhado, que incluía até a possibilidade de assassinato de autoridades. “Nem os mais pessimistas podiam esperar que o que estava sendo planejado sob o codinome ‘Punhal Verde-Amarelo’ e a operação ‘Copa 2022’ seria o assassinato do presidente e vice-presidente eleitos e do então presidente do TSE, eu mesmo”, declarou.

Segundo ele, as provas colhidas ao longo da investigação são abundantes e confirmam a unidade de desígnios entre os acusados. Moraes citou a colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e registros em vídeo de Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, incentivando militantes golpistas mesmo após a derrota nas urnas.

Fonte: Brasil 247

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