Ex-mandatário, porém, não apresentou provas da acusação
Jair Bolsonaro (PL) acusou, sem provas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, de ter praticado "tortura" para obter a delação premiada do tenete-coronel Mauro Cid. O depoimento do ex-ajudante de ordens implicou Bolsonaro nos episódios relacionados à tentativa de golpe de 8 de janeiro e à venda das joias sauditas. "Chegou o ponto do Alexandre de Moraes interrogar o Mauro Cid. E ele falar ‘olha teu pai, tua esposa, olha tua filha’. Você pode fazer delação nessas circunstâncias? A própria Lava Jato disse que isso é pau de arara do século 21. Isso foi feito com o Cid", afirmou o ex-mandatário nesta quarta-feira (14), em entrevista ao UOL.
Bolsonaro ainda destacou que, embora Cid não tenha mentido, ele teria sido "torturado" para proteger a sua família, citando as ameaças sobre sua filha e esposa. "Delação subentende espontaneidade, verdade e prova. Ele foi torturado. Não vou dizer que ele mentiu. Ele foi torturado, pensando na filha e na esposa, que teriam comprovação de falsificação do cartão de vacina", disse.
No entanto, Mauro Cid já negou que tenha ocorrido qualquer tipo de irregularidade na sua delação. Em março do ano passado, o tenente-coronel foi chamado pelo gabinete de Moraes para esclarecer os áudios vazados pela revista Veja, nos quais ele atacava o ministro e sugeria estar sendo pressionado pela Polícia Federal para confirmar informações falsas. Cid negou que tenha sido pressionado e afirmou que estava "sensível" devido à situação pessoal que enfrentava, destacando que "perdeu tudo o que tinha".
Na mesma entrevista, Bolsonaro afirmou, que o pedido feito pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a suspensão do processo referente à tentativa de golpe contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) deve ser estendido também a ele e aos outros réus envolvidos no caso. A ação, movida por Motta, propõe que a decisão da Câmara, que suspendeu o andamento do processo de Ramagem, seja respeitada pelo STF.
“A Câmara decide tirar o Ramagem, mas a primeira resposta que tenho dessa turma é que, se sair, sai só o Ramagem. A ação penal é uma só, não tem só essa ou aquela. Que mande suspender a ação penal. Eu estou no Supremo, junto a outros militares, por causa do Ramagem. Eu acredito que o STF vai acolher este recurso do Hugo Motta”, afirmou o ex-mandatário.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados havia aprovado a suspensão do processo contra Ramagem e outros envolvidos, incluindo Bolsonaro, por tentativa de golpe de estado, deterioração de patrimônio e outros crimes.
No entanto, a decisão da Câmara foi parcialmente invalidada pela Primeira Turma do STF, que limitou a suspensão apenas aos crimes supostamente cometidos por Ramagem após sua diplomação em dezembro de 2022. As acusações mais graves, como tentativa de golpe e abolição do estado democrático, continuam em andamento.
Fonte: Brasil 247 com informações do UOL
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