Inspeção em 12 unidades de Minas Gerais aponta jornadas exaustivas, discriminação e falhas em alojamentos
A rede de restaurantes Madero foi autuada em 193 ocasiões por diversas irregularidades trabalhistas, segundo relatório obtido com exclusividade pelo g1. A fiscalização, conduzida entre março e julho de 2025 por auditores da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG), inspecionou 12 unidades da rede no estado e constatou problemas graves que afetam principalmente jovens trabalhadores.De acordo com os auditores, o modelo de gestão da empresa “viola direitos fundamentais” e “aumenta a vulnerabilidade de jovens recrutados”, especialmente em cidades do interior do Norte e Nordeste.
Entre as irregularidades, foram registradas jornadas exaustivas, alojamentos inadequados, discriminação por idade e estado civil, falta de registro formal na carteira de trabalho, descontos salariais variáveis e ausência de políticas de prevenção ao assédio moral e sexual.
Odete Cristina Pereira Reis, auditora fiscal que coordenou a operação, detalhou: “Encontramos editais de contratação que pediam faixa etária específica, o que é proibido por lei. Isso gerou autos de infração por discriminação etária”. Os auditores também observaram regras rígidas nos alojamentos, penalizações por descumprimento de normas internas e deslocamentos de até 40 minutos a pé sem fornecimento de vale-transporte, mesmo para trabalhadores que terminavam o turno após a meia-noite.
O relatório ainda aponta práticas de assédio moral organizacional, com monitoramento constante, metas de produtividade rígidas e campanhas como “funcionário do mês” baseadas em critérios subjetivos. A investigação constatou que os funcionários permaneciam sob vigilância mesmo nos alojamentos, caracterizando desrespeito ao direito à desconexão.As autuações foram aplicadas às unidades de Belo Horizonte (MG) e à matriz da empresa em Ponta Grossa (PR). Cada infração pode gerar multas administrativas cujo valor estimado, segundo a Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), pode chegar a R$ 3,4 milhões, embora os valores ainda estejam em análise e possam variar. Os autos de infração serão encaminhados ao Ministério Público do Trabalho, ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual, aos sindicatos e à Secretaria de Inspeção do Trabalho para acompanhamento e possíveis medidas legais.
O Grupo Madero, em nota, afirmou que recebeu o relatório “com respeito e atenção” e reafirmou seu compromisso em garantir o bem-estar de seus colaboradores, destacando o investimento em capacitação, alimentação balanceada e acompanhamento das equipes. A empresa acrescentou estar aberta ao diálogo com as autoridades para avaliar os pontos indicados e adotar melhorias sempre que necessário.
Auditores afirmam que, caso as exigências legais não sejam cumpridas, a empresa poderá enfrentar ações judiciais e novas fiscalizações mais rigorosas, além de ser obrigada a regularizar registros de empregados, adaptar alojamentos e implementar medidas efetivas de combate ao assédio moral e sexual.
Fonte: Brasil 247 com informações do G1
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