Em entrevista à jornalista Hildegard Angel, Franklin Martins alerta para estratégias da direita contra governos populares e convoca à mobilização política
Em entrevista concedida à jornalista Hildegard Angel, no programa Conversas com Hildegard Angel, da TV 247, o jornalista e ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, fez um alerta direto: “A direita sempre fabrica crises em anos eleitorais”. Para ele, esse comportamento já se tornou um padrão na política brasileira e exige dos setores democráticos vigilância e enfrentamento político.
“Todo o ano anterior ao da eleição presidencial tem uma grande crise. Isso não é coincidência, é método”, afirmou Franklin. Segundo ele, trata-se de uma tática recorrente da direita para tentar enfraquecer lideranças populares, como a do presidente Lula, e reverter conquistas sociais obtidas por meio do voto democrático.
◉ A história se repete em ciclos
Ao longo de uma conversa extensa e reflexiva, Franklin Martins revisitou passagens decisivas da história política do Brasil, traçando paralelos entre o passado e o presente. Ele mencionou o papel da mídia conservadora e de lideranças como Carlos Lacerda na criação de um ambiente golpista nos anos 1950 e 60, que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas e o golpe militar de 1964. Também destacou as tentativas frustradas de impedir a posse de João Goulart, em 1961, e a importância da resistência liderada por Leonel Brizola.
“O Brizola fez um movimento de massas e impediu o golpe. Foi um momento em que o Brasil mostrou que podia resistir”, disse o jornalista.
◉ O golpe de 1964 e o papel dos militares
Franklin foi enfático ao afirmar que o golpe de 1964 não foi apenas “civil-militar”, como defendem alguns acadêmicos: “O coração daquele processo foi o alto comando das Forças Armadas”. Ele relembrou ainda os anos de repressão, censura e terrorismo de Estado, marcados por assassinatos e desaparecimentos de opositores, inclusive sua própria mãe, vítima da ditadura.
◉ A resistência democrática e a importância da mobilização
Em sua análise, Franklin valorizou os processos de resistência política e social que surgiram mesmo sob forte repressão. Ele exaltou o papel dos estudantes na década de 1960, o renascimento da luta sindical no final dos anos 1970 e o surgimento de uma nova liderança operária: Luiz Inácio Lula da Silva.
Para ele, a luta pela democracia é contínua e requer coragem e persistência. “A causa sem mártires não tem força. A memória dos que tombaram é fundamental para seguirmos adiante”, disse, em referência aos que resistiram ao regime militar.
◉ O Brasil de hoje e os riscos da despolitização
Franklin Martins alertou que o Brasil ainda carrega “gatilhos” deixados pela ditadura em sua estrutura democrática, como os resquícios de poder das Forças Armadas e a instrumentalização de setores do Judiciário e da mídia.
Ele ressaltou que os avanços dos últimos anos — como a inclusão social e a redução das desigualdades regionais — foram obtidos graças à mobilização popular e ao fortalecimento do voto. E reforçou: “O povo não é um estorvo para a economia. Pelo contrário, é um tremendo patrimônio”.
◉ Estados Unidos e crise de hegemonia
Ao final da conversa, Franklin comentou o cenário internacional e a crise de hegemonia enfrentada pelos Estados Unidos. Segundo ele, o país não tem conseguido lidar com a multipolaridade do mundo atual e recorre, cada vez mais, a ações agressivas e contraditórias. “Os EUA estão diante de uma realidade que não controlam mais, e isso afeta diretamente a geopolítica global”, avaliou.
Fonte: Brasil 247
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