O combustível está 27,2% mais barato em comparação a dezembro de 2022, informa a estatal
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras reduzirá a partir de terça-feira seu preço médio de venda de diesel para as distribuidoras em 4,7%, para R$3,27 por litro, menor patamar nominal desde agosto de 2023.
A redução de R$0,16 por litro, informou a companhia em nota nesta segunda-feira, marca o terceiro corte do combustível fóssil desde o início de abril e também neste ano, que teve também uma alta em fevereiro.
O mais novo movimento da petroleira ocorreu na esteira de um mergulho dos preços do petróleo Brent no último mês, com uma escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, que trouxe temores de uma recessão global, e notícias sobre o aumento da oferta mundial.
O preço do petróleo Brent era negociado a cerca de US$60 por barril nesta segunda-feira, cerca de US$15 mais baixo em relação ao fim de março.
No fim de semana, o grupo conhecido por Opep+, que reúne a Organização dos Exportadores de Petróleo e aliados como Rússia, decidiu acelerar ainda mais aumentos da produção, estimulando preocupações sobre a entrada de mais oferta em um mercado obscurecido por uma perspectiva de demanda incerta.
Nos movimentos anteriores deste ano, a Petrobras havia reduzido o preço médio do diesel em suas refinarias em 4,6% em 1º de abril -- no que foi na ocasião o primeiro corte de valores deste combustível desde dezembro de 2023 -- e em 3,4% em 18 de abril.
Foi a maior sequência de cortes desde meados de 2023, quando a empresa vinha de cinco reduções consecutivas apenas naquele ano.
O valor que vai vigorar a partir de terça-feira só fica abaixo do preço nominal (sem considerar a inflação) registrado em meados de agosto, quando a cotação foi de cerca de R$3 o litro.
À Reuters, o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo, afirmou acreditar que a Petrobras repetiu a estratégia do último reajuste e voltou a fazer um movimento conservador, diante de toda a incerteza gerada no mercado por conta da guerra tarifária.
Melo ressaltou que, desde o último reajuste, o dólar foi abaixo de R$5,65 e houve uma desvalorização adicional do barril do petróleo.
"Eu acho que ela (a Petrobras) adotou mais uma vez o conservadorismo e fica aí com a porta aberta para novos cortes, claro, se o cenário não mudar", disse Melo.
No último corte, o diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse à Reuters que a Petrobras tem analisado o preço a cada 15 dias.
"Ao que parece, a Petrobras está utilizando esse espaçamento dos 15 dias para analisar as oportunidades, especialmente de redução. Então, ela não precisa fazer tudo de uma vez só, ela faz isso de maneira faseada e é o tempo também de talvez consolidar um pouco mais o cenário, ter uma leitura melhor do cenário econômico mundial", acrescentou Melo.
O repasse da redução do preço do diesel da Petrobras aos consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões como margem de distribuição e revenda, impostos e mistura de biodiesel.
(Por Marta Nogueira no Rio de Janeiro e Gabriel Araujo em São Paulo)
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