domingo, 4 de maio de 2025

Visita de representante do governo Trump visa cooperação internacional e não sanções contra Moraes

Anunciada por Eduardo Bolsonaro como uma missão de sanções, a visita de David Gamble já havia sido organizada pelo governo brasileiro

       Alexandre de Moraes (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

A viagem de David Gamble, coordenador do escritório de sanções do Departamento de Estado dos Estados Unidos, ao Brasil, tem gerado controvérsias no cenário político brasileiro. Embora tenha sido divulgada pelo deputado licenciado Eduardo Bolsonaro como uma missão para discutir possíveis sanções contra autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, a verdadeira razão da viagem é bem diferente. Segundo a coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL,, a viagem já havia sido organizada pelo próprio governo brasileiro e está inserida em um acordo de cooperação entre os dois países no combate ao crime organizado.

Desde a última sexta-feira, Bolsonaro tem feito declarações sobre o intuito da viagem de Gamble, alegando que o coordenador de sanções viria ao Brasil para discutir medidas que a administração Trump estaria considerando adotar contra o Brasil. Contudo, a informação não revela o papel da missão, que na verdade faz parte de uma agenda oficial de colaboração internacional.

Além de encontros com representantes do governo brasileiro, incluindo o Itamaraty e o Ministério da Justiça, Gamble também terá uma agenda com outros órgãos federais. A viagem é parte de um esforço conjunto para ampliar o combate ao crime organizado, especialmente em relação ao tráfico de drogas e atividades do PCC, uma das gangues criminosas mais influentes. No mês de abril, outra missão semelhante foi realizada pelos Estados Unidos, e no mesmo período, a polícia americana anunciou a prisão de 18 brasileiros, supostamente envolvidos com atividades do PCC em território americano.

Recentemente, a Polícia Federal também assinou um acordo com os Estados Unidos para fortalecer a luta contra o crime organizado, com foco na troca de informações entre as duas nações. O próprio governo de Donald Trump destacou essa parceria como um avanço na cooperação internacional contra o crime.

Apesar disso, o governo brasileiro tem demonstrado desconfiança em relação às declarações de Eduardo Bolsonaro sobre a visita e procurou o Departamento de Estado dos EUA para esclarecer se a agenda de Gamble se estenderia a questões além do combate ao crime, como as sanções mencionadas pelo deputado. Até o momento, o Departamento de Estado não se pronunciou sobre o assunto, assim como a Embaixada dos EUA no Brasil, que também manteve silêncio sobre as alegações de Bolsonaro.

Nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro tem tentado articular uma ação contra autoridades brasileiras dentro do Congresso, aproveitando a proximidade com figuras mais radicais do trumpismo. A aposta dos bolsonaristas é que o governo Trump adote uma postura similar àquela adotada contra o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, uma medida que ganhou repercussão no início do governo Trump.

Em Brasília, o governo federal mantém uma postura cautelosa e se dedica a preservar o diálogo com os Estados Unidos em áreas de possíveis divergências, como imigração e comércio. O Brasil tem adotado uma postura moderada nas reuniões da ONU e da OMC, buscando evitar que questões políticas internas do Brasil, como as impulsionadas por Eduardo Bolsonaro, interfiram nas relações bilaterais.

O governo brasileiro se prepara para reagir, caso uma sanção contra Alexandre de Moraes seja efetivamente imposta, considerando que isso representaria um ataque às instituições do país. Nesse cenário, Bolsonaro, enquanto isso, se dedica a fomentar a narrativa de uma suposta ditadura no Brasil, procurando alinhar-se com os setores mais radicais do Congresso americano. Suas visitas são frequentemente acompanhadas por Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Figueiredo, estreitando laços com figuras controversas dentro do cenário político dos EUA.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

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