domingo, 11 de maio de 2025

Demanda por cuidadores cresce, mas informalidade e baixa renda ainda predominam

Entre os cuidadores que trabalham em tempo integral (mensalistas), 79% não possuem carteira assinada

         (Foto: Agência Brasil)

Levantamento inédito do IBGE mostra que o perfil dos trabalhadores domésticos no Brasil tem mudado na última década, com o crescimento da ocupação de cuidadores pessoais. Em 2014, esses profissionais representavam 5,8% do total da categoria. Em 2024, essa participação subiu para 11,1%. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo neste domingo (11).

Apesar disso, o número total de trabalhadores domésticos no país permanece estável: cerca de 5,9 milhões de pessoas. O segmento continua sendo majoritariamente informal. Entre os cuidadores que trabalham em tempo integral (mensalistas), 79% não possuem carteira assinada. No caso das babás, a informalidade atinge 77,7%.

Além da expansão da categoria de cuidadores, houve uma queda na proporção de empregados de serviços gerais, que passaram de 82,7% do total em 2014 para 73,6% em 2024. Atualmente, cuidadores e babás já somam 21% dos trabalhadores domésticos.

O recorte de gênero e raça também segue marcante na categoria. Segundo os dados, 94% dos cuidadores são mulheres e 64% se declaram pretos ou pardos. A renda média também reflete a precarização: cuidadores mensalistas recebem R$ 1.482 por mês, enquanto babás ganham R$ 1.069. Em relação à jornada, cuidadores mensalistas trabalham, em média, 41,6 horas semanais. Já os diaristas dessa mesma função cumprem 31,4 horas semanais, e as babás, 37,4 horas.

Para especialistas, os dados revelam a necessidade de políticas públicas específicas. Embora o governo federal tenha lançado a Política Nacional de Cuidados em outubro de 2023, o plano ainda não foi regulamentado. O objetivo da política é garantir uma rede de proteção e suporte para trabalhadores e famílias que necessitam de cuidados, como idosos e crianças.

A economista do Ipea, Cristina Vieceli, destaca que o país enfrenta uma “crise do cuidado”, em um contexto de envelhecimento populacional e redução das famílias com múltiplas gerações. Ela defende que o poder público precisa atuar com mais força para organizar e valorizar esse tipo de trabalho, especialmente diante do aumento da demanda.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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