
A Taurus, fabricante de armas que registrou faturamento e lucros recordes durante o governo de Jair Bolsonaro, viu seu valor despencar após o anúncio do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros. As informações são da colunista Malu Gaspar, do Globo.
Desde a medida, as ações da companhia caíram cerca de 30% no mercado brasileiro, revertendo totalmente as expectativas criadas pelo CEO global da empresa, Salesio Nuhs, após a posse do republicano.
Em entrevista concedida em fevereiro ao canal pró-armas Diário do Atirador, Nuhs comemorou a vitória de Trump nas eleições de 2024 e projetou um cenário de expansão. “Estive aqui [nos EUA] em outubro do ano passado [antes da eleição] visitando alguns distribuidores e a expectativa para o ano de 2025 era ficar mais ou menos igual. Dois por cento para mais, dois por cento para menos. Hoje eu tenho distribuidores aqui falando em um crescimento de 15%. O que mudou? Mudou o presidente”, declarou.
O executivo elogiou o discurso do republicano — “O discurso do Trump foi muito feliz. São palavras que eu gostaria de ouvir de um presidente no Brasil. Isso te dá credibilidade, te dá energia” — e afirmou esperar que o presidente Lula (PT) não se reeleja em 2026.
“É uma tragédia, não só para o nosso segmento. Não vejo grandes expectativas durante esse governo. Costumo dizer o seguinte: só falta mais dois anos”, disse. Nuhs também destacou positivamente a política armamentista adotada na gestão Bolsonaro.
A confiança era tanta que, dias antes da crise, a Taurus anunciou a transferência de sua principal linha de montagem para a fábrica da empresa na Geórgia, nos Estados Unidos. Porém, com o tarifaço em vigor desde 7 de agosto, que manteve a sobretaxa de 50% sobre armamentos apesar de excluir mais de 700 produtos brasileiros, a empresa perdeu mais de R$ 200 milhões em valor de mercado. As ações fecharam a última sexta-feira (8) a R$ 4,60, contra R$ 6,81 no dia anterior ao anúncio das tarifas, em julho.

Diante do prejuízo, Nuhs — que também preside a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam) — passou a apelar ao governo Lula, que ele havia criticado, para ajudar a conter os impactos do tarifaço sobre a Taurus.
O executivo já se reuniu com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), pedindo medidas para amenizar os impactos. Até o momento, nem o governo Lula nem o Palácio Piratini anunciaram pacotes específicos para o setor.
O balanço do primeiro trimestre mostra que 90% das 236 mil armas vendidas pela Taurus foram exportadas para os EUA, mercado central para a companhia. Questionado se revia suas declarações sobre Trump e a conjuntura atual, Nuhs respondeu por meio da assessoria da empresa.
Em nota, a Taurus disse que “não há arrependimento” pelas falas do CEO. “A declaração de Salesio Nuhs na referida entrevista, para um canal de um lojista, refletia a percepção sobre as perspectivas do mercado norte-americano naquele momento, por isso, não há arrependimento. A Taurus tem uma presença importante nos Estados Unidos, inclusive com uma unidade de produção há 43 anos e, por isso, acompanha atentamente a evolução dos acontecimentos lá”, afirmou a companhia.
A empresa também criticou a medida americana: “O ‘tarifaço’ não nos parece uma medida adequada, tanto para as empresas brasileiras quanto para as empresas e os consumidores norte-americanos. Por isso, a Taurus manifestou a sua preocupação com os possíveis efeitos negativos. E, no que estiver ao seu alcance, procurará contribuir para a reversão dessa medida.”
Fonte: DCM com informações do jornal O Globo
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