Defesa do doleiro alega que ex-juiz o “instrumentalizou” para atingir o PT e Lula, cita grampo ilegal e pede a Dias Toffoli anulação dos processos
Alberto Youssef (Foto: Agência Brasil) O doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato, ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido para que o ex-juiz parcial e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR) seja declarado suspeito em todos os processos que o investigaram e condenaram no âmbito do petrolão. Segundo revelou a coluna de Guilherme Amado, no PlatôBR, a petição foi protocolada na terça-feira (24), no gabinete do ministro Dias Toffoli — responsável por uma série de decisões que vêm anulando provas, sentenças e ações derivadas da força-tarefa de Curitiba.
Os advogados de Youssef estruturam o requerimento em três frentes. A primeira aponta despacho de 2010, no Caso Banestado, em que Moro se declarou suspeito por “motivo de foro íntimo” e depois voltou atrás. A segunda menciona a instalação, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, de um grampo clandestino na cela do doleiro, atribuindo ao magistrado “negligência” pela escuta. O terceiro eixo acusa Moro de ter “instrumentalizado” a colaboração premiada de Youssef para perseguir o PT e, em especial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Neste ponto, a defesa recorda que os depoimentos do doleiro serviram de “alicerce” para prisões ordenadas por Moro contra líderes petistas, como o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, o ex-deputado André Vargas e os ex-ministros José Dirceu, Antonio Palocci e Guido Mantega. Em trecho destacado da petição, os advogados afirmam:
"Por todo o aqui exposto, ficou delimitada, com precisão, a conduta irregular do ex-Juiz Federal Sérgio Moro e seus congêneres da extinta FT-LJ, que se articularam em uma atuação coordenada, organizada e bem direcionada — inclusive mediante expedientes clandestinos — no sentido de pressionar, subjugar e, assim, instrumentalizar Alberto Youssef para que enveredasse por uma colaboração premiada questionável e com um objetivo muito claro e previamente definido pelo juiz Moro e seus comandados: atingir o Partido dos Trabalhadores e o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva”.
A defesa também lembra que Moro decretou “reiteradamente” a prisão de Youssef e rescindiu, sem ouvir os advogados, o acordo de delação firmado no Caso Banestado. Agora, pede que Toffoli reconheça a suspeição do ex-magistrado e declare a nulidade de todos os processos desde a origem — sem, contudo, tocar no acordo de colaboração que permanece válido.
Caso o ministro acolha o pleito, ganharão força decisões recentes do STF que desmontaram a espinha dorsal da Lava Jato, abrindo caminho para revisão das penas impostas ao doleiro.
Fonte: Brasil 247 com informações do portal PlatôBR