Decisão da FAO retira o país do Mapa da Fome e reconhece avanços promovidos por programas sociais e políticas de inclusão produtiva
Presidente Lula durante o relançamento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) (Foto: Ricardo Stuckert )
O Brasil foi oficialmente retirado do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), conforme anúncio feito nesta segunda-feira (28), durante a Cúpula dos Sistemas Alimentares, realizada em Adis Abeba, Etiópia. A informação foi publicada no site oficial do Governo Federal (Secom).
O reconhecimento internacional se baseia na média trienal de 2022 a 2024, que posicionou o Brasil abaixo do índice de 2,5% da população em risco de subnutrição — o patamar mínimo considerado pela FAO para exclusão do Mapa da Fome. Trata-se de uma das mais significativas conquistas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu terceiro mandato, impulsionada por políticas públicas articuladas entre diversos ministérios e voltadas à redução da pobreza, estímulo à geração de renda e fortalecimento da agricultura familiar.
☆ Políticas sociais e o papel estratégico do Bolsa Família
Entre os principais fatores responsáveis pelo feito está a reestruturação do programa Bolsa Família, que voltou a atuar como eixo central na política de combate à pobreza. Ao lado dele, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) foi decisivo ao garantir acesso a alimentos saudáveis e valorizar a produção local. Esses programas foram complementados por ações de crédito rural, irrigação e inclusão produtiva.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, celebrou o resultado e destacou a rapidez da resposta do governo: “Entre 2023 e 2024, reduzimos em 85% o número de pessoas em insegurança alimentar grave. Agora, o resultado de diversas políticas públicas nos retira dessa trágica estatística. Esse trabalho é motivo de muito orgulho e mostra que aprendemos lições importantes, porque, no passado, levamos 11 anos para retirar o Brasil do Mapa da Fome.”
Dias também relembrou que a meta estabelecida pelo presidente Lula era atingir esse marco até 2026. “Cumprimos antes do previsto. Nosso objetivo agora é garantir alimentação digna a 100% dos brasileiros, além de fortalecer a segurança e a soberania alimentar.”
☆ Microcrédito rural e apoio à produção local
Outro destaque é o novo AgroAmigo, programa de microcrédito rural relançado em dezembro de 2024 e operado pela Caixa Econômica Federal, sob coordenação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). O programa já movimentou mais de R$ 100 milhões e tem previsão de chegar a R$ 1 bilhão até o final deste ano.
“O microcrédito é um instrumento decisivo que garante às pessoas das mais distintas atividades participarem do processo de desenvolvimento que o país está passando”, afirmou o ministro Waldez Góes. O AgroAmigo atende, prioritariamente, agricultores familiares, ribeirinhos, pescadores artesanais, indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária.
Além disso, o governo tem fortalecido os Arranjos Produtivos Locais (APLs) e as Rotas de Integração Nacional, priorizando cadeias produtivas com vocação regional, como leite, mel, castanha, pesca artesanal, agroecologia e turismo comunitário. Essas rotas promovem acesso a mercados, organização da produção e geração de renda nas próprias comunidades.
☆ Irrigação e combate à estiagem
A expansão dos Polos de Agricultura Irrigada também tem papel essencial para assegurar produção constante, mesmo durante períodos de seca. A iniciativa, coordenada pela Secretaria Nacional de Segurança Hídrica, já contempla 18 polos em funcionamento e visa liberar o potencial de irrigação em até 53,4 milhões de hectares.
“Com irrigação bem planejada, conseguimos produzir mais, com menos desperdício, o ano inteiro. Isso significa comida na mesa do povo, emprego no campo e desenvolvimento nas regiões mais vulneráveis”, explicou Antônio Guimarães Leite, coordenador-geral de Sustentabilidade de Polos e Projetos de Irrigação do MIDR.
☆ Reconhecimento internacional e novo compromisso
A conquista brasileira foi celebrada pelo diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, como um exemplo global de políticas eficazes em países em desenvolvimento. Em conversa telefônica com o presidente Lula, Dongyu afirmou: “O senhor pode ser um soldado, mas é, na verdade, um comandante-chefe”. Ele também anunciou que, em 2026, a FAO visitará o Brasil para conhecer as experiências nacionais de combate à fome durante o Fórum CELAC, que reúne países da América Latina e do Caribe.
O presidente Lula, emocionado, celebrou a vitória com humildade e renovou o compromisso com a causa: “Para que a gente acabe com a fome e a pobreza, é preciso colocar o povo pobre no orçamento do país, no orçamento de estados e municípios. O dia em que os governantes fizerem isso, a gente vai resolver esse problema crônico da humanidade.” E completou: “Sou o homem mais feliz do mundo, mas também sou um soldado do Brasil, um soldado da FAO, um soldado mundial”.
☆ Próximos passos: do marco ao ponto de partida
Para o Governo Federal, sair do Mapa da Fome não é o ponto final, mas um novo começo. A meta agora é consolidar os avanços e seguir promovendo inclusão produtiva, qualificação dos sistemas alimentares e fortalecimento das redes locais de produção e distribuição. O Plano Brasil Sem Fome seguirá como eixo estratégico, articulando ações entre ministérios, estados e municípios.
A nova fase da luta contra a fome coloca o Brasil novamente como referência internacional. Mais do que números, a conquista representa dignidade, justiça social e o compromisso contínuo de um país que, uma vez mais, mostrou ao mundo que é possível enfrentar e vencer a fome com vontade política, planejamento e solidariedade.
Fonte: Brasil 247 com Secom do Governo Federal