Outro tema que poderá ser abordado na conversa é a recente aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pretende conversar nesta semana com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, em uma tentativa de atenuar os efeitos das novas tarifas impostas por Washington a produtos brasileiros. A iniciativa busca ainda pavimentar o caminho para um possível encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump. A informação foi publicada pela CNN Brasil neste domingo (4).
O diálogo entre Haddad e Bessent ocorre num contexto de tensão comercial entre os dois países. A partir do dia 6 de agosto, entra em vigor um conjunto de sobretaxas anunciadas por Trump por meio de uma ordem executiva. A medida estabelece uma tarifa de 50% sobre uma série de produtos brasileiros, sob a justificativa de uma "emergência nacional". Apesar de um recuo parcial, cerca de 55% das exportações do Brasil ainda serão impactadas, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
“É muito importante a gente preparar essa conversa (entre Lula e Trump). Tive contato com a equipe do Bessent para fazermos uma reunião na semana que vem. Entendemos que as relações comerciais não devem ser afetadas pelas percepções políticas de qualquer natureza. Tenho certeza que uma conversa com o Bessent vai pavimentar o caminho para um encontro, se for da conveniência dos dois presidentes”, afirmou Haddad em entrevista coletiva.
Outro tema que poderá ser abordado na conversa é a recente aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelos Estados Unidos. A legislação, que prevê sanções a autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos, foi acionada por pressão de grupos conservadores americanos. Segundo Haddad, o governo pretende explicar ao Tesouro norte-americano como funciona a independência entre os poderes no Brasil.
Embora a reunião ainda não tenha data marcada, Haddad afirmou estar disposto a realizá-la presencialmente. O governo brasileiro também considera enviar o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que comanda o MDIC, para negociar diretamente com autoridades americanas.
Do lado norte-americano, Trump afirmou que Lula “pode ligar a qualquer momento” para discutir as tarifas e outras divergências. “Ele pode falar comigo quando quiser. Vamos ver o que acontece, eu amo o povo brasileiro”, disse o presidente dos EUA em entrevista nos jardins da Casa Branca. Ele ainda declarou: “as pessoas que governam o Brasil fizeram a coisa errada”.
O Palácio do Planalto recebeu a sinalização com cautela, mas não descarta um contato direto. “A recíproca é verdadeira”, respondeu Haddad, destacando a importância de “preparar o terreno” antes de qualquer iniciativa diplomática de alto nível.
Nos bastidores, a possibilidade de um encontro entre Lula e Trump durante a Assembleia Geral da ONU, marcada para a segunda semana de setembro em Nova York, é considerada, mas ainda sem confirmação.
A nova rodada de tarifas representa um desafio relevante para o Brasil, especialmente para pequenos e médios exportadores. Mesmo com a exclusão de aproximadamente 700 produtos da lista — entre eles aviões, celulose, suco de laranja, petróleo e minério de ferro — a medida pode gerar perdas comerciais significativas e reforça a necessidade de uma articulação diplomática rápida e eficaz.
Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil