domingo, 31 de agosto de 2025

Ciro Nogueira oficia Ministério da Justiça e abre seus sigilos após denúncia anônima

Senador diz sofrer perseguição política após ser alvo de denúncia anônima

Ciro Nogueira (Foto: Andressa Anholete / Agência Senado)

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) enviou um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, neste domingo, no qual solicita investigações urgentes da Polícia Federal para apurar denúncias anônimas que o ligariam ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A iniciativa ocorre após reportagem publicada pelo site ICL Notícias, que trouxe o relato de uma testemunha anônima acusando o parlamentar de receber propina em espécie de líderes da facção criminosa.

De acordo com a reportagem, uma testemunha anônima afirmou à Polícia Federal que Ciro Nogueira teria recebido uma sacola de papelão com grande quantidade de dinheiro vivo das mãos de Mohamad Hussein Mourad, o “Primo”, e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”. Ambos são apontados como operadores de um esquema do PCC ligado a fundos de investimento na Faria Lima, usados para lavagem de dinheiro e fraudes fiscais bilionárias no setor de combustíveis. O depoimento também relata que o encontro teria ocorrido em Brasília, em agosto de 2024.

A testemunha anônima teria acrescentado ainda que Nogueira teria atuado para beneficiar interesses ligados a essas empresas na Agência Nacional de Petróleo (ANP) e que sua posição na tramitação do projeto de “devedor contumaz” no Senado poderia ter ligação com esse esquema.

◈ A reação de Ciro Nogueira

No documento oficial encaminhado ao Ministério da Justiça, Ciro nega veementemente todas as acusações. Ele classificou o ICL como uma “milícia digital da esquerda” e afirmou que jamais recebeu representantes do PCC em seu gabinete ou em qualquer outro local. O senador pediu que a Polícia Federal levante registros de entrada em seu gabinete e em prédios relacionados aos acusados, além de imagens de segurança, para comprovar que não houve encontros.

Em gesto de indignação, Nogueira declarou abrir todos os seus sigilos — de gabinete, telefone e demais comunicações — para demonstrar que nunca manteve qualquer vínculo com facções criminosas. “Tenho minha consciência tranquila e a verdade ao meu lado. Quero mais, e não menos, investigação”, escreveu o parlamentar no ofício.

◈ O contexto político

O senador também alertou o ministro Lewandowski para que a apuração sobre o crime organizado não seja utilizada como instrumento de perseguição política. Em sua avaliação, setores da “extrema esquerda” estariam tentando usar a luta contra o PCC como arma para desgastar opositores do governo.

“Não irão de modo algum me atingir com esse tipo de torpeza”, afirmou Nogueira, destacando que seu histórico sempre foi de combate ao crime organizado e que seguirá defendendo investigações transparentes. Confira abaixo o documento enviado pelo senador ao ministro Lewandowski:

◈ Íntegra do ofício de Ciro Nogueira

OFÍCIO Nº 013/2025/GSCNOG Brasília, 31 de agosto de 2025




A Sua Excelência o Senhor Ricardo Lewandowski Ministro da Justiça e Segurança Pública

Assunto: Solicito Urgentes Investigações

Senhor Ministro,

Em anexo, correspondência do site ICL, reconhecidamente um site de pistolagem da esquerda contra seus adversários, uma espécie de milícia digital, com gravíssimas e desleais calúnias imputadas contra mim por um suposto depoente que teria dito à Polícia Federal — sob vosso comando — que eu teria:

  • Recebido dinheiro em espécie de uma figura apontada como líder do PCC;
  • Que ele e alguns de seus representantes teriam se reunido comigo em meu gabinete;
  • Que eu teria atuado em favor junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP), para beneficiar essa organização criminosa;
  • Que minhas posições sobre o projeto que tramita no Senado Federal, sobre o Devedor Contumaz, poderiam ter qualquer ligação com essa sórdida trama.

Ao informar Vossa Excelência que essas pessoas jamais estiveram em meu gabinete, que por jamais ter tido proximidade de qualquer espécie, e portanto nunca poderia ter advogado em benefício delas e a inaceitável hipótese de que poderiam ter me favorecido financeiramente, de qualquer forma, é absolutamente mentirosa, peço a Vossa Excelência que determine, com a máxima urgência, à Polícia Federal, que solicite os registros de entrada em meu gabinete no ano citado ou em qualquer ano, e que requeira as imagens e os registros de entrada na sede ou nos escritórios dessas pessoas.

Coloco, por meio deste, TODOS os meus sigilos à disposição (a começar pelos de meu gabinete, de meu telefone e todos os demais) para comprovar que em tempo algum mantive qualquer ligação com qualquer facção criminosa.

Entendo que a liberdade de imprensa é um valor fundamental da democracia e todos que me conhecem sabem bem que o combate ao crime em geral e ao crime organizado, em particular, sempre foi e será uma das bandeiras de minha atividade enquanto parlamentar.

Solicito urgência e quero crer que o importante combate e repressão às organizações criminosas não serão usados como instrumento de perseguição política, por meio da proliferação de informações falsas e absolutamente mentirosas e que jamais aconteceram ou aconteceriam.

Vossa Excelência, como ex-magistrado, tenho certeza, saberá conter os impulsos primitivos da extrema esquerda que possam querer fazer de algo fundamental — o desmantelamento do crime organizado no Brasil — um instrumento de ataque e tentativa de obter ganhos políticos abomináveis por meio da sordidez do uso de fragmentos, com o único propósito de intimidar ou macular os que se colocam em oposição a esse governo, como é o meu caso, algo absolutamente legítimo na democracia. Não irão de modo algum me atingir com esse tipo de torpeza. Tenho minha consciência tranquila e a verdade ao meu lado. Quero mais, e não menos, investigação.

Atenciosamente,

CIRO NOGUEIRA Senador da República (PP-PI)

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