“Me considero um cidadão de esquerda, mas muito realista. Quem grita ‘100% ou nada’ vai ficar com nada”, afirma o presidente
Durante participação no podcast Mano a Mano, apresentado por Mano Brown e Semayat Oliveira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu de forma contundente às críticas que o classificam como líder de um governo supostamente neoliberal. Ao abordar a complexidade do cenário político brasileiro, Lula defendeu as alianças realizadas para garantir governabilidade e afirmou que as conquistas sociais de sua gestão contradizem as acusações de setores da esquerda mais radical.
“Eu fui eleito presidente da República e elegi 70 deputados do meu partido. O Congresso Nacional tem 513 deputados. É só analisar para saber que eu preciso fazer composições políticas para poder governar, senão eu não consigo”, explicou o presidente, ao destacar que também conta com apenas nove senadores entre os 81 membros do Senado. “A dificuldade é imensa".
Segundo Lula, a necessidade de construir pontes com outras forças políticas foi essencial para destravar medidas fundamentais ainda antes do início formal do mandato. “A gente começou a governar antes de tomar posse, porque não tinha orçamento para a gente começar a trabalhar em 2023. Nós fizemos uma PEC da Transição para que pudesse ter dinheiro para a gente começar a governar esse país".
◉ “Quem grita ‘100% ou nada’ vai ficar com nada” - Lula aproveitou a entrevista para reiterar sua identidade ideológica. “Me considero um cidadão de esquerda, mas muito realista desde o tempo em que eu era dirigente sindical”, disse, defendendo uma postura pragmática: “eu não era daqueles que ficava gritando ‘ou 100% ou nada’. Quem grita ‘100% ou nada’ vai ficar com nada. Eu reivindicava aquilo que era possível reivindicar de acordo com a força que eu tinha, e conquistava muita coisa".
O presidente afirmou que sua atuação sempre levou em conta as correlações de forças no Congresso e na sociedade. “Toda vez que você governa, você não faz só o que você quer. Você faz o que você pode fazer em função da conjuntura política, da correlação de forças políticas no Congresso Nacional e na sociedade".
◉ Conquistas sociais e comparação histórica - Para rebater as críticas, Lula relembrou os avanços promovidos durante seus governos anteriores. “Eu duvido que algum governo dito de esquerda tenha feito mais políticas de inclusão social do que nós fizemos nesse país”, afirmou. E acrescentou: “nesse país tiveram dois momentos históricos que tiveram políticas de inclusão social: com Getúlio Vargas, quando era tido como ditador e criou a CLT, tirando os trabalhadores da semiescravidão, e depois do Getúlio apareceu o PT, o Lula, para fazer políticas de inclusão social”.
O presidente listou algumas das principais realizações de suas gestões: “fui o presidente que mais fez universidades, que mais colocou estudantes na universidade, que mais fez instituto federal, que fez o Bolsa Família, que gerou 22 milhões de empregos em oito anos de mandato".
Lula também recordou o período entre 2002 e 2014 como o melhor momento social da América do Sul, citando avanços sociais simultâneos em países como Chile, Argentina, Bolívia e Venezuela durante o governo de Hugo Chávez.
◉ Recado a críticos e rejeição a comparações com a Venezuela - O presidente reagiu com irritação às insinuações de que ele seria comunista ou que o Brasil estaria no mesmo caminho da Venezuela. “Essa bobagem de ficar dizendo que eu sou comunista é uma coisa tão grosseira, um jeito de falar tão imbecil. O cara que fala isso não sabe nem o que é comunismo. Se soubesse, não falava”, disparou.
E reforçou: “querer comparar o Brasil à Venezuela... a Venezuela é a Venezuela e o Brasil é o Brasil. O Brasil tem uma história e a Venezuela tem outra".
Por fim, Lula celebrou os sinais de recuperação econômica. “Eu estou há dois anos na presidência. Sabe há quanto tempo esse país não crescia acima de 3%? Desde 2011".
Fonte: Brasil 247
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