sexta-feira, 27 de junho de 2025

Governo aposta em discurso social enquanto prepara diálogo com o Congresso

Lula evita confronto direto com chefes da Câmara e do Senado, mas planeja intensificar discurso que favoreça o apoio popular

       Lula (Foto: Claudio Kbene/ PR)

Diante das derrotas sucessivas no Congresso, especialmente a derrubada do decreto que prorrogava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adotar uma postura pragmática e, ao mesmo tempo, preparar o terreno para 2026 com um discurso mais afirmativo em defesa dos pobres. As informações são jornal O Globo.

A estratégia, segundo interlocutores do Palácio do Planalto, é evitar o agravamento da crise institucional com o Legislativo, mantendo as portas abertas para o diálogo, mas sem abrir mão de explorar politicamente o embate tributário. O governo avalia que o discurso de "ricos contra pobres", já utilizado nas discussões sobre mudanças no sistema tributário, pode ser o caminho para reconectar o presidente Lula à sua base social e criar uma marca para o terceiro mandato.

Entre as prioridades do Planalto está a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma promessa de campanha de Lula. Assessores presidenciais consideram que o não cumprimento dessa medida geraria forte desgaste ao final do mandato, além de prejudicar as pretensões eleitorais do petista e de seu grupo político em 2026.

Outro ponto de preocupação é a movimentação de partidos do Centrão, como União Brasil, PP, MDB e PSD. Apesar de ocuparem ministérios, essas siglas têm protagonizado votações contra o governo e sinalizam articulações com possíveis adversários de Lula nas eleições presidenciais.

Dentro do PT, há o entendimento de que as recentes derrotas no Congresso são resultado de uma ação coordenada do Centrão para enfraquecer Lula politicamente. O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP e considerado padrinho político de Hugo Motta, é apontado como articulador desse movimento. Nogueira estaria buscando o apoio de líderes partidários para formar um bloco de oposição ao presidente, mirando as eleições de 2026.

A atuação do MDB também preocupa o Planalto. Embora tradicionalmente aliado em votações estratégicas, o partido deu 41 dos 43 votos favoráveis à derrubada do decreto do IOF. No Republicanos, legenda de Hugo Motta, 42 dos 44 deputados votaram contra o governo. O PP contribuiu com 48 de 50 votos contrários, e o PSD, com 28 de 45. Todos esses partidos possuem ministérios na Esplanada.

No Senado, o ambiente também é de tensão. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre, trava embates públicos com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. A disputa envolve projetos de interesse de empresas do setor elétrico e indicações para agências reguladoras, o que praticamente paralisou as votações no Senado.

Diante do cenário de enfraquecimento no Congresso, integrantes do governo defendem dobrar a aposta no embate político e explorar temas que possam gerar mobilização popular. A bandeira da "justiça fiscal", com foco na taxação dos ricos, no aumento da isenção do Imposto de Renda, no combate aos supersalários e no fim da jornada 6x1, é vista como uma das poucas alternativas para reconquistar a opinião pública.

Fonte: Brasil 247

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