segunda-feira, 16 de junho de 2025

Brasil recicla 410 mil toneladas de embalagens pets

Pesquisa revela aumento de 14% na reciclagem de pets em 2024, mas setor ainda está distante de atingir sua capacidade plena

       Reciclagem de garrafas pet (Foto: Agência Brasil )

A indústria brasileira de reciclagem de Polietileno Tereftalato (PET) registrou o reaproveitamento de cerca de 410 mil toneladas de embalagens em 2024, conforme dados do Censo da Reciclagem do PET no Brasil, realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet).

O volume representa um crescimento de 14% em relação às 359 mil toneladas registradas no censo anterior, em 2022, e reforça a tendência de evolução da cadeia, impulsionada por políticas de circularidade, avanços tecnológicos e aumento da conscientização ambiental. O PET pós-consumo continua a ser o material plástico mais reciclado do país, com um índice de reaproveitamento que ultrapassa os 56%, conforme a associação.

Apesar do avanço, o resultado ainda está longe do potencial total de reaproveitamento. A indústria de reciclagem de PET instalada no país opera, em média, com 23% de ociosidade. A Abipet afirma que o percentual pode chegar a picos de até 40% em algumas regiões.

Para a associação, essa limitação está diretamente relacionada à baixa eficiência da coleta seletiva no Brasil, que cobre apenas uma parcela restrita dos centros urbanos. O presidente executivo da entidade, Auri Marçon, alerta que a cadeia produtiva já opera “no seu limite” diante da escassez de matéria-prima reciclável, mesmo com toneladas de embalagens ainda sendo descartadas em aterros ou no meio ambiente.

◎ Gargalos produtivos podem ser sanados com gestão - Para atingir novos patamares de eficiência, a indústria de reciclagem precisa avançar na gestão de processos. A automação industrial com ERP é apresentada como alternativa para superar gargalos produtivos.

De acordo com informações da Nomus, empresa que atua no desenvolvimento de softwares para indústrias, a introdução desses sistemas ajuda a otimizar a operação, reduzir perdas e também permite o planejamento da demanda.

Esse tipo de sistema também facilita o cumprimento das exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), como a obrigatoriedade de reciclagem de ao menos 30% das embalagens até o final de 2025 e 50% até 2040.

Além da tecnologia, ferramentas comuns do dia a dia seguem como necessárias para a operação. É aí que se entende, na prática, para que serve a planilha de controle de produção: ela funciona como um instrumento básico para registrar volumes processados, calcular perdas, identificar gargalos e acompanhar a produtividade diária.

◎ Políticas públicas e incentivos fortalecem a logística reversa - O avanço da reciclagem de PET no Brasil ocorre em meio a um arcabouço regulatório que busca criar condições para que mais embalagens sejam coletadas e reaproveitadas. A PNRS estabelece a logística reversa como instrumento para assegurar o fluxo adequado de materiais pós-consumo.

Essas metas não se limitam ao papel. As portarias publicadas em 2024, como GM/MMA nº 1.011 e 1.102, impõem critérios mais rigorosos para a qualificação de entidades gestoras e verificadores. Também exigem presença nacional progressiva, capacidade técnica comprovada e sistemas eletrônicos de informação.

Além disso, o Decreto nº 11.413/2023 criou os Certificados de Crédito de Reciclagem de Logística Reversa (CCRLR), os Certificados de Estruturação e Reciclagem de Embalagens (CERE) e os Certificados de Crédito de Massa Futura, instrumentos que atribuem valor econômico direto ao material reciclado. O objetivo é tornar a venda de PET pós-consumo mais atrativa, sobretudo para catadores e cooperativas.

◎ Inovação tecnológica e parcerias impulsionam o setor - O cenário brasileiro de reciclagem de PET também se beneficia de investimentos em tecnologia e de parcerias que visam elevar a qualidade e a escala da produção de resina reciclada (rPET). A Valgroup, maior recicladora de plásticos da América Latina, processa atualmente 145 mil toneladas de RPET anualmente no Brasil, México e Espanha.

Em 2024, a empresa adquiriu a operação de reciclagem de 3 Rios Fibras e Resinas, em Poços de Caldas (MG), com o compromisso de ampliar sua capacidade de produção de RPET de grau alimentício por meio do sistema bottle-to-bottle, que já responde por 37% do PET reciclado no país.

A aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso desse rPET em contato direto com alimentos, obtida pela Valgroup em 2008, garante às indústrias de bebidas a confiança necessária para reduzir a dependência de resina virgem.

No mesmo ritmo, o ALPLA Group anunciou, em janeiro deste ano, a ampliação de sua unidade brasileira para incluir processamento de HDPE, somando esforços para diversificar o leque de materiais recicláveis no país. A empresa conta com capacidade instalada de reciclagem de, aproximadamente, 389 mil toneladas de PCR (plástico pós-consumo) em sua rede internacional.

Fonte: Brasil 247

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