quarta-feira, 30 de abril de 2025

Relator da CCJ defende travar ação do STF contra Ramagem por trama golpista

Deputado do União Brasil defende suspensão total da ação contra Ramagem, ignorando entendimento do STF que permite apenas suspensão parcial

                           Alexandre Ramagem (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

O deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), relator da proposta do PL que visa suspender a ação penal contra o também deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), apresentou nesta quarta-feira (30) parecer favorável à paralisação integral do processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O relatório foi apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que deu início à análise da proposta, embora a votação tenha sido adiada para a próxima semana.

“Considerando estarem preenchidos os requisitos para sobrestamento da ação penal, e considerando a necessidade de conferir autonomia e independência ao mandato exercido pelo parlamentar legitimamente eleito, não resta alternativa a esta Casa que não o sobrestamento da ação penal em sua integralidade”, destaca o parlamentar em seu parecer, de acordo com o Metrópoles.

A posição do relator, no entanto, confronta diretamente o entendimento do STF. Na semana passada, o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma da Corte, enviou um ofício à Câmara ressaltando que não é possível suspender a ação penal por completo. Segundo Zanin, apenas dois dos cinco crimes atribuídos a Ramagem poderiam ter a tramitação interrompida: dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado — ambos considerados delitos posteriores à diplomação do parlamentar, ocorrida em dezembro de 2022.

Conforme esclareceu o ministro, o artigo constitucional que permite à Câmara dos Deputados sustar processos contra seus membros só pode ser aplicado para crimes cometidos após o início do mandato. Crimes anteriores à diplomação, portanto, devem seguir em julgamento regular.

Apesar disso, a bancada do PL aposta no avanço da proposta na CCJ. O partido argumenta que a Constituição garante a prerrogativa parlamentar de suspender ações penais durante o exercício do mandato. A legenda também acredita que, ao obter o sobrestamento da ação contra Ramagem, poderá abrir caminho para beneficiar outros réus da trama golpista de 8 de janeiro, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Aliados do governo enxergam no movimento uma tentativa de provocar uma reação institucional contra o Supremo. Parlamentares governistas veem a proposta como uma espécie de retaliação às decisões da Corte, que, segundo eles, têm invadido as prerrogativas do Legislativo. O caso de Ramagem, nessa perspectiva, estaria sendo usado como um “recado” político ao STF.

O impasse deve se arrastar até meados de maio, prazo fixado pelo próprio Supremo para que a Câmara se manifeste sobre o caso. Enquanto isso, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), já adiantou que o partido pedirá vista da representação nesta quarta-feira, o que tende a atrasar ainda mais a deliberação.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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