O jornalista Reinaldo Azevedo e o deputado federal Nikolas Ferreira, no ato bolsonarista na Av. Paulista. Fotomontagem
Reinaldo Azevedo, em coluna publicada no UOL nesta segunda-feira (4), critica os discursos e atitudes do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante ato na Avenida Paulista. Segundo o autor, o parlamentar ultrapassou os limites da liberdade de expressão ao atacar ministros do STF com ameaças veladas, o que configura crime previsto no Código Penal. Confira trechos:
Neste domingo, Nikolas resolveu se redimir. E foi além do aceitável. A imunidade parlamentar não confere a deputado ou senador a licença de ameaçar a Justiça ou de coagir um juiz para que ele atenda a seus desígnios. (…)
Afirmou Nikolas:
“Eles acharam que nós íamos desistir. Se lascou, Alexandre de Moraes, se lascou! Porque, enquanto houver um brasileiro de camisa verde e amarela, a gente não vai se curvar a você. O STF não está acima do Brasil. (…) Hoje, nós estamos aqui (…) lutando por um Brasil em que (…) Alexandre de Moraes esteja atrás das grades. Alexandre, você deve estar vendo isso aqui porque não dá para ignorar. Eu tenho um recado para poder te dar: ministro, você, sem a toga, não sobra nada.”
É o que faz Eduardo Bolsonaro nos EUA. Foi o que fez Nikolas em cima do palanque. O que se viu na Paulista ontem é apenas parte das ameaças de que ministros e familiares são vítimas. Se isso está no campo da normalidade, do aceitável e do legal, então que se imagine tal comportamento como rotina. Os mais de 20 mil juízes país afora se tornariam alvos dos inconformados com as suas decisões, a menos que lhes fizessem as vontades. (…)
Nikolas resolveu ser o ameaçador-geral da República. E vai até onde o sistema de Justiça permitir que vá. Dois anos e sete meses depois do ataque às respectivas sedes dos Três Poderes, com o ódio especialmente voltado contra o Supremo, nós sabemos onde acaba esse discurso de que “o STF não está acima do Brasil; o Brasil [é que] está acima do STF”.
Encerro reiterando a minha pergunta, especialmente dirigida aos mais de 20 mil juízes brasileiros: se um réu e seus aliados resolveram promover um comício em praça pública pregando que os senhores sejam encarcerados em razão de seu exercício jurisdicional, vocês farão o quê?
Fonte: DCM com informações do UOL
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