
Em entrevista ao programa “Contexto Metrópoles” nesta terça-feira (22), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), manifestou preocupação com as medidas restritivas impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Leite classificou como “preocupante” a decisão que proíbe Bolsonaro de ter declarações veiculadas em redes sociais, incluindo publicações feitas por veículos de comunicação, e afirmou que “ninguém pode celebrar o fato de ter um ex-presidente preso”.
O governador comparou a tornozeleira eletrônica a uma forma de prisão e destacou que o ministro Luiz Fux, único da Primeira Turma do STF a votar contra as restrições, não é “aderente às teses do bolsonarismo”. “Sua posição não pode ser entendida como a escolha de um lado”, ponderou Leite, reforçando que a divergência dentro do tribunal deve ser considerada.
As medidas impostas por Alexandre de Moraes incluem:
– Monitoramento eletrônico via tornozeleira
– Proibição de declarações em redes sociais, mesmo por terceiros
– Restrição de aproximação a embaixadas estrangeiras
Embora Leite tenha criticado a atuação da família Bolsonaro em pressionar o governo dos EUA a impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, ele alertou que impedir um político de se manifestar publicamente pode ser uma medida excessiva.
“As medidas da família Bolsonaro estressam o nosso país em muitas formas. Mas as contramedidas também acabam gerando estressamento”, argumentou o governador, equiparando as articulações golpistas da extrema-direita aos julgamentos do judiciário.
Veja o momento da fala:
“Há nuances nessa decisão que merecem ser salientadas. A imposição de uma restrição de manifestação pode ser demasiada e de difícil cumprimento, porque o ex-presidente é uma figura política. Não tem como negar. O simples fato de estar num lugar ou noutro, por si só, será considerado uma manifestação política? Não pode dar uma entrevista? É realmente preocupante, porque abre precedente”, afirmou.
O governador gaúcho, que já manifestou interesse em concorrer à Presidência em 2026, defendeu a despolarização da política e a retomada do diálogo.
Ele também comentou o impacto do “tarifaço” de Donald Trump no Rio Grande do Sul, segundo estado mais afetado economicamente pela medida, atrás apenas de São Paulo.
Apesar das consequências para o comércio gaúcho, o governador revelou que não foi convidado para nenhuma reunião com o governo Lula para discutir o tema.
“As deliberações do ministro [Moraes] parecem vir no sentido de proteger as decisões dos nossos magistrados, porque há uma tentativa de coação. Tudo isso é uma tentativa de intimidação em relação às decisões que a Suprema Corte possa tomar no julgamento em curso”, avaliou.
Fonte: DCM
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