terça-feira, 17 de junho de 2025

PF indicia atual cúpula da Abin no inquérito da ‘Abin paralela’

Delegados nomeados no governo Lula são acusados de dificultar investigações sobre rede clandestina de espionagem instalada na agência
(Foto: Leonor Calasans/IEA-USP)

A Polícia Federal indiciou mais de 30 pessoas no inquérito que investiga a existência de uma estrutura de espionagem ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Entre os alvos estão integrantes da atual direção do órgão, como o diretor-geral Luiz Fernando Corrêa, o chefe de gabinete Luiz Carlos Nóbrega e o corregedor-geral José Fernando Chuy, todos delegados de carreira da PF e nomeados no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As informações foram publicadas inicialmente pelo jornal O Globo, que em março de 2023 revelou a aquisição, pela Abin, de um sistema de monitoramento sigiloso que permitia rastrear a localização de alvos específicos em tempo real. Desde então, a investigação da PF passou a apurar o funcionamento do que ficou conhecido como "Abin paralela" — uma rede clandestina que teria sido estruturada durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o relatório policial, a atual cúpula da Abin é suspeita de dificultar o acesso a dados relevantes para o avanço das investigações, o que motivou o indiciamento. A agência, em nota oficial, disse estar “à disposição das autoridades” e destacou que os atos investigados ocorreram em "gestões passadas".

Além dos atuais dirigentes, também foram indiciados o ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a Abin durante o mandato anterior. Nenhum dos três comentou publicamente a decisão até o momento, mas, em outras ocasiões, negaram a existência da estrutura paralela e o uso da agência para espionagem ilegal.

A PF sustenta que a rede operava para produzir dossiês contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares e adversários políticos, além de disseminar notícias falsas sobre figuras públicas. Também foram monitorados servidores públicos, jornalistas e milhares de cidadãos comuns, sem qualquer respaldo judicial.

O relatório aponta que a operação era coordenada por Ramagem, sob ordens diretas de Bolsonaro, com o auxílio de outros agentes ligados à Abin e às Forças Armadas. Entre os nomes citados no inquérito estão o policial federal Marcelo Bormevet e o subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, que também atuavam na agência. Ambos negam ter utilizado ferramentas da Abin para fins ilegais.

Entre os alvos monitorados, a investigação lista autoridades do Judiciário, como os ministros do STF Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Dias Toffoli; do Legislativo, como o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e o ex-deputado Rodrigo Maia; e do Executivo, como o ex-governador e João Doria.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário