segunda-feira, 16 de junho de 2025

Moraes garante inquérito sobre milícias digitais até 2026 e desespera bolsonaristas

   Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos das fake news e das milícias digitais. Foto: Antonio Augusto/STF


O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve prorrogar o inquérito das milícias digitais em 2026, mantendo a investigação ativa diante de um cenário político considerado sensível. O debate sobre o futuro do processo ganhou força no tribunal, especialmente com a proximidade das eleições e o desfecho do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista.

Segundo a Folha, a maioria dos ministros do STF tende a apoiar a continuidade do inquérito, consolidando uma posição contrária ao seu encerramento. O processo, aberto em julho de 2021, investiga a atuação de uma organização criminosa digital que atua na produção, financiamento e disseminação de desinformação com fins políticos.

Inicialmente voltado a aliados de Bolsonaro, como o blogueiro foragido nos Estados Unidos Allan dos Santos, o inquérito expandiu-se para apurar a tentativa de golpe contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a venda de joias recebidas por autoridades e a falsificação de cartões de vacina da Covid-19.

Até o bilionário Elon Musk, dono da rede social X, tornou-se alvo em 2024 por descumprir ordens judiciais no Brasil para manter perfis de extrema-direita ativos.

Allan dos Santos, bolsonarista foragido durante CPI das Fake News. Foto: reprodução

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, antes defensor do encerramento do inquérito, mudou de posição recentemente. “O inquérito está demorando porque os fatos se multiplicaram ao longo do tempo”, afirmou. Ministros avaliam que a investigação ainda é necessária para conter radicalismos e proteger a democracia.

Interlocutores de Moraes destacam que o pleito de 2026, sob o comando do ministro Kassio Nunes Marques no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode ser marcado novamente por um ambiente polarizado. Apesar da confiança em que o TSE não fará concessões ao bolsonarismo, dada a ligação do magistrado com o ex-presidente, há receio de que o combate à desinformação seja menos rigoroso sem Moraes e Cármen Lúcia à frente.

Outro fator é a possível condenação de Bolsonaro por liderar a tentativa de golpe em 2022, o que poderia acirrar movimentos radicais. A fuga de investigados, como Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, também justifica a prorrogação.

Há ainda quem defenda no STF que o inquérito pode servir como resposta a eventuais sanções dos EUA contra autoridades brasileiras, caso Donald Trump retorne à presidência. Embora remota, a possibilidade de medidas contra Musk e seus negócios no Brasil também é considerada.

Moraes já sinalizou sua posição: “Nós sabemos que as milícias digitais continuam atuando, inclusive durante esse julgamento, tentando pegar trechos para montar fake news e intimidar o Poder Judiciário”.

O inquérito foi estendido 11 vezes desde 2021, com pouca movimentação recente. Em março de 2025, a Polícia Federal pediu mais tempo para concluir diligências, e a PGR apoiou o pedido. Moraes ainda não decidiu oficialmente, mas tudo indica que a investigação seguirá aberta.


Fonte: DCM

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