Defesa do ex-ajudante de ordens busca provar que logins foram feitos por terceiros e não violaram sigilo de delação
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), deverá voltar a depor na Polícia Federal para esclarecer a suspeita de que teria usado o Instagram para comentar sua delação premiada. De acordo com o jornal O Globo, a defesa do militar prepara um relatório técnico que, ao rastrear endereços de IP fornecidos pela Meta, localiza acessos vindos de Copenhague, na Dinamarca, e não do Brasil — indício que, segundo os advogados, reforça a tese de uso por terceiros.
O documento que será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) confronta dados apresentados pela própria Meta. A empresa registrou o perfil “GabrielaR702” em 2005 com o e-mail “maurocid@gmail.com” e número de telefone de Gabriela, esposa do militar. Entre as evidências reunidas pela defesa estão datas em que, afirmam, seria impossível Cid ter acessado a conta: 22 de março de 2024 e 9 de junho de 2025, ocasiões em que ele participava de audiências presenciais no STF.
Na primeira oitiva sobre o caso, Cid negou ter falado, pelo Instagram, sobre o conteúdo da colaboração premiada com o advogado Eduardo Kuntz, defensor do coronel Marcelo Câmara — ex-assessor de Bolsonaro e réu no chamado “núcleo dois” da suposta conspiração golpista de 2022. Foi Kuntz quem comunicou ao STF ter mantido conversas com Cid por meio do perfil investigado e anexou novas mensagens aos autos.
A controvérsia ganhou corpo depois que a revista Veja publicou trechos de diálogos atribuídos ao militar. A defesa reagiu, pediu ao ministro Alexandre de Moraes que determinasse à Meta o envio de dados completos do perfil, e foi atendida. Com base nas informações recebidas, os advogados sustentam que houve “quebra de sigilo sem participação de Cid”.
Enquanto isso, o ministro Moraes mandou prender Marcelo Câmara e incluir Kuntz no inquérito por suposta obstrução de Justiça. “São gravíssimas as condutas noticiadas nos autos, indicando, neste momento, a possível tentativa de obstrução da investigação, por Marcelo Costa Câmara e por seu advogado Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz, que transbordou ilicitamente das obrigações legais de advogado”, escreveu o ministro na decisão.
Nos registros da Meta também aparece Paulo Amador Cunha Bueno, outro advogado de Bolsonaro, em conversa com a conta “GabrielaR702”. A Polícia Federal quer confrontar os três envolvidos — Cid, Kuntz e Bueno — para esclarecer quem efetivamente manejou o perfil que agora figura no centro do processo.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário