quinta-feira, 19 de junho de 2025

Lula reconhece impacto das fraudes do INSS na popularidade do governo: 'cabe a nós dizer quem fez aquilo'

“É normal que as pessoas pensem que foi no governo Lula, porque fomos nós que descobrimos”, avaliou o presidente, responsabilizando Bolsonaro

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

As denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) provocaram desgaste na imagem do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao podcast “Mano a Mano”, conduzido por Mano Brown e Semayat Oliveira, Lula reconheceu que os escândalos contribuíram para a queda de sua popularidade, apontada por pesquisas recentes. A conversa foi gravada no último domingo (15) no Palácio da Alvorada e publicada na madrugada desta quinta-feira (19), informa o Valor Econômico.

“Eu sempre acho que pesquisa é uma fotografia do momento”, afirmou Lula, ao comentar os números desfavoráveis. “Até o segundo semestre deste ano, eu dizia para as pessoas: não há por que ainda terem a afirmação de que o governo está indo muito bem, porque a gente não está entregando as coisas que nós temos que entregar. Este é o ano da colheita. Nós vamos entregar".

Nos últimos dias, os institutos Datafolha e Ipsos-Ipec divulgaram levantamentos apontando a insatisfação crescente com a gestão federal. Segundo o Datafolha, 40% consideram o governo ruim ou péssimo, enquanto 28% o avaliam como ótimo ou bom. A pesquisa Ipsos-Ipec mostra cenário semelhante: 43% de avaliação negativa e apenas 25% positiva.

Lula associou diretamente as denúncias no INSS ao impacto nos índices de aprovação. Ele enfatizou que as irregularidades vieram à tona graças à atuação da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal, que detectaram um esquema envolvendo entidades criadas durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

“Quando sai uma denúncia de corrupção no meu governo, é normal que, no momento, as pessoas pensem que foi no governo Lula, porque fomos nós que descobrimos. Então, cabe a nós dizer em alto e bom som por que aconteceu aquela corrupção, quem foi que fez aquilo, quem é a quadrilha que estava por trás daquilo”, afirmou o presidente. “Eles sempre vão dizer que fomos nós, e nós sempre vamos dizer a verdade".

Lula detalhou o funcionamento do esquema, revelando que os aposentados tinham seus nomes utilizados como sócios fraudulentos e eram lesados com descontos indevidos. “Eles facilitaram para que os caras pudessem cobrar dos aposentados, colocar seus nomes como se fossem os sócios, mandaram o nome do aposentado como se fosse para o INSS, o INSS mandava para o Serpro e o Serpro autorizava o pagamento de um desconto". Segundo ele, as investigações continuam e “certamente” os responsáveis serão presos.

Escolha de Alckmin e defesa da governabilidade - Questionado sobre a escolha de Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente, Lula avaliou a decisão como estratégica, tanto para o equilíbrio político quanto para a estabilidade institucional. “Eu, sinceramente, acho que fiz um acerto em trazer o Alckmin para ser vice, porque senão, poderia trazer outra pessoa que, como o [Michel] Temer, desse um golpe na Dilma [Rousseff]. Ele não é esse tipo de gente”, disse o petista.

Ele também elogiou o desempenho do atual ministro da Indústria, destacando a atuação de Alckmin na reativação do setor produtivo. “Ele tem feito um trabalho extraordinário para reaquecer a indústria brasileira".

Comparação com Gaza e crítica ao governo Bolsonaro - Durante a entrevista, Lula voltou a criticar a herança deixada por Jair Bolsonaro, comparando a situação do país ao cenário de devastação na Faixa de Gaza. “De vez em quando, olho para a destruição na Faixa de Gaza e fico imaginando o Brasil que encontramos”, disse o presidente. Ele afirmou que encontrou uma estrutura estatal desmantelada: “aqui a gente não tinha mais Ministério do Trabalho, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos, da Cultura. Tinha sido uma destruição proposital".

O presidente reforçou que Bolsonaro atuava contra instituições fundamentais para a democracia: “o presidente não gostava de nenhum ministério que pudesse ser uma alavanca de organização da sociedade".

2026 no horizonte - Indagado sobre uma possível candidatura à reeleição, Lula disse que ainda é cedo para bater o martelo, mas deixou claro que, caso decida concorrer, será para vencer. “Eu não sou um candidato meu, se eu estiver no momento eleitoral com a saúde que estou hoje, com a vontade que estou hoje, e com a disposição que eu tenho, eu serei candidato a ganhar as eleições".

Por fim, mandou um recado direto aos adversários: “a extrema direita está procurando candidato, eu vejo todo dia nomes, não tem problema, pode procurar quanto quiser: se eu for candidato é para ganhar as eleições. Se depender de meu esforço, a extrema direita não volta a governar este país".

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Valor Econômico

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