segunda-feira, 23 de junho de 2025

Ensino superior avança entre as classes mais pobres e transforma realidades no Brasil

Nos últimos anos, o acesso ao ensino superior no Brasil tem passado por uma profunda transformação.

Por: Polo
A presença crescente de estudantes das classes mais pobres nas universidades, especialmente por meio da educação a distância (EAD) e de programas de inclusão, tem modificado o perfil do ensino superior no país e impactado positivamente a vida de milhares de brasileiros que antes viam o diploma como um sonho distante.

Segundo dados do Censo da Educação Superior 2023, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de ingressantes no ensino superior por meio da modalidade EAD superou, pelo segundo ano consecutivo, o número de ingressantes em cursos presenciais. Ao todo, 63,5% dos novos estudantes em 2022 optaram pela educação a distância, um aumento significativo em relação à década passada. Entre os fatores que explicam esse crescimento, estão a flexibilidade dos horários, o custo reduzido e a possibilidade de conciliar estudos com trabalho.

Além disso, programas como o Prouni (Programa Universidade para Todos) e o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) têm desempenhado papel crucial na democratização do acesso ao ensino superior.

Em 2023, o Prouni ofertou mais de 290 mil bolsas de estudo, sendo a maioria voltada para estudantes com renda familiar de até 1,5 salário mínimo per capita. Já o Fies financiou mais de 50 mil novas vagas, permitindo que alunos de baixa renda possam pagar o curso após a formatura.

Esse novo perfil de estudante tem provocado uma mudança significativa no mercado de trabalho. O diploma de ensino superior ainda é um dos principais fatores de ascensão profissional no Brasil. De acordo com o IBGE, uma pessoa com ensino superior completo ganha, em média, quase três vezes mais do que alguém que tem apenas o diploma de Ensino Médio. Para muitos jovens das periferias e áreas rurais, essa diferença representa a oportunidade de romper o ciclo da pobreza.

Os cursos mais procurados por esse público refletem tanto as necessidades do mercado quanto o desejo de estabilidade. Administração, Pedagogia, Direito, Enfermagem, Psicologia e cursos tecnológicos voltados à gestão e à tecnologia da informação estão entre os mais requisitados. A área da saúde, por exemplo, teve aumento expressivo no número de matrículas, impulsionada pela valorização dos profissionais durante a pandemia.

Outro dado que chama a atenção é o crescimento do número de concluintes no ensino superior. Em 2022, mais de 1,3 milhão de pessoas colaram grau em universidades brasileiras. Grande parte desse número veio da modalidade EAD, indicando que o formato tem conseguido não apenas atrair alunos, mas também garantir a conclusão dos estudos — algo que, historicamente, era um desafio entre estudantes de baixa renda.

As instituições privadas também têm ampliado estratégias para atrair esse público, com mensalidades mais acessíveis, parcerias com empresas para oferta de bolsas e criação de polos de apoio presencial em regiões periféricas. A digitalização e o avanço das tecnologias educacionais têm contribuído para a qualidade do ensino, mesmo a distância.

O acesso ao ensino superior não apenas amplia as chances de emprego e renda, mas também promove autoestima, mobilidade social e participação mais ativa na sociedade. O diploma, para muitos brasileiros das classes menos favorecidas, representa uma conquista pessoal e familiar que ecoa por gerações.

O desafio agora está em garantir a permanência e a qualidade do ensino, para que o avanço do acesso se traduza, efetivamente, em melhores condições de vida. Ainda há obstáculos a superar — como a evasão, a infraestrutura limitada em regiões remotas e a desigualdade de acesso à internet —, mas os dados indicam que o Brasil está no caminho certo ao transformar a educação superior em uma ponte para o futuro de todos.

Fonte: Brasil 247

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