Nos anos 70 e 80, a frase “acabou o Fantástico, voltou a depressão” não era só piada — era quase verdade. A abertura da vinheta dominical da Globo anunciava o fim do fim de semana e o retorno ao trabalho, criando um clima de melancolia nacional. Hoje, os domingos mudaram radicalmente, recheados de streaming, aplicativos, aulas online e rotinas mais dinâmicas.
Primeira diferença: antigamente, o domingo era governado pela TV. Programas como Fantástico, Domingo Legal e Sessão da Tarde ditavam o ritmo do dia, com horários fixos e a população parada em frente à telinha. Atualmente, o controle passou para as plataformas sob demanda—Netflix, YouTube e podcasts já são o programa oficial do dia, sob demanda, nas mãos de cada um .
Segunda: no passado, a ida ao clube, à praça ou à visita à família era quase liturgia dominical. Hoje, os parques estão mais vivos, com grupos de yoga, corridas e caminhadas, muitas vezes incentivados por apps de bem-estar. Enquanto antes se planejava o lazer conforme a programação da emissora, hoje o domingo anda de bike, estica o treino e faz vídeo com filtro.
Terceira: o rolê do domingo tinha cheiro de mortalha da falta de programação. Passado o almoço em família, sobrava o resto da tarde para “não fazer nada”. Hoje, a multitarefa domina: limpa a casa, atualiza o app do banco, conversa em grupo de WhatsApp e ainda maratona série — tudo no mesmo térreo do sofá.
Quarta: naqueles tempos, celulares não existiam e quem tinha orelhão lotado era quem voltava de baile. Hoje, o domingo está na palma da mão; ligações, leituras e roteiros são feitos com apps. A essência permanece: comunicação é essencial — só mudou o canal.
Por fim, o sentimento mudou. No lugar da melancolia pós-Fantástico, há uma sensação de domingo produtivo e livre. A adrenalina mudou de emissoras para escolhas pessoais — e se antes a tristeza era coletiva, hoje ela é geolocalizada. Quem quiser, escolhe descanso; quem preferir, cria o programa do seu domingo — e o botão de “play” não espera mais virar vinheta.
Fonte: DCM
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