sexta-feira, 20 de junho de 2025

Dólar em queda reduz pressão sobre inflação e IPCA pode fechar 2025 abaixo de 5%

Alta da Selic para 15% atrai capital estrangeiro, fortalece o real e barateia alimentos e bens industriais, segundo economistas

       (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

Após a sétima alta consecutiva da taxa Selic, que chegou a 15% ao ano — o maior nível desde 2006 —, o dólar continua em queda e já acumula desvalorização de 12% em 2025. Segundo reportagem do O Globo, esse movimento, impulsionado pela entrada de capital estrangeiro atraído pelos juros altos, tem contribuído para conter a inflação. Com a valorização do real, os preços de alimentos, combustíveis e bens industriais recuaram, e o mercado já revisa para baixo as projeções do IPCA, que pode fechar o ano abaixo de 5%.

A expectativa do Boletim Focus desta semana aponta inflação de 5,25%, mas alguns analistas apostam em números ainda menores. Para o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, a taxa pode encerrar 2025 em 4,8%. “As condições externas estão ajudando. Isso abre espaço para uma inflação mais baixa”, afirmou. Ele destaca que a valorização do real já refletiu no IPCA de maio, com queda nos preços de bens duráveis.

O câmbio mais favorável se soma a fatores internos como safra recorde, clima benigno e maior oferta de alimentos, o que tem segurado os preços nos supermercados. Frango, ovos, carnes, frutas e até o azeite devem registrar queda ou aumentos mais suaves. A LCA prevê deflação de 0,32% na alimentação no domicílio em junho, enquanto Cunha projeta inflação anual de 6,5% para esse grupo.

Os bens industriais também tendem a subir menos em 2025. Segundo Fábio Romão, da LCA 4Intelligence, a valorização do real reduz o repasse cambial, fazendo a inflação do setor recuar de 4,3% para 3,8%. Itens importados como eletroeletrônicos, roupas, videogames e alimentos com forte componente externo, como trigo e leite em pó, também devem registrar reajustes mais modestos.

Apesar desse alívio, a inflação de serviços preocupa. O Banco Central justificou a alta da Selic citando a resiliência da economia e a pressão no mercado de trabalho. Romão prevê que esse setor feche 2025 com inflação de 6,2%. “Essa é a pulga atrás da orelha. É isso que preocupa o Banco Central”, disse, estimando que os juros só comecem a cair em março de 2026.

Por fim, bancos como XP e Itaú revisaram suas projeções para o ano. A XP espera IPCA de 5,5%, com deflação nos alimentos em junho e alta moderada dos bens industriais. Já o Itaú projeta inflação de 5,3% e dólar a R$ 5,65 em dezembro, reforçando o impacto positivo do câmbio sobre os preços no país.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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