A atriz passou a ser investigada também na esfera criminal
A incursão da atriz Giovanna Antonelli no mundo empresarial se transformou em dor de cabeça: dois inquéritos — um cível e outro criminal — investigam possíveis práticas ilegais envolvendo o Grupo Salus, conglomerado de franquias de saúde e estética do qual a atriz foi sócia até o fim de 2024. As denúncias incluem propaganda enganosa, pirâmide financeira, falsidade ideológica e concorrência desleal, entre outros crimes.
Antonelli integrou a sociedade da Giolaser, rede de clínicas de depilação e estética que levava seu nome e imagem, mas deixou o negócio logo após o Ministério Público de São Paulo (MPSP) acolher a primeira denúncia cível contra o grupo. A ação pede indenização de R$ 2,2 milhões e aponta que manter uma unidade da franquia ativa seria inviável financeiramente, devido a cobranças inesperadas, taxas abusivas e promessas de retorno que não se concretizaram.
Apesar de ter se desvinculado da sociedade, a atriz passou a ser investigada também na esfera criminal, conforme novo inquérito aberto em 3 de junho. A representação, assinada por 46 franqueados e ex-franqueados, atribui a ela e ao grupo crimes como “concorrência desleal, propaganda enganosa, crime contra a economia popular, falsidade ideológica, por meio de adulteração de documentos contábeis, e pirâmide financeira”.
Um trecho da denúncia acolhida pelo MPSP afirma que “apesar de propagar em toda imprensa um faturamento bilionário e vender um modelo de negócio supostamente lucrativo, documentos comprovam que as pessoas jurídicas e físicas representadas provocaram a insolvência/falência de centenas de pessoas, pois hoje existem quase mil processos contra os franqueadores e franqueados do grupo em questão em razão do engodo comercial oferecido, por meio, inclusive, do esquema de pirâmide”.
O Grupo Salus foi fundado por Carla Sani, então sócia de Antonelli, e detém mais de 860 franquias sob diferentes marcas, como Sorridents (odontologia), Olhar Certo (oftalmologia), Amo Vacinas e a própria Giolaser. Segundo balanço divulgado pela empresa, o faturamento do grupo chegou a R$ 1 bilhão em 2023.
De acordo com os documentos encaminhados ao MPSP, a Giolaser omitiu dos franqueados que integrava o Grupo Salus. “A ré [Giolaser] não informou na COF [Circular de Oferta de Franquia] que era parte de um grupo econômico de empresas coligadas sob o mesmo controle”, diz a denúncia. O texto ainda acusa a franqueadora de compartilhar custos operacionais com outras marcas do grupo e esconder que parte da rede era controlada pela própria franqueadora ou seus associados.
Outro ponto grave diz respeito aos custos de implantação: planilhas entregues ao Ministério Público apontam que os valores informados aos investidores foram subestimados. O custo real para abrir uma unidade da Giolaser, segundo a denúncia, seria mais que o dobro do valor apresentado na COF — R$ 1.108.286,19 contra os R$ 530.502,75 divulgados. Parte expressiva desses gastos era direcionada à aquisição de itens fornecidos exclusivamente pelo próprio grupo.
A acusação também levanta suspeitas de manipulação de dados de faturamento, cobrança de taxas sem previsão contratual e práticas de concorrência interna entre marcas do mesmo grupo, levando ao colapso financeiro de diversas unidades. Segundo o advogado que representa os franqueados, 36 pedidos formais de insolvência foram protocolados apenas nos últimos 30 dias.
Procurado pela CNN Brasil, o Grupo Salus não se pronunciou até a publicação da reportagem.
Já a equipe jurídica de Giovanna Antonelli alegou, em nota, que a atriz está sendo alvo de um movimento oportunista. “Giovanna Antonelli está sendo vítima de litigância predatória (uma maneira de usar a Justiça de forma mal-intencionada para lucrar ou manipular situações), criada com fundamentos falsos e utilizando seu nome para dar importância e visibilidade a questões que envolvem apenas relações contratuais entre franqueadora e franqueados, não havendo qualquer conduta ou participação da atriz nos contratos de franquia”.
A nota prossegue: “A verdade é que os autores dessa incabível demanda estão a se aproveitar da imagem da atriz para atribuir notoriedade à causa, o que fazem como uma clara estratégia para iludir e confundir”.
A defesa reforça que “Giovanna cedeu sua imagem e deteve participação minoritária no negócio da franqueadora, e nunca exerceu a gerência dos negócios empresariais”.
Concluindo, os advogados afirmam que “a única responsável por contratos de franquia é a empresa que gerencia o negócio franqueado, o grupo Salus. Assim, qualquer lesão entre a empresa franqueada e a empresa franqueadora, se realmente existiu, deve ser apurada entre empresas responsáveis que realizaram os negócios empresariais”.
A apuração dos inquéritos segue em andamento.
Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil
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