sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Chacinas, bolsonarismo e bloqueio de estradas: a gestão de Silvinei na PRF


         O ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques . Foto: Divulgação

A gestão de Silvinei Vasques à frente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), entre 2021 e 2022, foi marcada por ações controversas, incluindo o bloqueio de estradas no segundo turno das eleições de 2022. Durante essa operação, a PRF foi acusada de realizar blitzes em rodovias do Nordeste, no dia 30 de outubro, desrespeitando a ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que havia proibido qualquer ação que pudesse dificultar o deslocamento de eleitores.

Além das investigações sobre os bloqueios eleitorais, a PRF esteve envolvida em uma série de operações violentas com o apoio de polícias militares, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope).

Uma dessas ações ocorreu na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, onde 25 pessoas foram mortas em um confronto com a Polícia Militar e agentes da PRF. Em fevereiro de 2022, outra operação conjunta no Complexo da Penha resultou em mais oito mortes, enquanto em outubro do mesmo ano, em Minas Gerais, 25 pessoas morreram em uma operação contra o “novo cangaço”.

As ações geraram críticas sobre o uso excessivo da força e a falta de clareza sobre os limites de competência da PRF, que não se restringe às estradas, como o próprio site da corporação menciona.

O Núcleo de Operações Especiais (NOE) da PRF desempenhou um papel fundamental nessas operações, sendo responsável pelo planejamento e execução de ações de enfrentamento a crimes como roubo de cargas, tráfico de drogas, e crimes envolvendo armas e explosivos.

A participação dos grupos de elite da PRF gerou polêmicas, especialmente quando as operações resultaram em um número elevado de mortes e confrontos com suspeitos.

Equipe do Núcleo de Operações Especiais (NOE) da Polícia Rodoviária Federal do Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

Sob a liderança de Silvinei Vasques, a PRF estreitou laços com esquadrões de elite de polícias militares, como o Bope, conhecido pela letalidade de suas ações. Em um anúncio em suas redes sociais, ele destacou a criação de um grupo de trabalho para desenvolver ações operacionais e projetos estratégicos em parceria com o batalhão.

Essa aproximação com forças militares gerou questionamentos sobre a postura da PRF e sua ligação com o governo Bolsonaro, com críticas à politização da corporação. Além disso, a gestão de Vasques foi marcada por privilégios concedidos à PRF.

O então presidente Jair Bolsonaro tinha anunciado o aumento de 20% para os agentes rodoviários federais, enquanto outras forças de segurança, como a Polícia Federal, receberam reajustes menores. Vasques também foi elogiado por Bolsonaro, que assinou um decreto autorizando a convocação de excedentes do concurso da PRF, prometendo o maior efetivo da história da corporação.

O caso mais trágico dessa gestão ocorreu em maio de 2022, quando a PRF foi responsável pela morte de Genivaldo de Jesus Santos, um homem com transtorno mental, dentro de uma viatura transformada em câmara de gás em Sergipe.

Durante uma abordagem, Genivaldo foi colocado no porta-malas da viatura, onde os policiais despejaram gás, resultando em sua morte. A corporação alegou que o homem havia resistido à abordagem e que foram usadas técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo.

Silvinei Vasques foi nomeado para o cargo de diretor-geral da PRF pelo senador Flávio Bolsonaro em abril de 2021. Desde então, sua gestão foi associada a episódios controversos, como a revogação das comissões de direitos humanos e a aproximação com o bolsonarismo.

Fonte: DCM

Nenhum comentário:

Postar um comentário