Ex-ministro dos Direitos Humanos critica linchamento simbólico, nega as denúncias de assédio e reafirma sua inocência em entrevista
Em entrevista concedida ao canal Notícia Preta, o jurista, professor e ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, fez sua defesa pública diante das acusações de assédio sexual que motivaram sua saída do governo Lula (PT).
As acusações contra o ex-ministro surgiram em setembro de 2024. A organização Me Too, que atua na proteção de vítimas de violência sexual, disse ter acolhido mulheres que relataram suposto assédio por parte de Almeida. Uma das supostas vítimas teria sido a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Na entrevista, Almeida não apenas negou as denúncias como também criticou com veemência o tratamento dado ao caso por setores da esquerda. “O que mais me espanta é que pessoas que se dizem de esquerda, pessoas progressistas, pessoas defensoras de direitos humanos, não pensaram duas vezes antes de negar o meu direito à presunção de inocência”, afirmou.
“Nunca existiram 14 denúncias ou 14 vítimas" - Logo no início de sua fala sobre o caso, o ex-ministro tratou de desmentir uma das principais informações veiculadas sobre as acusações. “Nunca houve, nunca existiram 14 denúncias ou 14 vítimas. Isso não existiu. Isso foi um erro jornalístico que depois gerou uma errata. Só que a errata não teve o mesmo destaque da notícia”, lamentou.
Almeida também explicou por que tem falado pouco publicamente sobre o assunto. Segundo ele, a investigação corre sob sigilo judicial, o que o impede de se manifestar de forma mais ampla. “Eu estou me defendendo, sim, mas no lugar adequado, com os meus advogados. Ainda que quem eventualmente me acuse esteja dando entrevista, eu vou manter a postura institucional”, afirmou.
O ex-ministro destacou ainda que sequer há investigação formal em curso contra ele. "Eu sequer sou formalmente investigado porque não houve indiciamento. Vejam que não houve o mínimo de cuidado de preservação, de presunção de inocência".
Visivelmente emocionado em alguns momentos, Silvio Almeida relatou o impacto pessoal da exposição e da difamação pública. “Foi algo muito destruidor, com consequências muito tristes na minha vida, na vida da minha família e das pessoas que trabalhavam comigo”, disse.
Ele comparou sua situação à de outros homens negros que foram historicamente difamados com acusações de cunho sexual, citando Martin Luther King: "eu não estou me comparando com esta pessoa. Não seria possível. Mas poucos dias antes de ser assassinado, o que é bastante emblemático, Martin Luther King estava sofrendo uma série de ameaças por parte da Polícia Federal dos Estados Unidos, o FBI, de ser revelada uma série de cartas, ou seja, de acusações, de denúncias de cunho sexual contra ele. Ele chegou a receber até uma carta propondo que ele se suicidasse".
A esquerda caiu em moralismo - Ao longo da entrevista, Silvio Almeida também fez duras críticas ao campo progressista, que, segundo ele, deixou de lado as questões estruturais do país para discutir apenas a "pauta moral". "Talvez o mais importante seja nós discutirmos as questões concretas e a partir daí projetar possibilidades de futuro a partir de um Brasil novo. Nós abdicamos disso".
NP TV - Estreou na quarta-feira (30) o NP Notícias, o primeiro telejornal ao vivo da mídia negra brasileira no YouTube, com apresentação da jornalista e fundadora do Notícia Preta, Thais Bernardes. O programa recebeu como seu primeiro convidado Silvio Almeida. A seguir, a íntegra da entrevista:
O NP Notícias vai ao ar todas às quartas, às 12h, no canal do Notícia Preta no YouTube.
Fonte: Brasil 247
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