segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Lula avalia que prioridade para o PT em 2026 deve ser indicar nomes competitivos para o Senado

Estratégia do presidente busca fortalecer base governista e conter avanço bolsonarista no Congresso

Lula ao receber a alta hospitalar (Foto: Ricardo Stuckert)

Com a aproximação das eleições de 2026, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou ao PT que a prioridade estratégica deve ser lançar candidatos competitivos para o Senado, mesmo que isso signifique sacrificar disputas ao governo estadual. Essa decisão, noticiada pelo Globo, busca enfrentar um possível avanço da oposição liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que mobiliza o Partido Liberal (PL) para conquistar o maior número de cadeiras na Casa Legislativa.

“O Senado é central para a governabilidade e para a estabilidade política do governo. Temos que nos preparar para qualquer cenário, inclusive o mais difícil,” confidenciaram interlocutores do presidente, destacando a preocupação com o impacto da renovação de dois terços do Senado em 2026.

◉ Desafios e riscos no Senado

Atualmente, o Senado conta com 39 senadores alinhados ao governo, enquanto 29 formam uma oposição consolidada e 13 estão no grupo considerado neutro. A renovação prevista para 2026 deve impactar diretamente o grupo pró-governo, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde o bolsonarismo tem maior força.

De acordo com análises internas do Planalto, as 11 unidades federativas dessas regiões podem eleger até 22 senadores de direita ou extrema-direita, o que fortaleceria a oposição e dificultaria o andamento de pautas prioritárias do governo.

Além de legislar, o Senado desempenha papéis cruciais, como aprovar indicações para o Banco Central, agências reguladoras, embaixadores e deliberar sobre pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

◉ Foco em alianças e nomes de peso

Para enfrentar esse desafio, Lula orientou o PT a concentrar esforços em candidaturas viáveis, mesmo que sejam de partidos aliados, como PSD, MDB e Republicanos. Nas eleições municipais de 2024, o PT já iniciou uma política de redução de candidaturas próprias para preservar alianças estratégicas.

No Rio Grande do Sul, o ministro Paulo Pimenta (PT) deve abrir mão de uma possível candidatura ao governo para disputar uma vaga ao Senado. No Rio de Janeiro, o PT avalia apoiar Eduardo Paes (PSD) para o governo e lançar Benedita da Silva para o Senado.

Em São Paulo, Geraldo Alckmin é a principal aposta para enfrentar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na corrida ao Senado. Uma ala do PT defende que o partido não lance candidato ao governo estadual, priorizando recursos para as eleições legislativas.

No Mato Grosso, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), é a prioridade para uma vaga no Senado, com o PT indicando apoio a um candidato aliado para o governo estadual. Já em Pernambuco, a expectativa é eleger dois senadores: Humberto Costa (PT), que tentará a reeleição, e Silvio Costa Filho (Republicanos).

◉ Planejamento estratégico para 2026

“A prioridade número um é atender ao chamado do presidente e garantir um Senado forte,” declarou Valdir Barranco, presidente do PT no Mato Grosso. Essa postura reflete o alinhamento do partido com a estratégia presidencial de evitar uma nova onda bolsonarista no Congresso.

Outros nomes ventilados incluem Enio Verri e Zeca Dirceu, no Paraná, e Gleisi Hoffmann, que também é cotada para uma vaga. No Amazonas, Omar Aziz (PSD) pode disputar o governo estadual, enquanto Eduardo Braga (MDB) e Marcelo Ramos (PT) devem concorrer ao Senado.

Com um cenário político polarizado, a estratégia de Lula evidencia a importância do Senado não apenas para sua governabilidade, mas também para a continuidade de políticas públicas e reformas estruturais em um eventual segundo mandato.

Fonte: Brasil 247

Governo avalia que votação do pacote fiscal só será concluída em 2025

“Está muito em cima e precisamos de 49 votos. Não vejo humor para votar a PEC agora no Senado”, disse o vice-líder do governo, senador Otto Alencar

Senador Otto Alencar (Foto: Beto Barata/Ag. Senado)

O governo federal planeja concluir a votação do pacote fiscal somente em 2025, devido à incerteza quanto à viabilidade de aprovar os três projetos dentro do prazo. Embora o projeto de lei e o projeto de lei complementar tenham boas chances de serem apreciados nesta semana, tanto pela Câmara quanto pelo Senado, a proposta de emenda constitucional (PEC) deverá ser adiada para o próximo ano.

“Estamos prontos para votar no Senado os dois projetos de lei. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já sinalizou nesse sentido. Mas a PEC fica para o ano que vem”, afirmou à CNN Brasil o vice-líder do governo, senador Otto Alencar (PSD-BA), que tem atuado como líder informal do governo no Senado nas últimas semanas. Alencar também participa ativamente das reuniões no Palácio do Planalto para definir as estratégias políticas para este final de ano.

Apesar dos esforços, a PEC enfrenta sérios obstáculos. O senador alertou que a proposta corre o risco de não ser aprovada neste ano. “Está muito em cima e precisamos de 49 votos. Não vejo humor para votar a PEC agora no Senado”, disse Otto.

A proposta de emenda constitucional estabelece limites aos supersalários do funcionalismo público, restringe incentivos fiscais e propõe a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) até 2032. A DRU é um mecanismo que flexibiliza a execução orçamentária, permitindo maior liberdade para o governo federal na alocação de recursos.

Por outro lado, o projeto de lei do pacote fiscal propõe alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e nas regras do salário mínimo. O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), é o relator dessa proposta. Já o projeto de lei complementar, que estabelece mudanças no arcabouço fiscal, está sob a relatoria do deputado Átila Lira (PP-PI).

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

Frente Parlamentar Evangélica adia eleição após disputa interna entre grupos pró-Lula e bolsonaristas

A aproximação de Otoni de Paulo, favorito para o pleito, com o governo federal gerou reação da base bolsonarista

(Foto: ABr)

A Frente Parlamentar Evangélica adiou as eleições previstas para a próxima quarta-feira (11) após a impugnação do edital apresentada pelos deputados Gilberto Nascimento (PSD-MG) e Greyce Elias (Avante-MG).

O adiamento ocorre em meio a um embate com a base bolsonarista, que se opõe ao diálogo com o governo Lula.

O atual presidente da Frente, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM), tornou-se alvo de críticas após aparecer ao lado de integrantes do governo federal em eventos considerados próximos ao Planalto.

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) era apontado como o favorito à presidência da Frente, com o apoio do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que declarou publicamente sua confiança no parlamentar.

No entanto, a aproximação de Otoni com o governo Lula, incluindo sua participação em uma oração ao lado do presidente em outubro, gerou reações adversas entre deputados bolsonaristas.

O favoritismo de Otoni levou aliados de Bolsonaro a questionarem a antecipação da eleição e o método de apuração, o que resultou na suspensão do processo.

Em comunicado, Silas Câmara explicou que a decisão de impugnar o edital foi tomada para evitar recursos judiciais e preservar a unidade da bancada.

"Para que não haja exposição de nosso comportamento, acima de tudo como corpo de Cristo e unidade, tomo a decisão de impugnar as eleições até que sejam feitas as adequações necessárias, conforme disposto no Estatuto da FPE", afirmou o presidente.

Fonte: Brasil 247

Globo sai em defesa da PEC da Segurança do governo Lula

“É um erro dizer que a PEC tirará autonomia dos governadores. O plano é somar esforços”, diz o jornal

Presidente Lula em reunião com governadores sobre a PEC da Segurança (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

 Em editorial publicado nesta segunda-feira (16), o jornal O Globo saiu em defesa da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança, apresentada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. A publicação classificou como “equivocadas” as críticas feitas pelos governadores do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que alegaram que a proposta enfraqueceria a autonomia estadual.

Reunidos em Florianópolis (SC) no final de novembro, os governadores de sete estados assinaram a chamada Carta de Florianópolis, expressando sua oposição ao projeto. No documento, afirmaram que a PEC traz "incertezas" às gestões estaduais e criticaram uma possível “estrutura centralizada que limita a eficiência e amplifica a burocracia”. Eles também defenderam que o fortalecimento da segurança pública deve ocorrer por meio de cooperação e respeito às diferenças regionais.

O editorial de O Globo refutou esses argumentos, destacando que a realidade demonstra que sistemas de segurança estaduais, mesmo nas regiões mais ricas, não têm sido suficientes para enfrentar facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho. “Não é razoável afirmar que os estados já tenham sistemas de segurança eficientes. O poder das facções não pode ser menosprezado”, argumentou o jornal.

O texto citou episódios recentes de violência para reforçar seu posicionamento. Entre eles, mencionou o assassinato de um empresário que havia denunciado o PCC, ocorrido na saída do Aeroporto de Guarulhos (SP), e uma operação policial no Complexo de Israel, no Rio de Janeiro, que terminou em mortes de inocentes e caos generalizado. Esses fatos, segundo o editorial, evidenciam a necessidade de maior participação federal no combate ao crime organizado.

“O principal mérito da PEC da Segurança é justamente prever maior participação federal no combate às organizações criminosas. Os estados isolados não dão conta de enfrentar facções fortemente armadas, bem articuladas e infiltradas em instituições e empresas formais”, sustentou o jornal.

O jornal também ressaltou que a proposta fortalece o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), amplia as atribuições da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, e prevê o compartilhamento de informações. “É um erro dizer que a PEC tirará autonomia dos governadores. A União não substituirá os estados em sua missão constitucional de tratar da segurança. O plano é somar esforços”, reforçou.

Por fim, o editorial reconheceu que a PEC pode não ser ideal e sugeriu que governadores e parlamentares apresentem melhorias. No entanto, advertiu que medidas concretas precisam ser tomadas para enfrentar a crise de segurança pública no Brasil. “Sem isso, os estados continuarão sua luta solitária e inglória contra as poderosas multinacionais do crime”, concluiu.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Mercado eleva projeções para Selic, dólar, inflação e PIB em 2025

Projeção para a taxa básica de juros (Selic) em 2025 foi elevada para a 14%, quinta alta seguida

Banco Central do Brasil (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Reuters - Analistas consultados pelo Banco Central elevaram a projeção para a taxa básica de juros em 2025 a 14%, depois que a autoridade monetária indicou altas de 1 ponto percentual à frente, com elevações ainda nas expectativas para a inflação e para o dólar na pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.

O Banco Central acelerou o ritmo de aperto nos juros na semana passada, no que foi a última reunião do ano, elevando a taxa Selic em 1,00 ponto percentual, a 12,25% ao ano. A autarquia ainda surpreendeu ao prever mais duas altas da mesma magnitude à frente, após citar risco de piora da dinâmica inflacionária a partir do anúncio de medidas fiscais pelo governo.

Com isso, a expectativa no Focus para a taxa básica no ano que vem subiu pela quinta semana seguida, de 13,50% no levantamento anterior. A ata da reunião do Copom será divulgada na terça-feira.

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda aumentos nas perspectivas para a inflação, com a alta do IPCA agora calculada em 4,89% este ano e em 4,60% no próximo, de 4,84% e 4,59% anteriormente.

Dados do IPCA divulgados na semana passada mostraram que o índice avançou 0,39% em novembro, com a taxa acumulada em 12 meses acelerando a alta a 4,87%, maior nível desde setembro de 2023 (5,19%).

Para 2026, a conta no Focus permaneceu em 4,0%, mas para 2027 aumentou em 0,08 ponto percentual, a 3,66%.

O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

As mudanças ocorreram ainda na esteira da piora das perspectivas para o real. Na mediana das projeções dos especialistas, o dólar deve fechar este ano em 5,99 reais e 2025 em 5,85 reais, de 5,95 e 5,77 anteriormente.

Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de crescimento em 2024 subiu de 3,39% para 3,42%, enquanto que para o próximo ano foi de 2,00% para 2,01%.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

Apesar da pressão de Bolsonaro, militares fazem as contas e não descartam delação premiada

Generais podem ficar presos “pelo resto da vida” por envolvimento em golpe. Delação de Braga Netto é considerada improvável, mas há outros que podem falar

Braga Netto e Jair Bolsonaro (Foto: Agência Brasil)

Militares avaliam que a publicação feita por Jair Bolsonaro (PL) em defesa do general Walter Braga Netto, que foi preso no final de semana, é um recado para que seu ex-ministro não delate sobre a trama golpista, informa a jornalista Andréia Sadi, do g1. "Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?", publicou Bolsonaro em suas redes sociais horas depois da operação que prendeu Braga Netto.

Na avaliação de investigadores, uma delação premiada do ex-candidato a vice-presidente é tida como possível, mas difícil, já que ele demonstra “lealdade militar” a Bolsonaro e colegas de farda. No entanto, os investigados pela tentativa de golpe estão sendo avisados do tempo que podem passar na cadeia e fazem as contas dos benefícios trazidos pela delação.

Em alguns casos, dependendo da idade, investigadores acreditam que os indiciados podem ficar presos “pelo resto da vida”. Braga Netto tem 67 anos, e seu suposto papel de liderança na tentativa de golpe e no plano para assassinar Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve ser um agravante na sua pena.

Enquanto a delação de Braga Netto parece distante, a do general Mario Fernandes é considerada mais fácil por pressão da família, avaliam militares que o conhecem. O general poderia apresentar detalhes de seus encontros com Jair Bolsonaro e esclarecer se o presidente sabia do plano Punhal Verde e Amarelo, para assassinar autoridades.

Ministros do STF comparam golpistas ao PCC - Ministros do STF afirmam que estão surpresos com a extensão da gravidade das ações investigadas pela Polícia Federal. Na avaliação desses magistrados, já eram esperadas ações agressivas por parte da família Bolsonaro, mas a quantidade de generais e militares de carreira que se envolveram com a trama golpista e o planejamento de assassinatos é assustadora. "Se comportaram como gente do PCC e do Comando Vermelho", disse um ministro do STF.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

Lula rejeita IVA mais alto e diz que governo avaliará mudanças na reforma tributária

Presidente disse que na quinta-feira, quando voltar a Brasília, quer conversar com Fernando Haddad, ministro da Fazenda, para avaliar o que pode ser feito

Lula e Fernando Haddad (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Infomoney - Após receber alta no Hospital Sírio-Libanês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, no último domingo (15), que o governo não quer aumento de tributos com a reforma tributária, em discussão no Congresso.

“Nós não queremos fazer uma reforma para aumentar tributo nesse país. Nós achamos que, se o Brasil arrecadar corretamente os tributos já estabelecidos por Lei o Brasil, vai ter arrecadação suficiente para cuidar desse país. Não é preciso aumentar tributo”, afirmou.

O presidente disse que a equipe econômica se dedicará a analisar as futuras alterações feitas pela Câmara dos Deputados no texto do principal projeto de regulamentação da reforma. A proposta, que cria regras para a cobrança de três novos impostos sobre consumo, foi aprovada pelo Senado na semana passada.

Com a proximidade do recesso parlamentar, os deputados retomam o debate nesta segunda-feira. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cancelou todas as reuniões de comissões para acelerar a análise dos textos prioritários.

Após a votação na Câmara dos Deputados, a proposta segue para sanção de Lula.

Lula disse que na quinta-feira, quando voltar a Brasília, quer conversar com Fernando Haddad, ministro da Fazenda, para avaliar o que pode ser feito.

O presidente disse também que acredita em um aumento na arrecadação de impostos, apenas com o recolhimento de tributos já existentes.

Trava de 26,5% - O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), relator da regulamentação da reforma tributária na Câmara, disse neste domingo (15), que trabalhará para respeitar a trava de 26,5% para a alíquota do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), depois que o projeto passou pelo Senado e agora retorna para nova análise dos deputados.

“Temos que preservar pelo teto da alíquota padrão no Brasil. Nós colocamos um teto, o teto é 26,5%. O mais importante, na minha opinião, é garantir uma reforma que não ultrapasse essa trava de 26,5% de imposto sobre consumos e serviços”, disse.

Fonte: Brasil 247 com Infomoney

Pedro Campos rebate Bia Kicis: "Réu procurar delator não é curiosidade, o nome é 'obstrução da justiça'"

A deputada bolsonarista disse que Braga Netto estava apenas "curioso" em saber o conteúdo da delação da qual é alvo.

(Foto: Agência Brasil)

O deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) rebateu as declarações da deputada bolsonarista Bia Kicis (PL-DF), que minimizou as acusações contra o general da reserva Walter Braga Netto, preso preventivamente por obstrução de justiça neste sábado.

Em entrevista à CNN, Kicis afirmou que a busca do general pelo conteúdo da delação premiada de Mauro Cid seria apenas "curiosidade" e não configuraria um crime.

"Curiosidade agora é crime? Façam-me o favor. Vamos deixar de palhaçada! Um general quatro estrelas preso porque quis saber o que aconteceu numa delação premiada... Isso é ridículo!", disse Kicis, em tom de indignação, ao criticar a prisão do ex-ministro de Jair Bolsonaro.

Pedro Campos, no entanto, contestou a fala da deputada em suas redes sociais, argumentando que o ato descrito por Kicis configura obstrução de justiça, uma razão legítima para prisão preventiva.

"Réu procurar delator não é curiosidade, o nome é 'obstrução da justiça', e isso é um dos fundamentos para prisão preventiva", afirmou.

Braga Netto, que foi vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, é investigado por um suposto plano de golpe que incluía, segundo a Polícia Federal, ações extremas como o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Lula comenta prisão de Braga Netto

Após receber alta do Hospital Sírio-Libanês na manhã de domingo, o presidente Lula falou sobre a prisão de Braga Netto em coletiva de imprensa. Ele defendeu o princípio da presunção de inocência, mas reforçou que, caso as acusações contra o general sejam confirmadas, a punição deve ser severa.

"Quero que ele tenha o direito à presunção de inocência, o que eu não tive. Mas, se fizeram o que acham que fizeram, quero que sejam punidos severamente", declarou Lula.

Braga Netto foi preso preventivamente no sábado (14) no âmbito do inquérito que investiga a tentativa de ruptura democrática após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022. Segundo a Polícia Federal, a interferência do general nas investigações, inclusive com a busca de informações sobre a delação de Mauro Cid, é considerada um ato deliberado de obstrução.

A fala de Pedro Campos reforça o crescente debate no Congresso sobre as consequências jurídicas e políticas das ações atribuídas a integrantes do alto escalão do governo Bolsonaro, especialmente no contexto das investigações que envolvem a tentativa de golpe.

Fonte: Brasil 247

Cúpula militar tenta descolar o Exército de Braga Netto

A cúpula das Forças Armadas tenta passar a versão de que a intentona golpista foi uma ação de militares da reserva, e não um plano de golpe militar

General Braga Netto (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

A prisão do general Braga Netto causa constrangimentos para as Forças Armadas, opinam quatro oficiais-generais entrevistados pelo jornal Folha de S.Paulo. A narrativa é que Braga Netto cometeu os delitos de que é acusado não como militar, mas como político.

Braga Netto já estava incompatibilizado com seus pares do exército quando foram reveladas em fevereiro as mensagens trocadas entre ele e o capitão reformado Ailton Barros. Na conversa, o general disse para "oferecer a cabeça" ao comandante da força, o general Freire Gomes, aos leões, chamando-o de "cagão",

A atual cúpula militar diz que já esperava a prisão do general cedo ou tarde. Há ainda temor de que militares mais próximos, como os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, tenham o mesmo fim.

A cúpula das Forças Armadas tenta passar a versão de que a intentona golpista foi uma ação de militares da reserva, e não um plano de golpe militar, de iniciativa institucional.

A PF indiciou, até agora, 25 militares por participação na trama golpista. Entre eles, estão sete oficiais-generais —dentre os quais, um (Estevam Theophilo) estava no Alto Comando do Exército no fim do governo Bolsonaro. Ao todo, 12 eram da ativa.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Mourão admite que houve pensamento de ruptura entre os militares, mas não ação golpista

Senador afirma que conspiração foi ‘tabajara’ e destaca que o Exército agiu dentro da legalidade após derrota de Bolsonaro

Hamilton Mourão (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Em entrevista ao jornal O Globo, o senador e ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), admitiu que houve discussões entre setores das Forças Armadas sobre uma possível ruptura institucional após a derrota de Jair Bolsonaro para Lula em 2022. No entanto, ele descartou qualquer movimentação concreta, classificando a articulação como uma "conspiração tabajara". Segundo Mourão, o Exército se manteve dentro dos parâmetros de legalidade, legitimidade e estabilidade.

“É óbvio que uma reversão de um processo eleitoral na base da força lançaria o país num caos. O Exército agiu dentro desses vetores. Foi a atitude correta do [general] Freire Gomes, não há o que contestar”, afirmou o senador, referindo-se à postura do então comandante da Força diante de apelos golpistas.

◉ ‘Conspiração tabajara’ e o papel do Alto Comando

Mourão destacou que, apesar das conversas sobre um golpe, não houve movimentações práticas que configurassem uma tentativa real de ação. “Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação. Na linguagem militar, definimos como ‘ações táticas’ tudo aquilo que há movimento. Não houve nada disso. Houve pensamento, não passou disso”, explicou.

Ele ressaltou que, para que algo desse tipo fosse concretizado, seria necessário o apoio do Alto Comando, o que não ocorreu. “Golpe não funciona assim. Golpe é como você viu na Síria, na Venezuela, na Turquia. É tropa na rua, é tiro, é bomba”, disse, reforçando que a tentativa não tinha estrutura nem organização para prosperar.

◉ Reuniões no Alvorada e as investigações da PF

Questionado sobre reuniões realizadas no Palácio da Alvorada após o segundo turno das eleições, Mourão negou qualquer participação ou conhecimento dos assuntos tratados. “Eu sabia que havia reuniões, mas desconheço os assuntos. Nunca participei de reunião dessa natureza. Minha agenda é pública, basta consultar”, afirmou.

Mourão também minimizou as suspeitas levantadas pelas investigações da Polícia Federal, que apuram supostos planos para impedir a posse de Lula ou até mesmo atentar contra a vida do presidente e do vice, Geraldo Alckmin. Para ele, as apurações revelam conversas desconexas e sem fundamento. “Essa investigação, que levou praticamente dois anos, é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e de algumas mensagens de e-mails trocados. São coisas surreais, na minha visão.”

◉ Críticas ao governo Bolsonaro e à atuação do STF

Na entrevista, Mourão também comentou os erros do governo Bolsonaro, especialmente durante a pandemia, que teriam contribuído para a derrota eleitoral. “Bolsonaro perdeu mais por idiossincrasias que ocorreram ao longo do mandato do que pelo Lula. A direita tem que se unir. Com união, temos total condição de vencer.”

Sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no impasse das emendas parlamentares, Mourão criticou o avanço da Corte sobre questões que considera exclusivas dos Poderes Executivo e Legislativo. “Sou um crítico de como o Legislativo avançou sobre o orçamento. Outra coisa é o STF interferir em um processo que é entre Legislativo e Executivo”, pontuou.

◉ Desafios para a direita e perspectivas para 2026

Para o senador, a direita enfrenta o desafio de se reorganizar e buscar uma liderança unificada para as próximas eleições. Ele não descartou a possibilidade de Bolsonaro ser o principal nome do campo conservador, caso recupere sua elegibilidade. “Os nomes estão voando, e vai chegar um momento em que será necessária uma junção de forças. O que não pode é nos apresentarmos divididos.”

Mourão encerrou destacando a importância de um debate interno mais coeso e menos polarizado para que a direita tenha chances reais de voltar ao poder em 2026.

Fonte: Brasil 247

Com avanço das investigações do golpe, Frente Ruralista fala em "ações isoladas"

Frente destaca que ações isoladas não devem manchar a imagem do setor e pede rigor nas apurações.

Mauro Cid | Fachada do STF (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado | STF)

Em depoimento à Polícia Federal (PF), colhido no dia 21 de novembro de 2024, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid disse que o general Braga Netto teria recebido dinheiro de empresários do agronegócio e repassado os valores ao major Rafael de Oliveira.

De acordo com a investigação, o montante foi entregue em uma caixa de vinho durante um encontro ocorrido em dezembro de 2022, no Palácio do Planalto ou da Alvorada. A informação consta em um relatório que embasa a prisão do general e aponta seu envolvimento em um plano de atentado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Diante dessa revelação, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que reúne 340 deputados federais e senadores, manifestou neste domingo (15) apoio à condução de uma investigação urgente e rigorosa sobre as suspeitas de que integrantes do agronegócio possam ter financiado uma tentativa de golpe em 2022. A informação foi divulgada em reportagem da Folha de S. Paulo.

A frente parlamentar ruralista ressaltou que atos isolados não podem comprometer a reputação de todo o setor. “É inadmissível que ações isoladas sejam usadas para generalizar e comprometer a imagem de um setor econômico composto por mais de 6 milhões de produtores e que desempenha papel fundamental no desenvolvimento do país”, afirmou o grupo em nota.

A FPA ainda afirma a importância de que as investigações sejam conduzidas “de forma legal, transparente, equilibrada e em estrita observância ao que determina a Constituição Federal”. Também defende que os responsáveis sejam identificados e punidos “com o máximo rigor da lei, independentemente da atividade econômica de eventuais envolvidos”.

Fonte: Brasil 247

"Não basta retórica. Queremos medidas que solucionem problemas reais", diz Stedile sobre política agrária do governo Lula

Apesar da “boa vontade de Lula”, as ações não têm chegado a quem mais precisa, diz Stedile

João Pedro Stedile (Foto: Reprodução/MST)

Principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile voltou a criticar duramente o governo Lula (PT) pela falta de avanços na reforma agrária. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Stedile afirmou que o MST está cansado de promessas repetidas e retórica oficial. “Não bastam mais propaganda, retórica, eventos e atos no Palácio. Nós queremos medidas concretas que solucionem problemas reais”, desabafou.

Stedile demonstrou ceticismo quanto ao pacote de medidas prometido pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), previsto para o fim deste ano. O plano inclui desapropriações, compras e transferências de terras de grandes devedores da União, além de recursos para assistência técnica a assentados. “Faz dois anos que eles falam em ‘pacotes’. Anunciaram a tal ‘prateleira de terras’ e tantas outras promessas embaladas como presente de Natal”, criticou.

◉ Sem projeto de país e políticas públicas insuficientes - Na avaliação de Stedile, a falta de um projeto integrado de governo prejudica a execução de políticas públicas voltadas para a população mais pobre, incluindo trabalhadores rurais. Ele destacou que, apesar da “boa vontade de Lula”, as ações não têm chegado a quem mais precisa. “As políticas públicas não estão chegando nos mais pobres, das periferias e do campo”, disse.

Stedile alertou para a ausência de políticas estruturantes que enfrentem a pobreza rural e garantam emprego e renda. Ele mencionou os 4 milhões de camponeses mais pobres, que ainda não receberam apoio concreto. “Precisamos coordenar medidas que alcancem, de fato, os 70 milhões de trabalhadores na informalidade, criando programas de emprego e renda com base na reindustrialização do país".

◉ Gestão falha e falta de recursos - As críticas mais contundentes foram direcionadas ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Para Stedile, a gestão dessas entidades é “no mínimo, vergonhosa”, devido à ausência de desapropriações e à paralisação de projetos essenciais, como o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater).

Segundo o líder do MST, 72 mil famílias seguem acampadas há anos, aguardando terras prometidas. “Temos 70 turmas de curso superior do Pronera que custam R$ 100 milhões e o governo não consegue atender”, exemplificou. Ele também lamentou a falta de recursos para habitação e a execução do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), considerado insuficiente.

◉ Promessas não cumpridas e falta de diálogo direto - Stedile insinuou que ministros do governo Lula não estão sendo transparentes com o presidente sobre a realidade no campo. Ele mencionou uma reunião marcada com Lula para revisar os acordos estabelecidos em agosto, quando esperavam soluções mais concretas. “A impressão que temos é que, em geral, os ministros não falam a verdade para o presidente".

Mesmo diante das promessas do ministro Paulo Teixeira, Stedile vê pouco motivo para esperança. Ele citou como exemplo o anúncio de um curso de Administração Rural pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), feito há seis meses, mas que até agora não recebeu nenhum recurso para ser iniciado.

O MST, que desempenhou papel importante na eleição de Lula ao liderar mobilizações para derrotar a extrema-direita, agora cobra resultados. Para o movimento, a reforma agrária não pode ser postergada nem se limitar a anúncios simbólicos. “Os problemas, quando não resolvidos, só se agravam".

Fonte: Brasil 247

Paulo Betti defende maior debate político em novelas e recorda militância em apoio a Lula em 1989

Segundo o ator, as novelas atuais estão desconectadas da realidade social

Ator Paulo Betti (Foto: Divulgação)

O ator Paulo Betti afirmou, em entrevista ao F5, que as novelas de hoje deveriam falar mais sobre política. Betti, que ficou marcado pelo papel de Timóteo na novela Tieta — sucesso da década de 1980 que retornou ao Vale a Pena Ver de Novo —, fez questão de abordar a importância da política no contexto das produções televisivas brasileiras.

“Foi certamente o meu personagem mais popular. Então, fico feliz de revê-lo. Fico estimulado a relembrar o momento político que atravessávamos enquanto fazíamos ‘Tieta’”, afirmou Betti. A novela foi exibida no mesmo período em que o Brasil realizou sua primeira eleição direta após 25 anos de ditadura militar, elegendo Fernando Collor como presidente. Para Betti, o cenário político da época influenciou o próprio clima da produção.

O ator explicou como a atmosfera dos bastidores, com nomes como Armando Bógus, Betty Faria e José Mayer, refletia um ambiente de efervescência política. “Você tinha uma sensação de mais liberdade nos bastidores, algo que acabava se transpondo para a novela”, lembrou. Betti reforçou a relação com esse período como uma experiência de militância orgânica, destacando seu apoio a Lula (PT) nas eleições de 1989. “Você vê a minha família, minhas irmãs, trabalhando na fábrica. O Lula era o cara que trabalhava na fábrica. Eu sabia o que era o torno, o que era um serrote, um martelo, uma plena, uma chave de fenda. Eu estava organicamente empenhado na vitória do Lula”, afirmou.

Mais de 30 anos depois, Betti segue ativo em sua missão política. Ele revelou sua experiência durante as últimas campanhas, afirmando ter feito “400 chamadas de 30 segundos personalizadas para vereadores e prefeitos progressistas em todo o Brasil”. Segundo ele, essas ações têm um custo alto, mas são essenciais para fortalecer suas convicções. “Pago caro por isso. Sou bloqueado em alguns lugares”, revelou, demonstrando as dificuldades que enfrenta em sua atuação política.

Segundo Betti, nas novelas atuais, existe uma distância preocupante entre a realidade social e o conteúdo exibido nas novelas. “A TV brasileira devia falar mais próximo da realidade. Por exemplo, assistindo a uma novela das nove, você não tem um momento em que alguém no bar está discutindo política, mencionando Lula, Bolsonaro ou [Arthur] Lira. Seria interessante se houvesse a citação nominal de personagens”, afirmou.

Fonte: Brasil 247 com informação da coluna F5, da Folha de S. Paulo

Família de Gugu encerra disputa judicial por herança de R$ 1,4 bilhão

Após cinco anos de batalhas legais, bens são divididos entre filhos e sobrinhos do apresentador; mãe dos filhos, Rose Miriam, renunciou à ação judicial

Gugu Liberato (Foto: Divulgação)

Cinco anos após a morte do apresentador Gugu Liberato, sua família chegou a um acordo sobre a divisão de sua herança, avaliada em R$ 1,4 bilhão. A informação foi divulgada pelo programa Fantástico, da Rede Globo. O desfecho encerra uma prolongada disputa judicial que expôs a vida privada do apresentador e dividiu seus familiares.

Gugu faleceu em novembro de 2019, vítima de um acidente doméstico em sua casa em Orlando, nos Estados Unidos. Seu testamento destinava 75% do patrimônio aos seus três filhos: João Augusto, então com 18 anos, e as gêmeas Sofia e Marina, de 16 anos. Os 25% restantes foram deixados para seus cinco sobrinhos, cabendo à irmã de Gugu, Aparecida Liberato, a função de inventariante.

No entanto, a ausência de Rose Miriam di Matteo, mãe dos três filhos de Gugu, no testamento deu início a uma batalha judicial. Rose buscava o reconhecimento de uma união estável com o apresentador, o que lhe garantiria metade dos bens.

A situação se complicou ainda mais quando o chef de cozinha Thiago Salvático também entrou com uma ação alegando união estável com Gugu, mas posteriormente desistiu do processo, voltando a apresentar nova ação anos depois.

“Achava que tudo seria muito tranquilo, que a gente ia fazer a divisão dos bens conversando (...) a família ficou meio dividida na época. Eu tinha opiniões diferentes das minhas irmãs e da minha mãe, e ficou um clima ruim, né”, disse João Augusto, filho mais velho do apresentador.

Em agosto de 2024, Rose Miriam desistiu da ação, afirmando que não precisava provar nada a ninguém sobre sua relação com Gugu. A partir dessa decisão, a divisão dos bens foi realizada conforme o que estava previsto no testamento.

“Foi muito difícil. Meu pai era uma pessoa super discreta, ele não se envolvia em polêmicas e foi muito triste para mim ver tudo aquilo saindo na mídia”, lamentou João Augusto.

Aparecida Liberato, que poderia receber até 5% do valor total por seu papel como inventariante, abriu mão da quantia, justificando sua decisão como um gesto de amor e lealdade ao irmão.

“Eu espero que daqui pra frente a gente possa voltar a ser uma família 100% unida”, finalizou João Augusto.

Fonte: Brasil 247 com informações divulgadas pelo Fantástico da Rede Globo

Processo contra militares por tentativa de golpe sob Bolsonaro pode acabar com décadas de impunidade

Antes de Braga Netto, historiadores militares citam apenas dois generais de alta patente presos por interferirem na sucessão presidencial, em 1920 e 1960

Ministro Braga Netto e as Forças Armadas (Foto: Alan Santos/PR | Marcos Corrêa/PR)

Reuters - A prisão de um general de quatro estrelas no fim de semana mostra que a Justiça brasileira está pronta para jogar duro com os acusados de conspirar para anular violentamente o resultado da eleição de 2022, rompendo com a impunidade que marcou quase um século de golpes militares.

O ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto foi preso no sábado por suposta interferência na investigação de um plano de golpe organizado com o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu companheiro de chapa nas eleições de 2022.

No mês passado, a Polícia Federal acusou eles e mais de duas dezenas de oficiais militares da ativa e da reserva de participarem do complô golpista, incluindo um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes que ele tomasse posse.

Advogados de Bolsonaro e Braga Netto negam que eles tenham participado da suposta conspiração golpista.

A prisão preventiva e o indiciamento contra altos escalões militares sugerem que eles podem não usufruir da anistia tradicional concedida aos membros das Forças Armadas brasileiras em suas intervenções políticas que marcaram o século 20.

Também pode ser um teste para o relacionamento tenso de Lula com os militares.

Antes de Braga Netto, historiadores militares citam apenas dois generais de alta patente presos por interferirem na sucessão presidencial, nas décadas de 1920 e 1960.

Ao contrário da Argentina e do Chile, onde as Forças Armadas também derrubaram governos eleitos para instalar ditaduras sangrentas durante a Guerra Fria, o Brasil nunca puniu os líderes de seu regime militar (1964 a 1985).

Devido a uma lei de 1979 que perdoava os crimes do governo militar, os tribunais brasileiros praticamente ignoraram as evidências públicas de que a ditadura torturou milhares de pessoas e matou centenas, de acordo com um relatório de 2014 do governo federal.

"Porque não foi punido, porque a história não foi contada, ela está aí, como um ovo de serpente", disse Eliana Pintor, de 62 anos, uma das centenas de manifestantes que se reuniram sob chuva em São Paulo, na semana passada, para exigir que Bolsonaro e seus cúmplices sejam levados a julgamento.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deve decidir no ano que vem se apresentará denúncia contra Bolsonaro e os demais indiciados, que negam qualquer irregularidade e consideram a investigação politicamente motivada e legalmente suspeita.

Aliados de Bolsonaro no Congresso estão promovendo um projeto de lei que concede anistia ao ex-presidente e seus apoiadores que enfrentam riscos legais por invadirem e depredarem as sedes dos Três Poderes em Brasília em janeiro de 2023 durante um protesto pedindo que os militares derrubassem o governo Lula.

Embora esse projeto de lei atualmente enfrente obstáculos políticos e legais, o sistema judiciário brasileiro, muitas vezes lento, pode levar anos para punir Bolsonaro e outros alvos da investigação da Polícia Federal concluída no mês passado.

Uma pesquisa divulgada na sexta-feira mostrou que 51% dos brasileiros acreditam que Bolsonaro e oficiais militares tentaram um golpe para bloquear a Presidência de Lula. Mas a pesquisa Genial/Quaest descobriu que 38% discordavam -- ressaltando as profundas divisões políticas que poderiam eventualmente descarrilar o indiciamento.

Ainda assim, até mesmo a perspectiva de supostos generais golpistas serem julgados quebraria o precedente no Brasil.

"Essa é uma grande novidade e um grande desafio para o funcionamento da Justiça brasileira", disse Paulo Abrão, diretor executivo do Washington Brazil Office, um centro de estudo progressista que trabalhou na responsabilização por crimes durante a ditadura.

Abrão disse que os esforços para processar altos oficiais militares no Brasil há muito enfrentam resistência daqueles que temem que tal medida "desestabilize a democracia".

TESTE PARA AS RELAÇÕES - Para Lula, que entrou na política como líder sindical organizando greves contra o governo militar na década de 1970 e cujos aliados incluem ex-membros da resistência armada ao regime, um julgamento pode testar sua delicada relação com os militares.

O ministro da Defesa, José Múcio, ressaltou em declaração à Reuters que as evidências apresentadas pela Polícia Federal apontam para atos de indivíduos, não da instituição Forças Armadas.

Essa opinião é amplamente compartilhada nas Forças Armadas, de acordo com três oficiais superiores, que falaram sob condição de anonimato.

Ainda assim, deixando de lado a ideologia, interesses materiais pesam nas relações entre os militares e o governo Lula.

No governo Bolsonaro, oficiais militares ocuparam cargos de poder como nunca se viu desde o fim da ditadura. Milhares assumiram empregos bem pagos no governo federal e vários serviram como ministros de Estado.

Carlos Fico, historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que a suposta tentativa de golpe pode ter sido menos motivada por ideologia do que por interesses em privilégios particulares.

"A motivação agora é menos ideológica e doutrinária e mais no sentido deles manterem uma série de privilégios, cargos, a previdência especial que os militares têm no Brasil", disse.

O próprio Bolsonaro surgiu na cena pública no final da década de 1980, logo após o fim do governo militar no Brasil, como capitão do Exército, exigindo maiores salários para os soldados e defendendo os interesses das bases militares.

Esses benefícios agora estão sob pressão, já que o governo Lula busca maneiras de reduzir os gastos com salários e pensões, incluindo uma proposta para aumentar a idade mínima de aposentadoria de oficiais militares para 55 anos.

Duas pessoas envolvidas nas discussões disseram que as Forças Armadas foram mais resistentes do que outras áreas do governo federal que também enfrentam cortes propostos.

No entanto, as ramificações políticas são secundárias para muitos brasileiros que esperaram pela maior parte de suas vidas para ver militares responsabilizados por seus crimes.

Victoria Grabois, uma ativista de direitos humanos de 81 anos, perdeu marido, pai e irmão em 1973 devido à oposição deles à ditadura. Seus esforços para levar os assassinos à Justiça foram infrutíferos.

"Nunca ninguém sentou nos bancos dos réus", disse.

Embora os militares acusados no mês passado de conspirar para anular as eleições de 2022 não tenham nada a ver com os crimes contra sua família, Grabois disse que está esperançosa com a perspectiva de responsabilização.

"Talvez isso freie essa gana golpista que esses militares têm", disse ela.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

Lula planeja reunião ministerial para sexta-feira, desde que sua recuperação siga conforme o esperado

Encontro servirá para uma avaliação do desempenho do governo ao longo de 2024

(Foto: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve realizar uma reunião ministerial de fim de ano nesta sexta-feira (20), no Palácio da Alvorada, informa o jornalista Lauro Jardim em sua coluna no jornal O Globo. O encontro servirá para uma avaliação do desempenho do governo ao longo de 2024. No entanto, a realização da reunião depende diretamente de sua recuperação, conforme o combinado entre Lula e sua equipe médica.

Após receber alta no último domingo (15), Lula passou a noite em sua residência, localizada no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo. No momento, ele não está acompanhado de médicos ou enfermeiros, mas é cuidado por sua esposa, Janja, além de empregados e seguranças.

Na quinta-feira (19), o presidente passará por uma tomografia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Caso os resultados sejam favoráveis, Lula seguirá para Brasília ainda no mesmo dia para confirmar a agenda e participar da reunião ministerial.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo