A Polícia Federal atribui à família do garimpeiro Rodrigo Martins de Mello, conhecido como Rodrigo Cataratas, um papel central na fuga e manutenção clandestina do ex-deputado federal Alexandre Ramagem nos Estados Unidos. Segundo a investigação, Cataratas, a esposa Priscila de Mello e o filho Celso Rodrigo de Mello viabilizaram a estadia de Ramagem em um condomínio de luxo em Miami, na Flórida, e ainda o auxiliaram na obtenção de documentos falsos para permanecer no país.
As conclusões constam em trechos citados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão que negou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a transferência para prisão domiciliar. De acordo com a PF, os documentos fraudulentos teriam como objetivo “ludibriar as autoridades dos Estados Unidos” e permitir que Ramagem obtivesse uma carteira de motorista, o que facilitaria sua permanência no exterior.
“No caso em análise, verifica-se que os investigados RODRIGO MARTINS DE MELLO, PRISCILA FREITAS DE MELO e CELSO RODRIGO DE MELLO desempenham papel de protagonismo na manutenção clandestina de ALEXANDRE RAMAGEM em Miami/EUA, porquanto estão viabilizando a sua moradia em condomínio luxo, além de estarem auxiliando o foragido a ludibriar as autoridades americanas com documentos falsos a fim de obter a chamada driver license (carteira de motorista)”, afirma a Polícia Federal no trecho reproduzido por Moraes.
Para os investigadores, a conduta indica “claro intuito de financiar a organização criminosa” investigada no inquérito da trama golpista.
Ao Globo, o advogado Jeffrey Chiquini, que representa Cataratas, afirmou que a defesa só irá se manifestar após ter acesso integral aos autos.

No último fim de semana, Celso Rodrigo de Mello foi preso em Manaus por determinação de Moraes, no âmbito da mesma investigação. Semanas antes, Cataratas havia se pronunciado nas redes sociais após surgirem informações de que teria ajudado Ramagem a deixar o país.
“(Ramagem) tem vários amigos em Roraima, e eu também sou amigo dele, certo? Ele é deputado federal, pessoal. Quando ele esteve em Roraima pela última vez não existia nenhuma condenação contra ele. Então, essa narrativa de fuga, isso é uma narrativa falaciosa, justamente para manter uma perseguição”, disse. Em seguida, acrescentou: “Todos aqui somos de direita e somos perseguidos”.
No vídeo, o garimpeiro afirmou que só tomou conhecimento da condenação de Ramagem pelas redes sociais, quando o ex-parlamentar já estava fora do Brasil. Em março, Cataratas publicou uma foto ao lado de Ramagem em Boa Vista.
“Tive a honra de receber em Boa Vista o deputado federal Alexandre Ramagem, grande aliado do presidente Jair Bolsonaro e defensor incansável da liberdade e da soberania nacional”, escreveu na ocasião.
A PF também apurou que Ramagem passou pela Guiana antes de chegar aos Estados Unidos, rota na qual Cataratas mantém negócios. Segundo a investigação, a entrada no país vizinho ocorreu pelo município de Bonfim, na fronteira com Lethem.
Atualmente, Rodrigo Cataratas é pré-candidato ao Senado pelo PRD. Em 2022, disputou uma vaga na Câmara pelo PL e declarou manter R$ 4,5 milhões em dinheiro vivo. Seu patrimônio declarado inclui aeronaves, veículos e mais de R$ 33 milhões.
Ele também responde a ações judiciais por suspeita de envolvimento com garimpo ilegal e ataques a estruturas do Ibama e da Polícia Federal. O filho Celso já havia sido preso em 2022 por suspeita de exploração ilegal de ouro em terra indígena, mas acabou solto dias depois.
Fonte: DCM
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