segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Brasil produz mais de 11% do volume mundial de carnes

Consumo interno representa apenas 7,7%, criando margem para avanço no mercado externo

       Pedaços de carne em açougue no Rio de Janeiro 26/11/2024 (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

O Brasil vem ampliando de forma acelerada sua presença no mercado global de carnes, impulsionado por ganhos expressivos de produtividade, crescimento do consumo interno e, sobretudo, pela expansão das exportações. O ritmo surpreendeu analistas e agentes do setor ao longo de 2025, consolidando o país como um dos principais fornecedores mundiais de proteínas animais.

De acordo com a Folha de São Paulo, com base em dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), o Brasil ultrapassou os Estados Unidos na produção de carne bovina antes do prazo inicialmente previsto, que era de dois anos. A antecipação reflete a intensidade do avanço produtivo no país, sustentado por melhorias tecnológicas e pela forte demanda doméstica e internacional.

A produção brasileira de carnes bovina, suína e de frango deve alcançar 32,5 milhões de toneladas em 2025, segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), volume 23% superior ao registrado em 2018. O próprio Usda trabalha com estimativa semelhante. Esse crescimento ocorre tanto pelo aumento do consumo no mercado interno quanto pelo desempenho das exportações, que ganharam peso estratégico na última década.

No consumo doméstico, o frango lidera com folga. Cada brasileiro consome, em média, 45,5 quilos por ano, alta de 8,1% em relação a 2017, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O consumo de carne suína avançou ainda mais, chegando a 18,6 quilos por pessoa, um crescimento de 26,5% no mesmo período. Já a carne bovina mantém estabilidade, em torno de 30 quilos anuais, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).

O salto da produção está diretamente associado ao aumento da produtividade. Em 2020, o peso médio da carcaça bovina era de 262 quilos por animal. Em setembro deste ano, esse indicador atingiu 303 quilos pela primeira vez, com a produção mensal superando 1 milhão de toneladas, conforme levantamento da consultoria Athenagro. Na suinocultura, a carcaça média passou de 90,7 quilos para 94,2 quilos, enquanto o peso médio do frango chegou a 2,1 quilos por ave, segundo o IBGE.

Apesar da evolução interna, foi o mercado externo que se consolidou como principal motor desse crescimento. A partir de 2017, a combinação de urbanização e aumento de renda em diversos países elevou de forma significativa a demanda global por proteína animal. Ao mesmo tempo, grandes produtores enfrentaram crises sanitárias, como surtos de doenças em rebanhos, cenário que não se repetiu no Brasil, favorecendo a expansão das exportações nacionais.

A China teve papel central nesse processo. Em 2015, o Brasil exportou 406 mil toneladas de carnes bovina, suína e de frango para o mercado chinês. Em 2025, até novembro, esse volume já alcança 1,9 milhão de toneladas. A carne de frango ganhou espaço durante o período mais crítico da gripe aviária no país asiático, enquanto a suína avançou no contexto da peste suína africana. A carne bovina, por sua vez, passou a integrar de forma crescente a dieta de uma população em ascensão social.

Atualmente, o Brasil responde por 11% das 287 milhões de toneladas da produção mundial dessas três proteínas, enquanto o consumo interno representa apenas 7,7% do total global. Essa diferença garante margem confortável para o avanço das exportações. A China, sozinha, importa 16% de todo o volume comercializado no mundo, estimado em 32,7 milhões de toneladas.

Os números ilustram a dimensão desse crescimento. Em relação a 2017, as exportações brasileiras de carne suína para a China saltaram de 49 mil toneladas para 533 mil em 2021. As de frango avançaram de 391 mil para 672 mil toneladas em 2020. Já a carne bovina teve o movimento mais expressivo, passando de 211 mil toneladas para 1,5 milhão em 2025.

Esse cenário de forte demanda internacional também teve reflexos nos preços internos. Desde o início de 2019, a inflação acumulada da carne bovina no Brasil chegou a 95%. No mesmo período, os preços do frango subiram 94% e os da carne suína, 93%, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Para efeito de comparação, a inflação geral foi de 46%, enquanto a de alimentos atingiu 76%.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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