segunda-feira, 11 de agosto de 2025

‘Bolsonaro sempre quis se manter no governo’ após derrota, disse assessor de Braga Netto em anotação


Coronel Flávio Peregrino era assessor do general Walter Braga Netto Foto: Reprodução

Mensagens, anotações e documentos obtidos pela Polícia Federal (PF) no celular do coronel da reserva do Exército Flávio Peregrino, assessor do general Walter Braga Netto, revelam que Jair Bolsonaro (PL) tinha a intenção de permanecer no poder mesmo após ser derrotado nas eleições de 2022, conforme informações do Estadão.

Em um dos registros, Peregrino escreveu que “sempre foi a intenção dele” seguir no cargo e que os militares tentaram ajudá-lo a alcançar esse objetivo. O material reforça as acusações contra o ex-presidente, que serão analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As anotações mostram o incômodo dos militares com a estratégia de defesa de Bolsonaro, que buscava atribuir a eles a responsabilidade pelas articulações golpistas.

“Oportunismo e o que mostra que tudo será feito para livrar a cabeça do B [Bolsonaro]. Estão colocando o projeto político dele acima das amizades e da lealdade que um Gen H [Heleno] sempre demonstrou ao B [Bolsonaro]”, registrou Peregrino.

Ele afirmou ainda que a versão de que o ex-presidente teria resistido a pressões “não correspondia aos fatos presenciados” por advogados, aliados e militares envolvidos nas ações de novembro e dezembro de 2022.

O general Walter Braga Netto e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Segundo o coronel, a “posição de muitos envolvidos (indiciados) é que buscaram sempre soluções jurídicas e constitucionais (Estado de Defesa e de Sítio, GLO e artigo 142). Tudo isso para achar uma solução e ajudar o Pres. B [presidente Bolsonaro] a se manter no governo (pois SEMPRE foi a INTENÇÃO dele), em função de suspeitas de parcialidade no processo eleitoral e desconfiança nas urnas eletrônicas”.

Ele também apontou que a defesa tentava sustentar que o golpe não ocorreu porque Bolsonaro teria escolhido não levar adiante nenhum plano.

Peregrino expressou indignação com a tentativa de Bolsonaro de se distanciar das ações. “Deixar colocarem a culpa nos militares que circundavam o poder no Planalto é uma falta total de gratidão do B [Bolsonaro] àqueles poucos, civis e militares, que não traíram ou abandonaram o Pres. B [Bolsonaro] após os resultados do 2º turno das eleições”, escreveu.

Ele também fez uma autocrítica, dizendo que “os militares erraram todos” por não desmobilizar acampamentos e não convencer Bolsonaro a desistir da permanência no poder.

Em mensagens enviadas a si mesmo no WhatsApp, o coronel escreveu “negação, embaixada, prisão…” para resumir sua insatisfação com a tentativa de culpar os militares.

Mais tarde, em 2 de dezembro de 2024, sobre o mesmo assunto, afirmou que as ações demonstravam “desorientação” e “falta de coerência”, acrescentando que Bolsonaro estaria “forçando” uma prisão para sustentar a tese de que era perseguido pelo STF.

Nove meses depois, no último dia 4 de agosto, Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro após o descumprimento de medidas cautelares fixadas por ele.

Fonte: DCM com informações do Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário