terça-feira, 15 de julho de 2025

Sem saída, Bolsonaro aposta no tarifaço de Trump para tentar escapar de condenação

Aliados dizem que ex-mandatário “se agarrou” à taxação como última chance, já prevendo pedido de prisão por tentativa de golpe

       Jair Bolsonaro e Donald Trump (Foto: Alan Santos - PR)

Aliados próximos de Jair Bolsonaro (PL) veem na taxação imposta por Donald Trump uma tentativa desesperada do ex-presidente de escapar de sua iminente condenação por tentativa de golpe de Estado. Segundo a coluna da jornalista Jussara Soares, da CNN Brasil, Bolsonaro avaliou que o tarifaço de 50% anunciado por Trump contra produtos brasileiros poderia servir como uma espécie de “tábua de salvação”, especialmente às vésperas da apresentação das alegações finais do procurador-geral da República, Paulo Gonet — o que de fato ocorreu no final da noite desta segunda-feira (14).

Mesmo ciente do desgaste político que a medida poderia provocar, Bolsonaro preferiu atrelar a defesa da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro à reversão da taxação, ignorando alertas de que essa estratégia causaria forte reação do agronegócio e de setores produtivos que compõem sua base de apoio.

Conforme fontes ouvidas pela reportagem sob condição de anonimato, Bolsonaro já dava como certa a manifestação da PGR pedindo sua condenação. Para essas pessoas, ele também não tem dúvidas de que será preso em breve. O julgamento do chamado "núcleo crucial" da tentativa de golpe está previsto para ocorrer já em setembro.

Diante desse cenário, interlocutores descrevem o ex-mandatário como alguém em “desespero” e “sem saída”, vendo na taxação anunciada por Trump — a quem costuma se referir como “o homem mais importante do mundo” — uma última oportunidade de se livrar da condenação.

A medida foi formalizada por Trump em uma carta dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), divulgada em 9 de julho nas redes sociais. Apenas cinco dias depois, Paulo Gonet reforçou em sua peça final que Bolsonaro teve papel central na trama golpista, com atos que começaram em 2021 e culminaram nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

Ao anunciar o tarifaço, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mencionou diretamente o julgamento de Bolsonaro, classificando-o como uma “vergonha internacional” e parte de uma “caça às bruxas”. A embaixada dos Estados Unidos no Brasil endossou o discurso, publicando dois posicionamentos: um no dia da carta e outro nesta segunda-feira (11), nos quais defende Bolsonaro com veemência.

“Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas ao Supremo Tribunal de Moraes e ao governo Lula, em resposta aos ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio dos EUA. Esses ataques são vergonhosos e desrespeitam as tradições democráticas do Brasil. As declarações do presidente Trump são claras. Estamos acompanhando de perto a situação”, afirmou o perfil oficial da embaixada nas redes.

A vinculação entre o tarifaço e a anistia divide o entorno bolsonarista. Um grupo avalia que Bolsonaro, ao condicionar o fim da sobretaxa à absolvição dos envolvidos na tentativa de golpe, reforça a narrativa do governo Lula e da esquerda de que ele atua exclusivamente em benefício próprio.

Outra ala, no entanto, encabeçada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), defende abertamente que o tarifaço só deve ser revogado após a concessão de uma “anistia ampla, geral e irrestrita”.

Ainda conforme a reportagem, do lado do governo brasileiro, a avaliação é de que qualquer tentativa de incluir as questões judiciais de Bolsonaro nas negociações comerciais com os Estados Unidos representa uma “capitulação inaceitável”. Segundo fontes ouvidas pela CNN, essa postura equivaleria a uma “rendição”, que implicaria “descer a rampa do Planalto”.

A leitura do governo é clara: a taxação anunciada por Trump no último dia 9 teve como objetivo exclusivo favorecer Bolsonaro e forçar um recuo institucional em relação ao processo por tentativa de golpe de Estado.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

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