quarta-feira, 15 de maio de 2024

Embaixadora americana vê Lula como 'líder do Sul Global' e alerta para supostos riscos da relação com a China

 

Elizabeth Bagley diz que EUA comprarão minerais estratégicos do Brasil e aponta papel central de Lula na transição da Venezuela

Apresentação de credências da embaixadora dos Estados Unidos da América no Brasil, Elizabeth Bagley
Apresentação de credências da embaixadora dos Estados Unidos da América no Brasil, Elizabeth Bagley (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

 Os Estados Unidos vão anunciar uma integração na cadeia de suprimentos de minerais críticos do Brasil e na transição energética, afirmou a embaixadora americana Elizabeth Bagley em entrevista à Folha de S. Paulo. Minerais como nióbio, grafite (grafeno), níquel e terras raras, essenciais para equipamentos de alta tecnologia, serão foco dessa iniciativa. O anúncio, planejado para coincidir com a presidência do Brasil no G20, pode aumentar as tensões com a China, que compete com os EUA pelo fornecimento desses recursos.

A embaixadora destacou o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na diplomacia, tanto regional quanto global, especialmente durante o bicentenário das relações bilaterais entre Brasil e EUA. "Vemos Lula como um líder importante do Sul Global", declarou Bagley. Ela também mencionou o apoio dos EUA à integridade das eleições brasileiras de 2022, com visitas do conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, e do secretário de Defesa, Lloyd Austin, para garantir a participação democrática das instituições brasileiras.

Bagley afirmou que o Brasil é parte dos esforços americanos de nearshoring, que busca utilizar fornecedores de países aliados ou geograficamente próximos. "Fernando Haddad e Janet Yellen têm discutido intensamente sobre minerais críticos", revelou a embaixadora, acrescentando que se reuniu com ministros brasileiros para debater a transição energética e a cadeia de suprimentos desses minerais.

Apesar de o Brasil ainda não fazer parte da Parceria para Infraestrutura e Investimento Global, Bagley indicou que há negociações em andamento com o Departamento de Estado e do Tesouro dos EUA. Enquanto isso, a China tenta atrair o Brasil para a Iniciativa Cinturão e Rota. "Nosso investimento direto estrangeiro no Brasil é enorme e continuará a crescer", disse ela, comparando os US$ 192 bilhões investidos pelos EUA com os US$ 30 bilhões da China.

A expansão do Brics também foi abordada. Bagley comentou que é difícil prever os objetivos do bloco, mas enfatizou que os EUA não veem o Brics como concorrente. Em relação à tecnologia, expressou preocupações sobre a presença de empresas chinesas como Huawei e TikTok no Brasil, alertando para questões de segurança e privacidade. "Negociem com cuidado e com os olhos abertos", aconselhou.

Bagley também mencionou a contribuição prometida pelos EUA ao Fundo Amazônia e discutiu temas internacionais como Gaza e Ucrânia. Ela destacou o papel do Brasil na pressão por eleições livres na Venezuela e na gestão da crise na Guiana. "O presidente Lula tem uma influência significativa sobre Maduro e tem pressionado por eleições justas", afirmou a embaixadora.

Fonte: Brasil 247 com Folha de S. Paulo

 

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